29/9/2011 - 09h40
http://envolverde.com.br/noticias/china-pode-passar-eua-em-emissoes-per-capita-em-2017/?utm_source=CRM&utm_medium=cpc&utm_campaign=29
por Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil
Liberação de CO2 do país já ultrapassa a da França e da Espanha e segundo especialista, isso pode significar que as ações para mitigação das emissões não estão sendo rápidas o suficiente para lidar com mudanças climáticas.
Apesar de ser o maior emissor de gases do efeito estufa (GEEs) do mundo, a China ainda está longe de ser o país que mais libera carbono por habitante, tendo uma emissão per capita menor que a média europeia e mais de 50% menor que a norte-americana. Mas um novo estudo indica que essa situação poderá mudar, e bem mais cedo do que se imagina: até 2017, a China poderá ultrapassar os EUA e se tornar o maior emissor de CO2 per capita do mundo.
A pesquisa, conduzida pela Agência Holandesa de Avaliação Ambiental e pelo Centro Comum de Investigação da União Europeia (JRC) e patrocinada pela Comissão Europeia, mostra que, atualmente, as emissões per capita da China já são maiores que as de países como a França e da Espanha, e se igualam às do Reino Unido, devendo ultrapassar estas últimas em 2012.
“Devido ao seu rápido desenvolvimento econômico, as emissões per capita na China estão se aproximando dos níveis comuns nos países industrializados. Se as tendências atuais nas emissões da China e dos países industrializados, incluindo os EUA, continuarem por mais sete anos, a China ultrapassará os EUA até 2017 como o maior emissor per capita entre os 25 maiores países emissores”, declara o relatório.
Nos últimos 20 anos, a liberação de dióxido de carbono aumentou em 45%, e foi impulsionada principalmente pelos países emergentes. “O crescimento contínuo nas nações em desenvolvimento e a recuperação econômica nos países industrializados são as principais razões para um recorde de 5,8% no aumento das emissões globais de CO2 em 2010, chegando a um máximo absoluto de 33 bilhões de toneladas”, explica o documento.
Neste cenário, a China teve um papel fundamental, pois suas emissões aumentaram drasticamente, ao contrário, por exemplo, das europeias, que diminuíram em média 7% neste período. Para se ter uma ideia, em 2000, as emissões chinesas eram de apenas 2,9 toneladas anuais por pessoa. Atualmente, enquanto a liberação de CO2 da França é de 5,9 toneladas anuais per capita, a da China já chega a 6,8.
Isso ocorreu graças a estímulos financeiros cada vez maiores à economia chinesa, que acabaram por aumentar a demanda de energia no país. Em 2010, por exemplo, a geração de energia da China, alimentada principalmente por fontes fósseis, aumentou 11,6%. Por isso, alguns especialistas acreditam essa tendência fará com que o país tenha que aceitar receber um tratamento diferente das outras nações emergentes em relação às mudanças climáticas.
“A China não quer reconhecer que não é apenas ‘mais um país em desenvolvimento’, mas à medida que suas emissões totais e per capita aumentam, é inevitável que a nação terá que ter um grau maior de responsabilidade tanto internamente como no cenário internacional”, afirmou Michael Jacobs, ex-assessor especial para mudanças climáticas de Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico.
Mas Jacobs admite que o país tem criado medidas para mitigar suas emissões de carbono, como a construção de novas instalações eólicas, de 28 usinas de energia nuclear e do aumento da capacidade hidrelétrica. “A China começou a tomar atitudes agressivas para reduzir o aumento de suas emissões. O que permanece em dúvida é se essas mudanças estão acontecendo em um ritmo suficiente para compensar o aumento das emissões”, questiona.
O que a análise não considera é que o boom da produção industrial chinesa e a redução das emissões europeias aconteceram em parte devido às regras mais rígidas da União Europeia contra a poluição de carbono, que acabaram por estimular a transferência de muitas empresas e fábricas da Europa para países em desenvolvimento, como a China, mais permissivos.
Além disso, nem todos concordam que a China possa chegar a ser o maior emissor per capita do mundo. Jiang Kejun, do Instituto de Pesquisa em Energia da China, acredita que as previsões do estudo estão erradas, pois não consideram apropriadamente as ações que o país já tomou para diminuir sua liberação de carbono.
“A suposição de que a China atingirá os EUA em base per capita até 2017 não leva em conta os impactos do Plano Quinquenal recente e dos investimentos massivos em tecnologias renováveis, que diminuirão os índices de crescimento das emissões da China em relação aos EUA”, justificou Jiang.
Ainda assim, os autores do relatório parecem acreditar que tanto os esforços chineses quanto os europeus não estão acompanhando o crescimento das emissões de CO2. “O aumento da eficiência energética, a energia nuclear e as contribuições crescentes das energias renováveis ainda não podem compensar o aumento da demanda global por energia e transporte. Isso ilustra o grande esforço ainda necessário para mitigar as mudanças climáticas”.
“Estes números são outro sinal de alerta de que, mesmo que a China e a Europa estejam agora agindo sobre as mudanças climáticas, isso não está acontecendo suficientemente rápido para lidar com esse problema global”, concordou Jacobs.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.
Apesar de ser o maior emissor de gases do efeito estufa (GEEs) do mundo, a China ainda está longe de ser o país que mais libera carbono por habitante, tendo uma emissão per capita menor que a média europeia e mais de 50% menor que a norte-americana. Mas um novo estudo indica que essa situação poderá mudar, e bem mais cedo do que se imagina: até 2017, a China poderá ultrapassar os EUA e se tornar o maior emissor de CO2 per capita do mundo.
A pesquisa, conduzida pela Agência Holandesa de Avaliação Ambiental e pelo Centro Comum de Investigação da União Europeia (JRC) e patrocinada pela Comissão Europeia, mostra que, atualmente, as emissões per capita da China já são maiores que as de países como a França e da Espanha, e se igualam às do Reino Unido, devendo ultrapassar estas últimas em 2012.
“Devido ao seu rápido desenvolvimento econômico, as emissões per capita na China estão se aproximando dos níveis comuns nos países industrializados. Se as tendências atuais nas emissões da China e dos países industrializados, incluindo os EUA, continuarem por mais sete anos, a China ultrapassará os EUA até 2017 como o maior emissor per capita entre os 25 maiores países emissores”, declara o relatório.
Nos últimos 20 anos, a liberação de dióxido de carbono aumentou em 45%, e foi impulsionada principalmente pelos países emergentes. “O crescimento contínuo nas nações em desenvolvimento e a recuperação econômica nos países industrializados são as principais razões para um recorde de 5,8% no aumento das emissões globais de CO2 em 2010, chegando a um máximo absoluto de 33 bilhões de toneladas”, explica o documento.
Neste cenário, a China teve um papel fundamental, pois suas emissões aumentaram drasticamente, ao contrário, por exemplo, das europeias, que diminuíram em média 7% neste período. Para se ter uma ideia, em 2000, as emissões chinesas eram de apenas 2,9 toneladas anuais por pessoa. Atualmente, enquanto a liberação de CO2 da França é de 5,9 toneladas anuais per capita, a da China já chega a 6,8.
Isso ocorreu graças a estímulos financeiros cada vez maiores à economia chinesa, que acabaram por aumentar a demanda de energia no país. Em 2010, por exemplo, a geração de energia da China, alimentada principalmente por fontes fósseis, aumentou 11,6%. Por isso, alguns especialistas acreditam essa tendência fará com que o país tenha que aceitar receber um tratamento diferente das outras nações emergentes em relação às mudanças climáticas.
“A China não quer reconhecer que não é apenas ‘mais um país em desenvolvimento’, mas à medida que suas emissões totais e per capita aumentam, é inevitável que a nação terá que ter um grau maior de responsabilidade tanto internamente como no cenário internacional”, afirmou Michael Jacobs, ex-assessor especial para mudanças climáticas de Gordon Brown, ex-primeiro-ministro britânico.
Mas Jacobs admite que o país tem criado medidas para mitigar suas emissões de carbono, como a construção de novas instalações eólicas, de 28 usinas de energia nuclear e do aumento da capacidade hidrelétrica. “A China começou a tomar atitudes agressivas para reduzir o aumento de suas emissões. O que permanece em dúvida é se essas mudanças estão acontecendo em um ritmo suficiente para compensar o aumento das emissões”, questiona.
O que a análise não considera é que o boom da produção industrial chinesa e a redução das emissões europeias aconteceram em parte devido às regras mais rígidas da União Europeia contra a poluição de carbono, que acabaram por estimular a transferência de muitas empresas e fábricas da Europa para países em desenvolvimento, como a China, mais permissivos.
Além disso, nem todos concordam que a China possa chegar a ser o maior emissor per capita do mundo. Jiang Kejun, do Instituto de Pesquisa em Energia da China, acredita que as previsões do estudo estão erradas, pois não consideram apropriadamente as ações que o país já tomou para diminuir sua liberação de carbono.
“A suposição de que a China atingirá os EUA em base per capita até 2017 não leva em conta os impactos do Plano Quinquenal recente e dos investimentos massivos em tecnologias renováveis, que diminuirão os índices de crescimento das emissões da China em relação aos EUA”, justificou Jiang.
Ainda assim, os autores do relatório parecem acreditar que tanto os esforços chineses quanto os europeus não estão acompanhando o crescimento das emissões de CO2. “O aumento da eficiência energética, a energia nuclear e as contribuições crescentes das energias renováveis ainda não podem compensar o aumento da demanda global por energia e transporte. Isso ilustra o grande esforço ainda necessário para mitigar as mudanças climáticas”.
“Estes números são outro sinal de alerta de que, mesmo que a China e a Europa estejam agora agindo sobre as mudanças climáticas, isso não está acontecendo suficientemente rápido para lidar com esse problema global”, concordou Jacobs.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.