Publicado em 03 de setembro de 2011 | Fonte: Matheus Kliemaschewsk
Cavalgada 2011: o estrago feito pelo Ministério Público
http://www.atribunamt.com.br/2011/09/cavalgada-2011-o-estrago-feito-pelo-ministerio-publico/
No mês passado, pudemos presenciar um evento ímpar, belíssimo, que em nossa cidade já é mais do que tradição consagrada e admirada por todos, a Cavalgada de abertura da Exposul.
Por anos a fio, este brilhante evento vem sendo realizado de modo quase perfeito, com toda pompa, circunstância e brilho do qual é digno, cada vez reunindo mais participantes que acabam tornando-se assíduos frequentadores deste evento. Afinal, quem vai a uma dessas cavalgadas sempre se apaixona pela mesma e vai novamente, tal qual o autor que vos fala, que há mais de uma década contínua frequenta este belíssimo evento. Sim, desde o ano 2000 tenho participado de todas as cavalgadas da Exposul.
Contudo, caros leitores deste periódico, desejo aqui relatar meu profundo desapontamento com relação a fatos que precisam ser levados em consideração e que devem ser de conhecimento público. Fatos esses que geraram colossais transtornos para o público em geral, para os participantes, para os comerciantes do ramo da selaria, para o sindicato rural deste município. Fatos que mutilaram o brilho do evento em questão.
Por começo, basta dizer que corria um boato em Rondonópolis, o qual dizia que este ano não haveria a tradicional Cavalgada de abertura da Exposul. Boato que, aliás, era verdadeiro e que, com muito custo, foi contornado pelo Sindicato Rural desta cidade. De fato, caro leitor, o que ocorreu é que o “todo poderoso juiz de todos nós, o defensor dos animaizinhos, dos fracos e dos oprimidos”, o Ministério Público Estadual, entendeu que a cavalgada, um evento que há 25 ANOS faz parte desta cidade, não deveria ser mais realizada, sob o pretexto cretino de que os participantes não se portam corretamente, de que os animais do evento são muito maltratados por andarem míseros 10 km aproximadamente, e mais alguns outros motivos.
Tal boato só foi desmentido pelo Sindicato Rural após a assinatura do TAC firmado (forçado) entre o Sindicato dos Produtores Rurais de Rondonópolis, representado por seu corpo diretor e pelo Ministério Público Estadual, representado pela senhora Promotora Dona Joana Maria Bortoni Ninis, a qual, não sei eu porque cargas d’água, entendera por bem que a cavalgada seria um evento prejudicial ao bem estar e a ordem desta cidade, decidindo assim que não deveria ser realizado tal evento. Depois de muitas negociações entre o sindicato e o MPE, foi firmado o TAC, que vinha com uma lista de exigências e regras, deveras descabidas as quais, conforme acordado, seriam fiscalizadas durante o trajeto. Dentre elas havia algumas boas e outras absurdas, como por exemplo, a proibição da participação de carroças e a alteração do trajeto, alteração para a qual foi alegado que os animais sofriam muito com o trajeto. Para os nobres do MP, que não têm conhecimento algum acerca dos equídeos, um animal consegue andar a média de 100 km por dia em marcha, não necessitando nem mesmo galopar. Prova disso são as viagens realizadas pelas grandes comitivas boiadeiras que viajam coisa de até 1000 km com animais em marcha.
Já no ramo de selarias, o boato de que possivelmente não haveria cavalgada fez com que os profissionais do ramo não adquirissem novos produtos, não preparassem seus estoques para atender a demanda exigida pelo evento, o que gerou enormes transtornos, não somente ao profissional do ramo, como também ao próprio consumidor, que muitas vezes precisou adquirir utensílios mais caros do que os que normalmente compraria e isto devido à falta de produtos a disposição, que só ocorreu devido ao boato de que não seria realizada a cavalgada. Esse transtorno todo, de fato, só ocorreu por pura implicância da senhora promotora (e que se não foi por tal, então que me de uma justificativa PLAUSÍVEL, pois eu, na condição de pessoa de bem, tenho direito de exigir).
Outra medida absurda exigida pelo TAC foi o banimento das carroças, as quais, como já visto em outras edições, sempre abrilhantaram o referido evento e que, na edição 2011 foram arbitraria e injustamente BANIDAS do mesmo, sendo terminantemente proibida sua presença. Isso, claro, sob pena da exorbitante EXTORSÃO disfarçada de MULTA no valor de, pasme caro leitor, DEZ MIL REAIS, a qual seria supostamente revertida a projetos relacionados à sustentabilidade (a do Ministério Público, e não do meio ambiente, creio eu, haja vista esse valor que chega a ser revoltante) que funcionaria como pena para participantes que não estivessem portando sua inscrição devidamente regularizada em local visível, participantes em carroças, garupas, ingerindo bebida alcoólica ou maltratando animais.
Ocorre, caro leitor, que foram banidas as carroças. O participante que aproveita o evento de modo familiar, tal qual o autor que vos fala, foi pressionado, ameaçado com penosa extorsão. E a fiscalização que a promotora supramencionada jurou de pés juntos e postou no TAC dizendo que haveria, de fato estava presente, mas não fez ABSOLUTAMENTE NADA em relação aos baderneiros alcoolizados. Sim, caro leitor. Eu mesmo vi baderneiros usufruindo de bebidas alcoólicas durante o trajeto que, uma vez mais, de modo infortúnio, atentaram contra a reputação e a boa imagem desta festa tradicional.
O fato é, caro leitor, o TAC foi feito, as pessoas de bem foram sujeitas a inúmeros constrangimentos, como o de se sujeitarem ao medo de que alguém da fiscalização simplesmente encasquetasse que algum participante de bem estava causando desordem e resolvesse extorqui-lo nesta quantia absurda e abusiva. O evento, como efeito do TAC exigido pela senhora promotora, teve seu brilho tradicional mutilado, sem falar é claro, na distância percorrida que, para muitas comitivas, não compensou nem mesmo o frete do transporte dos animais utilizados.
O que mais me deixa pasmo e admirado é que o Sindicato Rural, na tentativa de colocar panos quentes no assunto, não faz a menor economia ao tecer elogios incessantes a este fiasco que foi esta cavalgada, a mais feia que vi de todas as quase 15 em que já fui. Isso claro, na tentativa de não provocar a ira da promotora que, não sei por que raios, resolveu se intrometer em assuntos os quais não são nem nunca foram de sua alçada.
Alegaram também, que a alteração do percurso seria um resgate da história da Exposul. Mentira, grotesca mentira. O que de fato ocorreu é que, ou se terminava a cavalgada no antigo parque, ou no horto florestal, um local completamente fora de mão para isto e que encurtaria o percurso mais ainda, ou mais, caso o sindicato insistisse em fazer o encerramento no CTG como vinha sendo feito desde 2004, simplesmente não haveria cavalgada. Prova da mentira caro leitor, é que em momento algum fora feita menção alguma ao antigo parque e no terreno que o abrigava, nada mais havia, senão o próprio terreno.
Peço que analise o que fora exposto acima e tire suas conclusões e apelo, apelo ao bom senso do sindicato rural para que, no próximo ano, não aceite tal afronta e que retorne o fechamento da cavalgada para o CTG como vinha sendo feito. Peço também, peço não, suplico ao Ministério Público Estadual que cuide dos assuntos de sua alçada, os quais não são poucos e dos quais este cuida muito mal e que seus promotores parem de se intrometer em assuntos que não são de sua conta, deixando assim de atrapalhar a vida alheia. Afinal, o cidadão que usufrui do evento de modo familiar não deve nunca, jamais, ser punido pelo erro de um outro que não tem “vergonha na cara”.
Ao autor deste artigo, caro leitor, já basta. Estou farto da interferência dos Ministérios Públicos Estaduais deste país na liberdade individual e na vida privada das pessoas. Chega. Basta. Estou mais que farto disso, farto dessa prática horrenda que somente ocorre em países de terceiro mundo, como o Brasil. E indago: até quando vamos tolerar o poder público interferindo em nossas vidas desse modo? Hoje foi na Cavalgada, e amanhã, em que será? Que fique a reflexão
(*) Matheus Kliemaschewsk de Araújo é criador de cavalos no município de Rondonópolis, domador de cavalos com a técnica da doma racional e participante assíduo da cavalgada há mais de 10 anos consecutivos – e-mail: mkliemaschewsk@hotmail.com