segunda-feira, 28 de março de 2011

Ameaça invisível: Radiatividade crescente prejudica resgate de usina no Japão e contamina o solo...

Radiatividade crescente prejudica resgate de usina no Japão

27 de março de 2011
10h 27

 
Autoria: SHINICHIRO SAOSHIRO E TAIGA URANAKA - REUTERS
 




Operários foram retirados no domingo do prédio de um reator da usina nuclear japonesa danificada por um terremoto, depois de níveis potencialmente letais de radiação terem sido detectados na água do reator. É um revés importante no esforço para evitar um derretimento nuclear catastrófico.





A operadora da usina disse que a radiação presente na água do reator N 2 chegou a mais de 1.000 milisieverts por hora, a leitura mais alta feita até agora na crise desencadeada pelo terremoto e tsunami maciços de 11 de março.





O nível de radiação considerada segura no país é de 250 milisieverts ao longo de um ano. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA diz que uma única dose de 1.000 milisieverts é o bastante para provocar hemorragia.





"A situação é grave. Eles precisam bombear essa água presente no chão para fora, precisam livrar-se dela para reduzir a radiação. E é virtualmente impossível trabalhar - uma pessoa só pode ficar lá por alguns minutos," disse Robert Finck, especialista em proteção contra radiação junto à Autoridade Sueca de Segurança de Radiação.





"É impossível dizer quanto tempo levará para eles consigam gradualmente controlar a situação."





O governo japonês disse que a situação geral continua sem mudanças na usina, situada 240 quilômetros ao norte de Tóquio.





"Já antecipávamos enfrentar dificuldades imprevistas, e este acúmulo de água com alto grau de radiatividade é um exemplo disso," disse em briefing à imprensa o secretário-chefe do gabinete, Yukio Edano.





Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse que a emergência nuclear pode prolongar-se por semanas, senão meses. "Este é um acidente muito grave, segundo todos os critérios," ele disse ao New York Times. "E ainda não terminou."





Dois dos seis reatores da usina já são vistos como estando seguros, mas os outros quatro estão voláteis, ocasionalmente emitindo fumaça e vapor.





Em Chernobyl, na Ucrânia, um quarto de século atrás - onde ocorreu o pior acidente nuclear do mundo - levaram-se semanas para estabilizar o que restou do reator que explodiu e meses para limpar os materiais radiativos e recobrir o local com um sarcófago de concreto e aço.





Engenheiros da Tokyo Electric Power Company (Tepco) vêm trabalhando 24 horas por dia para estabilizar a usina de Fukushima Daiichi desde que o terremoto e tsunami de 11 de março destruíram o sistema elétrico de back-up necessário para resfriar os reatores.





A operação já foi suspensa várias vezes devido a explosões e à alta dos níveis de radiação no interior dos reatores.





Na quinta-feira passada, três operários do reator 3 foram hospitalizados depois de pisar em água com níveis de radiatividade 10 mil vezes mais altos do que os que normalmente estão presentes em um reator.




Água altamente radioativa vaza de reator da usina de Fukushima


28/03/2011 - 09h48





Autoria: DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS



A Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da usina nuclear de Fukushima Daiichi, informou nesta segunda-feira que detectou água com altos níveis de radiação em túneis subterrâneos fora do reator 2, primeiro indício de um vazamento do tipo desde a crise nuclear gerada pelo terremoto e tsunami de 11 de março.



O vazamento foi detectado em um túnel que rodeia o reator número 2. Segundo a Tepco, a água continha concentrações radioativas de mais de mil milisievert por hora. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA diz que uma única dose de 1.000 millisieverts é suficiente para causar hemorragia.



Esse nível é similar ao detectado este fim de semana em uma região alagada no interior do prédio de turbinas da unidade 2, que obrigou a interromper o trabalho dos operários.

Uma das das entradas do túnel subterrâneo está localizada a apenas 55 metros do mar. A Tepco afirmou que não há indícios de que a água contaminada tivesse chegado ao mar, mas que não pode descartar uma contaminação do solo.



Os técnicos em Fukushima já haviam liberado vapor com radioatividade para conter o aumento da pressão nos reatores e evitar uma explosão, mas esta é a primeira vez que se fala em vazamento de água radioativa --o que aumenta o risco de uma contaminação ambiental.



Até então, água com alto teor de radiação havia sido encontrada somente dentro dos edifícios dos reatores.



O porta-voz do governo japonês, Yukio Edano, disse que o alto nível de radiação poderia provir do contato de água com material das barras de combustível nuclear parcialmente fundido.



Ele afirmou, contudo, que a maior parte da radiação ainda está contida dentro do prédio.



A Agência de Segurança Nuclear disse que a Tepco deve vigiar um possível vazamento dessa água altamente radioativa para a terra, algo que os técnicos estão tentando medir e confirmar.



A agência informou ainda que uma taxa de iodo radioativo 1.150 vezes superior à norma legal foi medida em mostras de água do mar retirada a apenas 30 metros dos reatores 5 e 6 de Fukushima.



Até o momento eram analisadas mostras ao sul da central, na saída dos reatores 1 a 4, os mais afetados, onde a taxa de iodo 131 estava no domingo a um nível quase 2.000 vezes superior ao normal.



Os reatores 5 e 6, que estavam desligados para manutenção no momento do terremoto seguido por um tsunami em 11 de março, não sofreram danos graves e o sistemas de resfriamento de ambos foi reconectado à rede de energia elétrica.



ERRO



Também nesta segunda-feira, o governo criticou duramente o anúncio equivocado da Tepco sobre um nível de radioatividade 10 milhões de vezes acima do normal na água que sai da central nuclear de Fukushima.



"Mesmo que o cansaço das pessoas que trabalham no local possa ajudar a explicar o erro, considerando que a vigilância da radioatividade é uma condição maior para garantir a segurança, este tipo de erro é absolutamente inaceitável", declarou Yukio.



"O governo ordenou que a Tepco não cometa o mesmo erro", acrescentou.



O anúncio da Tokyo Electric Power aumentou ainda mais a paranoia ao redor da central acidentada.



O vice-presidente da Tepco, Sakae Muto, explicou que elementos radioativos foram confundidos durante as análises das mostras obtidas no vazamento do reator 2.