04/06/2011 06h50 - Atualizado em 04/06/2011 06h50
A qualidade da água está ligada à massa de metais que contém nela
Professor entrevistado no Globo Ecologia pesquisa elementos que podem estar causando impacto na Lagoa Bonita, no Distrito Federal
Autoria e fonte: http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2011/06/qualidade-da-agua-esta-ligada-massa-de-metais-que-contem-nela.html
Lagoa Bonita, localizada em Planaltina,
Distrito Federal (Foto: Divulgação)
Distrito Federal (Foto: Divulgação)
A qualidade da água está diretamente ligada à movimentação massa de metais pesados, que contém nos solos e rochas. No entorno da Lagoa Bonita, a agricultura vem movimentando as massas de solos e, conseqüentemente, o aumento da lixiviação de metais e outros compostos oriundos de agrotóxicos acabam por atingir as nascentes, por meio do escoamento pluvial que acaba chegando a Lagoa. Este é o tema abordado no Globo Ecologia de 4 de junho, cujo tema é “As florestas e a água”. Um dos entrevistados desta edição do programa é José Vicente Elias Bernardi, professor da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do projeto Dinâmica Hidrobiogeoquímica e Monitoramento da Qualidade da Água na Zona Úmida de Vereda, que há dois anos vem fazendo um balanço das concentrações de mercúrio, cádio, cobre, zinco, chumbo e níquel na Lagoa Bonita, localizada na administração de Planaltina, cidade satélite do Distrito Federal.
“A entrevista para o Globo Ecologia foi dada na Estação Ecológica de Águas Emendadas. Lá, a gente viu a coleta de solos hidromórficos e entrou para a Lagoa Bonita, onde falamos sobre a qualidade da água. O trabalho que venho desenvolvendo tem como objetivo monitorar os metais e descobrir o que de concreto esse balanço traz e se podemos usá-lo como diagnóstico de como está impactando nessa lagoa”, conta o professor José Vicente.
O projeto foi iniciado em 2009, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal. Além das águas da Lagoa Bonita, o professor e mais quatro professores e dez bolsistas estudam também sedimentos, solo, rocha, e vegetação. É importante saber, por exemplo, se a vegetação absorve algum tipo de metal.
Uma imagem da Lagoa Bonita (Foto: Divulgação)
“É para ver qual é contribuição da vegetação para o ciclo geoquímico desses metais. Analiso também as espécies vegetais dominantes do cerrado, com o intuito de inferir sobre as concentrações dos metais no compartimento vegetal. Outro matriz importante se refere ao compartimento plâncton (Fito e Zoo), elos das teias tróficas (alimentares) aquáticas e responsáveis pela transferência ao longo da teia trófica. A partir daí dá para saber o grau de acúmulo destes metais chamados de biomagnificação, ou seja, elementos que se concentram ao longo da teia trófica aquática. Outro ponto importante foi a pesquisa com peixes predadores no tucunaré cujas concentrações foi na ordem de 0,5 ppm de Hg no tecido musculoso do peixe. Isto pode indicar uma contaminação externa ao sistema da Lagoa Bonita”, diz.
José Vicente está atrás de respostas para construir um mapa de concentração dos elementos na Estação Ecológica e na Lagoa Bonita. Com os o levantamento dos pontos, a ideia é fazer uma proposta para ampliação da área, projeto que já existe, mas pode ganhar força com as pesquisas do grupo coordenado pelo professor:
“Essa lagoa foi escolhida por que tem ocupação humana em seu entorno e suas nascentes estão dentro de uma reserva particular. Estas águas, são utilizadas pela Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) faz distribuição e tratamento destas águas para população de Planaltina e Sobradinho. Temos que pensar em recuperar e preservar!”