terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A desmontagem da usina nuclear de Fukushima Daiichi: Problema das futuras gerações!


Desmontagem de Fukushima levará até 40 anos, diz governo japonês

21 de dezembro de 2011 | 10h 21


SHINICHI SAOSHIRO - REUTERS
A desmontagem da usina nuclear de Fukushima Daiichi deve levar de três a quatro décadas, disse o governo japonês nesta quarta-feira, ao divulgar planos para a próxima fase da enorme e custosa operação de limpeza no complexo atômico devastado por um tsunami em março.
Na semana passada, após meses de esforços, o governo disse que o reator, em funcionamento desde a década de 1970, havia finalmente esfriado, o que poderia permitir o início da nova etapa do trabalho destinado à eventual desmontagem da usina.
Pelo "mapa" divulgado nesta quarta-feira, o próximo passo, ao longo de dois anos, será a retirada do combustível gasto que está dentro da usina. Depois, haverá a remoção de restos de combustível fundido dos reatores danificados - mas isso deve começar só daqui a dez anos.
O plano do governo alerta que ainda é preciso desenvolver todas as tecnologias necessárias para que a usina possa ser desmontada num prazo de 30 a 40 anos.
Essa demora não deve afetar os prazos para que a população da região possa voltar às suas casas, segundo o ministro do Comércio, Yukio Edano, responsável pela política energética do país.
Logo depois do acidente nuclear, cerca de 80 mil pessoas foram retiradas de suas casas num raio de até 20 quilômetros ao redor da usina. Com o recém-anunciado resfriamento dos reatores, alguns moradores poderão regressar já no primeiro semestre de 2012.
Edano disse que é impossível calcular o custo total da operação. "Podemos em algum momento fazer uma estimativa de custos mais clara, mas seria difícil fazer estimativas de algo para daqui a quatro décadas dentro de apenas um ou dois anos", afirmou.
Um comitê consultivo estimou que a desmontagem da usina pode custar 1,15 trilhão de ienes (15 bilhões de dólares), mas alguns especialistas calculam o gasto em 4 trilhões de ienes ou até mais.
Edano admitiu que o custo total será elevado, e disse que a empresa Tepco, dona da usina, deverá arcar com o valor. A empresa também precisará pagar vultosas indenizações, e talvez necessite de injeções de capital do governo.
Nesta quarta-feira, o jornal Yomiuri disse que o governo pretende assumir dois terços das ações da Tepco, o que na prática equivale a uma estatização.
A empresa disse que talvez leve oito anos para poder examinar o interior dos reatores danificados. "A questão tecnicamente mais desafiadora é a remoção dos detritos de combustível do núcleo do reator", disse Kazuhiro Takie, funcionário da empresa, a jornalistas. "Para isso, vamos precisar desenvolver um pouco de tecnologia em todos os campos."
Ninguém sabe exatamente qual é o estado do combustível nuclear em cada reator. Especialistas dizem que as barras de combustível devem ter derretido e caído no fundo dos vasos de resfriamento.
O plano de descontaminação vale apenas para a usina propriamente dita. Os arredores do complexo também precisarão passar por uma limpeza para que os moradores possam regressar.
O Ministério do Meio Ambiente diz que é preciso descontaminar 2.400 quilômetros quadrados, uma área equivalente à de Luxemburgo. 

Despreparo agravou acidente nuclear no Japão, diz comissão

26 de dezembro de 2011 | 10h 25


SHINICHI SAOSHIRO - REUTERS
A falta de preparo e comunicação nos altos escalões agravaram as consequências do acidente de março na usina nuclear japonesa de Fukushima, disse nesta segunda-feira uma comissão que investiga o caso.
Os especialistas disseram que a empresa Tepco, que operava a usina destruída por um tsunami no norte do Japão, e as autoridades reguladoras não foram capazes de prever adequadamente os resultados de uma tragédia desse tipo.
A onda provocada pelo terremoto de 11 de março chegou a mais de 15 metros em algumas áreas, e destruiu os sistemas de refrigeração da usina, resultando no derretimento do combustível nuclear.
"O órgão regulador nuclear do governo não solicitou à Tepco que tomasse medidas específicas, como uma construção adicional, depois de ter recebido os resultados de uma simulação da Tepco em 2008 e no começo de 2011 a respeito do impacto dos tsunamis sobre suas instalações", disse a comissão em um relatório preliminar.
Em 2008, a Tepco simulou um tsunami com mais de 15 metros na usina, mas não tomou providências, por considerar que uma onda desse tamanho seria muito improvável, segundo a comissão.
O relatório também diz que a Tepco não tinha técnicos suficientemente gabaritados no local após o acidente, e que por isso a empresa cometeu erros na avaliação e operação dos reatores danificados.
Além disso, o centro de gerenciamento de crises do governo não manteve contatos adequados com escalões superiores que trabalham no mesmo prédio, e isso retardou o uso de um sistema que prevê a difusão da radioatividade.
A comissão com 12 integrantes, chefiada por Yotaro Hatamura, professor de engenharia especializado na análise de falhas operacionais, deve divulgar seu relatório definitivo em meados de 2012. O grupo inclui sismologistas, ex-diplomatas e juízes.
Em 16 de dezembro, o governo anunciou que os reatores de Fukushima atingiram o estado de desligamento a frio, o que representa um marco no trabalho de descontaminação da região, e era uma pré-condição para que cerca de 80 mil moradores voltem a suas casas num raio de 20 quilômetros em torno da empresa.
Críticos dizem, no entanto, que o governo se precipitou em declarar o "desligamento frio" e uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo jornal Nikkei mostrou que 78 por cento dos entrevistados discordam da decisão do governo.