Cigarro e supressão do apetite
13/06/2011
Cientistas descobrem como a nicotina ativa neurônios que sinalizam que o organismo já comeu o suficiente. Estudo publicado na Science poderá ajudar no desenvolvimento de drogas para parar de fumar sem ganhar peso (Science)
Agência FAPESP – Fumantes costumam morrer mais cedo – e mais magros. Também é comum ver pessoas que engordaram após largar o cigarro – ou que dizem continuar a fumar para não ganhar peso. Agora, uma nova pesquisa, publicada na revista Science, destaca a relação entre fumo e peso.
O trabalho, feito por cientistas dos Estados Unidos e do Canadá, indica que a nicotina realmente diminui o apetite, e o faz por meio da ativação de um grupo específico de neurônios no cérebro.
Embora o fumo continue como uma das principais causas de mortalidade em todo o mundo, o novo estudo levanta a possibilidade de desenvolver tratamentos com base na nicotina para ajudar pessoas a parar de fumar e, ao mesmo tempo, evitar a obesidade e distúrbios metabólicos.
Yann Mineur, da Escola de Medicina da Universidade Yale, e colegas realizaram em camundongos experimentos variados, entre os quais moleculares, farmacológicos, eletrofisiológicos, genéticos e comportamentais.
O grupo descobriu que a nicotina ativa um conjunto específico de circuitos nervosos centrais, conhecidos como receptores de melanocortina do hipotálamo.
Esses receptores, por sua vez, aumentam a atividade dos neurônios chamados de POMC (pró-opiomelanocortina) e de uma série de receptores de melanocortina 4. Ou seja, a nicotina ativa células que sinalizam ao corpo que o indivíduo já comeu o suficiente.
“Fumar não implica ficar magro, mas muitas pessoas dizem que não param de fumar por medo de ganhar peso. Nosso objetivo é ajudar as pessoas a manter seu peso após largar o cigarro e, eventualmente, ajudar também aos não fumantes que lutam contra a obesidade”, disse Marina Picciotto, de Yale e outra autora do estudo.
O artigo Nicotine Decreases Food Intake Through Activation of POMC Neurons (doi: 10.1126/science.1201889) de Yann Mineur e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.