Bilionário sustentável investe no RS
Autor: Flávio Ilha
Um dos homens mais ricos da Índia, Tulsi Tanti visita Tapes, onde deu a largada para novo projeto de parque eólico no Estado.
As primeiras perguntas do indiano Tulsi Tanti ao chegar a Tapes, onde estuda a implantação de uma fábrica de aerogeradores, foram duas:
1) Há universidades na região?
2) Os investimentos na cidade têm características sustentáveis?
Dono da Suzlon, uma das maiores empresas de tecnologia eólica do mundo, e de uma das maiores fortunas da Índia, Tanti é um empreendedor que valoriza as iniciativas sociais e o conhecimento. Gostou quando foi informado de que em Tapes há um curso de tecnologia em gestão ambiental, oferecido pela UFRGS.
- O mundo viverá três crises na próxima década: água, comida e energia. Por isso, este lugar foi abençoado. Vocês estão sentados sobre minas de ouro e de platina - disse, sobre as condições naturais encontradas no município gaúcho.
Impressionado com a água abundante - doce, como fez questão de lembrar - e com a frequência do vento, Tanti, 53 anos, anunciou logo depois da visita ao Capão da Moça, cerca de oito quilômetros do centro de Tapes, a instalação de dois aerogeradores na região em 2011. Os equipamentos servirão para dar a largada no ambicioso projeto de construção de um parque eólico no local, com capacidade para gerar mais de 10% do consumo anual de eletricidade do Estado, antecipado ontem por ZH.
Tanti esteve pela primeira vez no Rio Grande do Sul, a convite da prefeitura de Tapes e da espanhola Impel, que há seis anos está formatando o parque energético na cidade. Cordato, não se furtou a criticar a falta de ousadia do Brasil no desenvolvimento da matriz eólica:
- O país depende muito da matriz hídrica e é acanhado no desenvolvimento da energia eólica. Não é à toa que foram 13 apagões em 11 anos.
Além do investimento em geração de energia, o empreendedor indiano também está de olho em um local para a instalação de uma fábrica de aerogeradores da Suzlon no Brasil, que administra 15 mil megawatts (MW) de eletricidade produzida por vento em 25 países. Com cerca de 400 MW instalados em Estados do Nordeste, o empresário disse que a estratégia da empresa, avaliada em US$ 10 bilhões, é plantar fábricas de aerogeradores nos principais países em que atua, como China e Estados Unidos.
O projeto das duas torres em Tapes, capazes de gerar 4,2 MW, ainda é modesto, mas os planos para o futuro não são nada irrisórios. Tanti, que tem um patrimônio próximo dos US$ 3 bilhões segundo a revista americana Forbes, avaliou o potencial energético da região como "fabuloso" - entre 3 mil MW e 5 mil MW, capaz de transformar o Rio Grande do Sul em exportador de energia.
- Estou convencido da importância estratégica deste local. O projeto que pude ver aqui é um dos mais interessantes do ponto de vista da integração entre desenvolvimento social, logística e energia renovável. Havendo a demanda necessária, temos o máximo interesse em continuar com nossa estratégia de localização mundial de trazer manufaturas e tecnologia para o Rio Grande do Sul - disse.
Fonte: Zero Hora (16/2/2011