sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OS DESAFIOS DA MUDANÇA CLIMÁTICA E OS PARQUES INUNDÁVEIS




ADAPTAÇÃO NA BAIXADA FLUMINENSE

 


Um ambicioso projeto que o  Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia - Coppe ajudou o governo do Estado do Rio a formatar está sendo implantado na Baixada Fluminense, para proteção contra as enchentes que costumam assolar a região em que vivem 4 milhões de pessoas dispersas em seis municípios: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Mesquita e Belford Roxo.
A macrodrenagem na Baixada é feita por três grandes rios: Pavuna/Meriti, Sarapuí e Iguaçu. Os dois últimos, por correrem em áreas muito planas, são especialmente afetados pela maré, cuja influência se estende por até 20 quilômetros rio acima. Quando ocorre a maré meteorológica, aquela provocada pelas chuvas fortes e pelo aumento transitório do nível do mar, o fenômeno se acentua. O resultado são enchentes que afetam bairros e loteamentos inteiros, em geral em áreas muito carentes.
O projeto, iniciado em 2007 e previsto para durar até pelo menos 2012, é uma coleção de obras variadas, que incluem drenagem, uma barragem, pôlderes como os que existem na Holanda e uma criativa urbanização das margens dos rios: os trechos mais sujeitos a alagamento serão transformados em parques inundáveis. Nos dias de tempo bom, os parques serão áreas de lazer para a população.
Nos dias de chuva forte, ficarão inundados mesmo, como quer a natureza.
“Esses parques só têm um tipo de necessidade especial: cessada a tempestade, as prefeituras terão de providenciar a limpeza. Exatamente como ocorre com as ruas”, explica Paulo Canedo, do Programa de Engenharia Civil. Há também parques não inundáveis que ajudam a mitigar os efeitos das fortes chuvas.
Na primeira etapa do projeto, 3,5 mil famílias moradoras de áreas de alto risco de inundação serão reassentadas em conjuntos habitacionais. Em outras áreas, os ocupantes permanecerão onde estão. Mas, em todas as zonas ribeirinhas, as margens dos rios estão sendo arborizadas e urbanizadas de forma a desestimular novas ocupações com moradias.
Onde não há parques, haverá pelo menos uma ciclovia.
Embora o projeto tenha sido concebido para lidar com as enchentes que ocorrem hoje, algumas obras já foram dimensionadas para eventos extremos relacionados com as mudanças climáticas, sendo dimensionadas completamente para uma possível elevação do nível médio do mar nos próximos 25 anos. “Não quer dizer que toda a Baixada esteja protegida por 25 anos, pois esse dimensionamento só foi feito para algumas obras, aquelas cuja vida útil será mais longa”, avisa Canedo.
Um fator que contribui para as enchentes na Baixada – o lixo jogado nos rios e córregos – não está perfeitamente contemplado no projeto. Este foi montado pelo governo estadual, ao passo que o recolhimento e a disposição do lixo são atribuições das prefeituras. Mas como o clima não respeita limites geográficos ou políticos, a Coppe já propôs a criação de uma agência intermunicipal na Baixada para resolução de problemas que não podem ser resolvidos pelo estado nem por um município isoladamente. Entre esses problemas estão o lixo e a macrodrenagem, tendo em vista
que um mesmo rio corta vários municípios.
Outro caso a ser destacado é o transporte coletivo.
Canedo aposta nos impactos positivos do projeto na vida diária das populações pobres da região. “Trabalhamos na Baixada há muitos anos e observamos o empobrecimento crônico das populações que viviam em áreas de enchentes.
A pessoa tinha um sofá de três lugares, vinha a chuva e o destruía. Ela não conseguia mais comprar sofá de três lugares, comprava de dois. Vem a chuva e o leva. E assim vai, cada ano sempre pior do que o que passou”, relata o professor.
Ele assegura que, protegidos agora dessas perdas e tendo seus bairros valorizados pelas obras contra as enchentes, esses cidadãos recuperam a capacidade de poupar e de investir em benfeitorias em suas moradias e em pequenos negócios, ainda que informais, como bares e mercadinhos.
“No entanto, o mais importante é que eles recuperam a esperança, a capacidade de sonhar e fazer projetos para o futuro. Todo mundo se sustenta na esperança, menos quem vive no empobrecimento crônico”, lembra o professor.



Coppe lança revista sobre os desafios das mudanças climáticas





http://www.planeta.coppe.ufrj.br/artigo.php?artigo=1293

A Coppe acaba de lançar a revista Clima & Energia: a Coppe e os desafios da mudança climática. A publicação traz estudos e pesquisas desenvolvidos por professores e pesquisadores que apontam propostas e ações para enfrentar os impactos presentes e futuros do aquecimento global.

Dividida em seis capítulos, a revista mostra a contribuição da engenharia na busca de soluções para mitigação das emissões dos gases responsáveis pelo aquecimento global e adaptação dos impactos da mudança do clima e suas variações. Também revela a opinião de especialistas sobre um dos maiores desafios do século: conciliar energia e clima, uma equação complexa que está na raiz da intensificação do aquecimento global que ameaça mudar o clima do planeta, com graves consequências para a humanidade.

A versão online da revista está disponível no site da Coppe






Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia - Coppe/UFRJ

http://www.coppe.ufrj.br/coppe/apresentacao.htm

A Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia – nasceu disposta a ser um sopro de renovação na universidade brasileira e a contribuir para o desenvolvimento do país. Fundada em 1963, a instituição que ajudou a criar a pós-graduação no Brasil foi fundada pelo engenheiro Alberto Luiz Coimbra e teve como embrião o curso de mestrado em Engenharia Química da então Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).



Ao longo de quatro décadas, a Coppe tornou-se o maior centro de ensino e pesquisa em engenharia da América Latina. A instituição, que possui 12 programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado), já formou mais de 11, 5 mil mestres e doutores e conta hoje com 320 professores doutores em regime de dedicação exclusiva, 2.600 alunos e 350 funcionários, entre pesquisadores e pessoal técnico e administrativo. Para atender às demandas de sua crescente produção científica e o desenvolvimento de projetos de pesquisa contratados, conta com 116 modernos laboratórios, que formam o maior complexo laboratorial do país na área de engenharia.



O padrão de excelência se reflete na produção acadêmica. Anualmente são defendidas na instituição cerca de 200 teses de doutorado e 400 dissertações de mestrado. Seus pesquisadores publicam por ano, em média, 1.500 artigos científicos em revistas e congressos, nacionais e internacionais. Na última avaliação da Capes, oito dos 12 cursos da Coppe obtiveram os conceitos 6 e 7, os mais altos do sistema, atribuídos a cursos com desempenho equivalente aos dos mais importantes centros de ensino e pesquisa do mundo. Dos dez cursos de pós-graduação de engenharia oferecidos no país que obtiveram conceito 7, seis são da Coppe.



Recentemente, a instituição criou áreas temáticas integradoras, entre elas engenharia da saúde, engenharia molecular e nanotecnologia, com a finalidade de incentivar atividades transversais de ensino e pesquisa.



No cenário internacional, possui projetos em cooperação com várias instituições científicas de renome mundial e tem em seus quadros docentes que integram comitês e entidades de pesquisa de vários países. Seis de seus professores participaram do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, entidade que em 2007 foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz.



Em janeiro de 2009, inaugurou o Centro Brasil- China de Mudança Climática, Energia e Tecnologias Inovadoras, que tem como objetivo promover a cooperação tecnológica e acadêmica entre a Coppe e a Universidade de Tsinghua, principal universidade chinesa na área de engenharia.



Criado com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Centro está sediado na Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde mantém um escritório para coordenar suas atividades e estabelecer contatos com empresas brasileiras e chinesas potencialmente interessadas nas tecnologias que serão desenvolvidas em conjunto.



Apoiada nos três pilares que desde sempre a norteiam – a excelência acadêmica, a dedicação exclusiva de professores e alunos, e a aproximação com a sociedade –, a Coppe destaca-se como centro irradiador de conhecimento, de profissionais qualificados e de métodos de ensino, servindo de modelo para outras universidades e institutos de pesquisa em todo o país.





Compromisso com o País e com a sociedade



Ciente da importância do papel da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento do país, a Coppe criou uma estrutura voltada para a gestão de convênios e projetos. Desde que foi inaugurada, em 1970, a Fundação Coppetec já administrou mais de 10 mil convênios e contratos com empresas, órgãos públicos e privados e entidades não-governamentais nacionais e estrangeiras.



A parceria com a Petrobras, que completou 30 anos em 2007, foi o primeiro grande convênio de cooperação celebrado entre a empresa e uma universidade. Em 1985, já havia em operação 33 plataformas fixas projetadas no Brasil com base no trabalho dessa parceria, que virou referência internacional e ajudou a erguer a tecnologia que hoje dá ao país a liderança mundial da exploração e produção de petróleo em águas profundas. O Brasil economizou bilhões de dólares em divisas e conquistou a autossuficiência em petróleo.



Confirmando a capacidade de antecipar soluções tecnológicas para as demandas que se apresentarão no futuro, pesquisadores da Coppe já estão trabalhando em novas tecnologias que apoiarão a Petrobras e o governo brasileiro na exploração de petróleo na camada do pré-sal. http://www.coppe.ufrj.br/img/coppe_pre-sal.pdf



A Coppe foi pioneira na aproximação da academia com a sociedade. Transformando resultados em riquezas para o país, criou em 1994 a Incubadora de Empresas, cuja atuação já favoreceu a entrada de 90 serviços e produtos inovadores no mercado. Por ela passaram 31 empresas, que já ganharam autonomia, e outras 15 estão ali abrigadas.



Acreditando que a universidade brasileira pode ter uma importante colaboração na criação e no fortalecimento de empreendimentos inovadores que introduzem novos produtos, processos e serviços diferenciados no mercado consumidor, a Coppe criou o Idea, um projeto que conta com o apoio do Sebrae e tem como objetivo para estimular alunos e pesquisadores a transformar os resultados de suas pesquisas em produtos e novos negócios.



A instituição também colocou a engenharia e suas tecnologias para enfrentar a pobreza e as desigualdades sociais, lançando uma ponte entre o Brasil dos incluídos e o dos excluídos. Para atuar nessa frente de trabalho, inaugurou em 1995 a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares, que já criou milhares de postos de trabalho e se tornou referência, tendo seu modelo replicado em outros estados e países.



A Coppe se transformou em referência sem perder a essência que deu origem a sua história: a ousadia, o espírito crítico, a profunda ligação com a realidade brasileira, o compromisso com a inovação e com o desenvolvimento do Brasil.