sábado, 2 de abril de 2011

Banhados artificiais tratam esgoto com técnicas naturais

Banhados artificiais tratam esgoto com técnicas naturais



Com informações da Agência USP - 30/03/2011

SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Banhados artificiais tratam esgoto com técnicas naturais. 30/03/2011. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=banhados-artificiais-tratamento-esgoto-tecnicas-naturais. Capturado em 02/04/2011.






Dentro dos tanques, diversos processos biológicos naturais promovem o tratamento das águas residuárias com o auxílio das populações de microrganismos que se desenvolvem na zona das raízes das plantas e no meio filtrante. [Imagem: Marcos Santos/Ag.USP]

A equipe do professor Marcelo Nolasco, da USP, desenvolveu um novo sistema de tratamento de esgotos usando métodos naturais, conhecidos como banhados artificiais.



Banhados artificiais



A técnica, também conhecida com wetlands (área pantanosa), usa tanques nos quais areia, cascalho ou outros materiais, funcionam como meio de suporte para o crescimento de plantas aquáticas (macrófitas).



Dentro dos tanques, diversos processos biológicos naturais promovem o tratamento das águas residuárias com o auxílio das populações de microrganismos que se desenvolvem na zona das raízes das plantas e no meio filtrante.



Segundo o professor Nolasco, o relato mais antigo de utilização desse sistema veio de um estudo de 1953, desenvolvido no Instituto Max Planck, na Alemanha.



O uso dos banhados artificiais surgiu a partir da observação de que o sistema era eficiente na remoção de poluentes químicos e de patógenos - a água que entrava poluída nesses banhados saía com melhor qualidade.



Benefícios das wetlands



Outras vantagens do tratamento natural de esgotos são o baixo custo e os benefícios ambientais do sistema.



Por utilizar materiais de baixo custo e que não precisam ser transportados por longas distâncias, a implantação do sistema de wetlands fica mais barato do que uma estação de tratamento tradicional.



Sob o ponto de vista ambiental, os banhados artificiais têm capacidade de suportar variações na vazão de água, o que é muito importante nos dias de chuvas fortes. E a grande população de organismos que ali convivem acabam favorecendo a biodiversidade.



"É um sistema que se integra à paisagem natural, utilizando plantas da própria região onde é implementado", explica o professor.



Tratamento de águas residuárias



Segundo Nolasco, a ideia de trabalhar com o sistema de banhados artificiais surgiu da necessidade de criar uma nova estrutura para que os alunos pudessem realizar estudos na área de tratamento de águas residuárias.



A estrutura de pesquisa, que acaba de ser implementada, permitirá o desenvolvimento de novos estudos.



Os sistemas de banhados artificiais foram selecionados por serem alternativas tecnológicas sustentáveis, robustas, de forma a atender a necessidade de ampliação do conhecimento por tecnologias descentralizadas de tratamento de esgotos no Brasil.



Em diversos países, esta é uma tecnologia em amplo desenvolvimento, mas relativamente pouco desenvolvida no Brasil. "É um sistema que pode ajudar a diminuir o alto défice existente no Brasil com o tratamento de esgoto", diz Nolasco.



O laboratório, mais parecido com uma planta-piloto, possui três unidades com características diferentes, todas abastecidas com o esgoto da própria faculdade.



As unidades foram planejadas e submetidas a diferentes configurações construtivas e operacionais para se avaliar a melhor relação custo-benefício.



Em uma delas, o volume do meio suporte (areia e pedregulho) consiste no dobro da outra. Em outra unidade, o fluxo de água é horizontal, diferenciando-se das demais de fluxo vertical e assim por diante. Dessa forma, será possível avaliar o comportamento de cada uma das unidades na remoção de poluentes químicos e biológicos, associados a cada uma das configurações.



Saneamento descentralizado



A princípio, um dos objetivos da pesquisa era obter informações sobre as modalidades de reúso adequadas para a água residuária tratada. Até o momento, os estudos se mostram promissores, principalmente para os índices de nitrogênio e de sólidos suspensos.



A partir dos resultados dos estudos em andamento, espera-se que o projeto obtenha novos recursos junto às agências de fomento e na iniciativa privada, de forma a ampliar o âmbito do estudo e o retorno à sociedade com soluções apropriadas às suas necessidades.



Segundo o pesquisador Vitor Cano, que auxiliou o professor durante todo o projeto, o que o chamou a atenção nessa pesquisa foi o estudo sobre saneamento descentralizado, área que ele achou interessante e a qual pretende continuar estudando.



De acordo com Nolasco, considerando o caráter multidisciplinar do projeto, o próximo passo é atrair também alunos das áreas de biologia, engenharia ambiental, engenharia civil, arquitetura, química, entre outros, para juntos, aperfeiçoarem os projetos a partir do sistema já construído.



"No futuro pretendemos atrair novos alunos de graduação, da pós-graduação, pós-doutorandos e montarmos um parque demonstrativo de soluções para o tratamento de águas residuárias", completa.