Via para ciclistas na zona oeste terá 18 km e deve ser inaugurada ainda neste mês; na Mooca, serão 8 km até o Sesc Belenzinho
07 de dezembro de 2011 | 3h 04
CAIO DO VALLE - O Estado de S.Paulo
Duas novas ciclorrotas serão inauguradas neste mês em São Paulo, dobrando o
número de quilômetros de vias na cidade em que o tráfego entre carros e
bicicletas é compartilhado. Os novos trajetos em que ciclistas deverão ter
prioridade ficam na Lapa, na zona oeste, e na Mooca, na zona leste. Parte dos
percursos passa por vias movimentadas e grandes cruzamentos, o que pode trazer
riscos.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que escolheu os traçados
com base em um mapeamento que identificou pontos onde o uso das bicicletas já é
consagrado. "A ideia é que as pessoas que fazem pequenas viagens dentro dos
bairros, como para ir à padaria ou levar os filhos à escola, usem essas vias
para andar de bicicleta, em vez de carro", diz a gerente de Planejamento da CET,
Daphne Savoy. As novas rotas devem ser abertas na segunda quinzena.
Somados, os trechos chegam a 26 km. Atualmente, as três ciclorrotas já
abertas - no Brooklin, em Moema, ambos na zona sul, e no Butantã, na zona oeste
- têm juntas 22 km de extensão. Com 18 km, o circuito da Lapa conectará os
Parques Villa-Lobos e da Água Branca, passando pelas Ruas Duarte da Costa, Fábia
e Coriolano. Também serão usados trechos de vias de grande movimento, incluindo
a Avenida Pio 11 e as Ruas Padre Chico e Turiaçu.
Na Mooca, o trajeto de 8 km ligará o Centro Educacional da Mooca ao Sesc
Belenzinho, passando pela Avenida Cassandoca e a Rua Tobias Barreto.
O engenheiro de tráfego Sergio Ejzenberg apoia o conceito, mas faz ressalvas
quanto à aplicação em vias com grande fluxo. "É preciso mudar a concepção de
onde colocá-las. De preferência, escolher locais que sejam mais sossegados e
tenham menos trânsito de caminhões e ônibus." Segundo ele, além da segurança, há
o problema de se estar pedalando perto de grandes emissores de poluentes.
Já a cicloativista Renata Falzoni defende que o conceito seja levado também
para os pontos com tráfego mais pesado. "A cidade inteira tem de se adequar à
movimentação dos ciclistas. Onde hoje o trânsito é carregado e rápido, deve-se
diminuir a velocidade, quer os motoristas queiram ou não." Ela diz que as
ciclorrotas reforçam o respeito às bicicletas, previsto no Código de Trânsito
Brasileiro (CTB).
Diferentemente das ciclovias e das ciclofaixas, não há separação física ou
indicação da área destinada às bicicletas. Nas vias onde ela funciona, a
recomendação é para que os ciclistas fiquem sempre à direita e nunca andem na
contramão. A CET pinta no piso dessas vias bicicletas estilizadas no asfalto,
para lembrar os motoristas da prioridade de quem está pedalando. Também são
instaladas placas de alerta.
Análise. De acordo com a CET, nos cruzamentos e trechos mais movimentados
será feita uma avaliação do respeito dos veículos à regra. Se houver problemas,
a sinalização será reforçada.