quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Copa do Mundo desafia companhias aéreas brasileiras


Copa do Mundo desafia companhias aéreas brasileiras


Empresas terão de enfrentar os entraves na infraestrutura de aeroportos e na preparação de pessoal

Brasil Econômico - Érica Ribeiro 
Brasil Econômico
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deverá liberar hoje (16) quase todos os voos extras solicitados pelas companhias aéreas brasileiras no período da Copa do Mundo. Mas, segundo uma fonte do setor, o maior desafio das empresas será driblar os problemas de infraestrutura dos aeroportos e ter pessoal suficiente em terra e no ar para dar conta da demanda. Dados parciais apresentados pela Anac mostram que, até o dia 6 de janeiro, foram solicitados 1.523 novos voos. A TAM anunciou o pedido de mil voos e a Avianca de outros 430. A Azul enviou pedido com 310voos adicionais. A Gol não informou o número de solicitações enviadas à Anac. Mas a previsão é de que o volume de voos ultrapasse dois mil pedidos à agência reguladora.

Divulgação
Alta na demanda, voos extras e gargalos na infraestrutura desafiam aéreas na Copa

“As empresas conversaram entre si e, para dar conta de todo esse movimento, vão precisar investir bastante. Quando a TAM fala em investimentos acima de R$ 50 milhões, isso inclui além de pessoal temporário, mais aeronaves. Um exercício que a empresa terá que fazer e que vai além do rearranjo de suas rotas atuais. Pode ser que a companhia precise alugar aviões nesse período”, afirma a fonte.
A Azul, diz o especialista, é a única dentre as principais empresas do setor em situação mais confortável, por ter um contrato de longo prazo e um programa de entrega de aeronaves com a Embraer.
As aéreas brasileiras também terão que seguir à risca as regras sobre atendimento e preços de voos extras para a Copa. De acordo com a fonte, o governo vai cobrar mais transparência na venda e na informação aos passageiros sobre os voos extras para a Copa.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a perspectiva — com base em exemplos de movimentação em países que já sediaram a competição — não é de uma explosão de passageiros. A previsão é de embarques concentrados, com momentos de maior fluxo de viajantes em trânsito.
O cronograma de entrega das obras nos aeroportos é o que gera mais preocupação, assim como a questão do clima na região Sul do país, onde no período de inverno aeroportos como o de Porto Alegre costumam fechar para pousos e decolagens. Outra questão, já encaminhada à Anac pela Abear no final do ano passado, diz respeito à ampliação do horário de funcionamento de aeroportos que operam normalmente com restrições, caso de Santos Dumont, no Rio, e Congonhas, em São Paulo. Responsáveis pela rota mais rentável da aviação nacional, a ponte aérea Rio-São Paulo, eles podem ser uma alternativa para distribuição de passageiros. A Abear aguarda a aprovação da Anac ao pedido de extensão de horário nesses aeroportos, que hoje operam até 23h.
Na avaliação de Respicio Espirito Santo, professor de transporte aéreo da UFRJ, as empresas vão estar preparadas para atender à demanda para a Copa do Mundo.
“Nossas empresas já têm vários anos de amadurecimento no setor, assim como também integram alianças internacionais nas quais eles podem obter informações de como proceder em eventos de grande porte como é o caso de uma Copa do Mundo. Além disso, alterar a malha nacional para servir a uma competição como essa não chega a ser um é bicho-de-sete-cabeças para nenhuma das partes envolvidas, tanto públicas como privadas”, afirma.
Para o professor, as companhias brasileiras não vão “reinventar a roda” e devem remanejar voos menos rentáveis no período e cancelar férias de funcionários
No entanto, diante da atual situação dos aeroportos brasileiros, ele aponta como entraves a a falta de posições de estacionamento e de permanência de aeronaves, incluindo a movimentação da aviação executiva, que é composta por jatos e helicópteros.
Segundo um analista do setor, companhias estrangeiras estão de olho no fluxo de passageiros para a Copa e declaradamente prontas para entrar em ação caso as concorrentes brasileiras não consigam dar conta da movimentação durante a competição. Mesmo em período de alta temporada no exterior, uma empresa americana e outra europeia, cujos nomes não foram revelados, consideraram viável atuar no país.
A proposta coloca novamente em discussão de cabotagem por empresas estrangeiras como forma de pressionar a queda nas tarifas aéreas, assunto que já foi alvo de estudos pela Secretaria de Aviação Civil (SAC), mas que esbarra na legislação brasileira e em acordos internacionais.