Atualizado: 12/1/2012  3:04
Documento da Rio +20 reitera compromissos
Lançado anteontem à noite em Nova York, o 'rascunho zero' da  Rio + 20 compila as 677 contribuições dos Estados-membros das Nações Unidas, da  sociedade civil e de outras instituições para a conferência da ONU que acontece  no Rio de Janeiro entre 20 e 22 de junho. O rascunho representa os pontos sobre  os quais houve certo consenso e é a base do documento final que deverá sair da  conferência.
'O documento final esperado na Rio+20 é a negociação, linha por  linha, desse rascunho', explica Giancarlo Summa, diretor do Centro de  Informações da ONU no Brasil.
O 'zero draft', como é chamado, lista 15 áreas prioritárias  para a ação em busca do desenvolvimento sustentável por meio da chamada economia  verde: segurança alimentar; água; energia; cidades; empregos verdes e inclusão  social; mares e oceanos; desastres naturais; mudanças climáticas; florestas e  biodiversidade; degradação territorial e desertificação; montanhas; químicos e  resíduos sólidos, educação, igualdade de gêneros e, por fim, consumo e produção  sustentáveis.
'A Rio+20 é não é uma conferência sobre meio ambiente, mas sim  sobre economia. O assunto prioritário não é biodiversidade, nem mudança  climática. A questão é garantir a sobrevivência digna dos 7 bilhões de pessoas  do planeta sem agredir o meio ambiente', resume Summa.
Para Aron Belinky, coordenador de processos internacionais do  Instituto Vitae Civilis, a amplitude temática do encontro reflete boa parte da  agenda da sociedade civil. 'Chamo a Rio+20 de uma conferência sobre  convergência. É crucial que estejamos discutindo vários temas que se  entrecruzam, mas notei, no documento, exceções importantes, como a questão do  combate à desigualdade social.'
Belinky afirma que os termos 'erradicação da pobreza' e  'combate à desigualdade' não são sinônimos.
'O foco no combate à pobreza pressupõe que dá para todo mundo  ser rico sem abrir mão de nada, e sabemos que isso não é verdade', diz Belinky.  'O documento tem uma mensagem implícita: de que as soluções tecnológicas para  melhorar a eficiência do uso dos recursos naturais, aliada ao combate ao  desperdício, serão suficientes para que todos tenham um padrão 'ocidental' de  vida. Achamos que isso está errado', resume Belinky.
Super agência. Uma das discussões em pauta no documento é a  criação de uma super agência específica da ONU para o Meio Ambiente.
'O Pnuma foi criado há 40 anos, na conferência de Estocolmo.  Alguns setores acham que ele não dá mais conta das demandas ambientais mundiais.  Até porque, a questão ambiental passou a ser parte da agenda política global',  afirma Giancarlo Summa.
A decisão acerca da nova instituição deverá sair da  conferência no Rio.
Economia verde. Segundo Summa, metas a respeito da economia  verde ainda são uma incógnita, sobretudo em tempos de crise econômica.
'Quando se decidiu fazer a conferência, a crise econômica  ainda não havia pipocado. Hoje, o mar não está muito para peixe. Os países ricos  estão mais reticentes, há menos dinheiro e menos disponibilidade de colocar a  mão na carteira', diz Summa.
Ele afirma que há uma grande preocupação dos países em  desenvolvimento em evitar que a discussão sobre economia verde seja utilizada  pelos países desenvolvidos para criar novas barreiras comerciais ou impor novas  condições para ajuda internacional.
 
