sábado, 16 de julho de 2011

Parques ‘noturnos’ às escuras


Parques ‘noturnos’ às escuras

DIEGO ZANCHETTA
Quatro dos principais parques de São Paulo, por onde passam cerca de 1 milhão de pessoas por mês, estão às escuras. Problemas de iluminação afastam frequentadores do Ibirapuera e do Parque do Povo, na zona sul. Do outro lado da cidade, o Parque da Juventude chega a lembrar um matagal abandonado, tamanha a penumbra à noite. Parte do Parque da Água Branca, que voltou a ficar aberto até as 21h30 na semana passada, também sofre com o problema.
Por causa do escuro, o policiamento tem sido reforçado nesses locais. O Parque do Povo, no Itaim-Bibi, parece uma base da PM, tamanho é o número de viaturas que entram a partir das 18 horas para dar maior sensação de segurança. Mas não é suficiente. Frequentadores reclamam da escuridão na pista de corrida e nas quadras de futebol de salão e basquete – há quadras onde as lâmpadas nem são acesas.
“Estamos ficando craques de tanto jogar no escuro”, ironiza o médico Daniel Tavares, de 42 anos, frequentador do parque. “Pode ver que as quadras e a pista de corrida ficam vazias. Muita gente se afastou do parque por causa da escuridão, muitas mulheres não têm coragem de vir sozinhas.”
Não existe iluminação no playground e nas laterais do campo gramado. “Adoraria trazer meus filhos aqui, mas eles ficam no parquinho do prédio. Não dá para deixá-los sozinhos aqui na escuridão e ir correr”, diz a webdesigner Luciana Diehl, de 36 anos, moradora de Pinheiros.
Quem costuma correr no Parque do Ibirapuera também reclama da escuridão na pista, que tem seis quilômetros. “Não dá pra enxergar nada aqui à noite. Se não posso vir até as 18h, acabo desistindo”, conta a pedagoga Glauce Nastari, de 31 anos. Segundo a Prefeitura, a pista fica em uma área de proteção de fauna e, por isso, a iluminação é desligada ou reduzida. O mesmo argumento foi usado para explicar a escuridão no gramado e no playground do Parque do Povo.
O Parque da Juventude, aberto em 2003 no terreno de 250 mil metros quadrados onde ficava a Penitenciária do Carandiru, é o que está em pior situação. Na pista de corrida, que fecha às 19h, as pessoas não conseguem enxergar o que está 20 metros à frente. O parque, a academia e oito das dez quadras também estão sem iluminação.
A praça na frente do parque, ao lado da biblioteca, também está às escuras. “Jogamos tênis no escuro mesmo e vai acertando a bolinha na sorte”, brinca o comerciante Paulo Nair, de 56 anos. “Quando foi aberto, era tudo organizado. Agora está totalmente abandonado.”
Em obras, o Parque da Água Branca oferece riscos a quem costuma correr ou caminhar quando começa a escurecer: há risco de tropeçar no entulho e obras inacabadas que estão em quase toda o parque.
Outro lado
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente informou que “não há horário predeterminado para acender as luzes nas quadras” do Parque do Povo e que a iluminação de trechos desse parque e do Ibirapuera é desligada ou reduzida para não causar “impactos na flora e nos animais” do local.
O acionamento (da iluminação) acontece em função do uso do equipamento na ausência de luminosidade. Nos momentos em que não há usuários, a iluminação é apagada para evitar desperdício”, informa o governo, por nota. “No sentido de atender melhor seus usuários, está em elaboração projeto de modernização do sistema de iluminação”, acrescenta a nota da secretaria sobre a escuridão no Parque do Povo.
Com relação ao Ibirapuera, a Secretaria do Verde cita a aquisição recente de 840 novas luminárias. Mas diz que a pista de corrida tem as lâmpadas desligadas para não causar impacto na flora e na fauna.
Aparecida Martins, uma das administradoras do Parque da Juventude, diz que será aberta licitação para a troca do sistema de iluminação e reparos nas quadras. “Realmente a falta de luz já virou um problema antigo. Até nossos cursos esportivos de basquete, futebol, tênis e caratê foram suspensos”, admitiu.