terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Praia no parque...


13/01/2013 - 03h00

Prefeitura oficializa praias na Guarapiranga e reforça turismo na região


A capital paulista não tem litoral, mas oficialmente tem praia desde o fim do ano passado. A menos de 25 quilômetros da praça da Sé, região central da cidade, o paulistano encontra sombra, areia e água... doce.
Um decreto do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD), de 14 de novembro de 2012, oficializou e regulamentou o uso de 18 praias na represa de Guarapiranga, na zona sul. A ação faz parte de um plano do governo municipal para reforçar o turismo na região.
Guarujapiranga, Dedo de Deus e praia do Sol já eram opções de lazer às margens do reservatório, que recebe cerca de 10 mil pessoas por dia durante os meses de verão, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

Praias de paulistano


Silvia Zamboni/Folhapress
Banhistas aproveitam a praia do Sol, uma das 18 praias oficializadas pela prefeitura no fim do ano passado
Agora, reconhecidas pela prefeitura, as praias serão fiscalizadas pela Marinha e deverão receber placas de sinalização turística e medições da qualidade de suas águas.
Atualmente, a Cetesb verifica a balneabilidade de apenas seis praias da Guarapiranga -entre elas, quatro foram oficializadas pela prefeitura, sendo que duas são consideradas próprias para banho - segundo última medição do órgão.
Além disso, oito parques ao longo da orla da represa estão sendo construídos -cinco já foram entregues. E, em dezembro, foi inaugurada a ciclofaixa de lazer da Guarapiranga, com 11,2 km de extensão, que liga a avenida Atlântica à ciclofaixa da marginal Pinheiros.
Nada, porém, parece ter sido mais celebrado por comerciantes, moradores e frequentadores da represa ouvidos pela sãopaulo do que a oficialização dos nomes das praias, que já eram utilizados informalmente pelos "caiçaras" da Guarapiranga.
Em seu entorno, há outras praias além das 18 oficializadas, mas o governo municipal trabalha com o número de pontos reconhecidos pela Marinha. Esta, por sua vez, afirma considerar apenas as áreas que possuem infraestrutura mínima e que têm procura maior pela população.
"É o reconhecimento das tradições. Fiquei muito feliz de a prefeitura ter preservado isso", afirma José Nelson Simas, 64, gerente de uma lanchonete localizada há mais de 20 anos na avenida Atlântica, em Interlagos, principal via que contorna parte da orla da represa.
CONSULTA POPULAR
De acordo com Simas e outros comerciantes locais, uma "consulta" foi realizada pela prefeitura para confirmar o nome das praias. "Funcionários das subprefeituras nos procuraram para saber por qual nome o povo chamava as praias", diz Wellington Silva Lis, 32, garçom de um restaurante que fica à beira da represa. A informação não foi confirmada pela prefeitura.
Responsável por abastecer cerca de 3,5 milhões de habitantes, a Guarapiranga deverá receber até o fim deste ano sinalização de trânsito semelhante a de outros pontos turísticos da capital, como os parques Ibirapuera e Anhembi.
"O potencial do reservatório não podia mais ser ignorado", disse, em nota, a gestão passada da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, responsável pelo decreto.
A instalação das placas turísticas, em cor marrom, será feita pela SPTuris, empresa de promoção do turismo da cidade de São Paulo.
As 18 praias e as principais vias de trânsito das subprefeituras de Capela do Socorro, Parelheiros e M'Boi Mirim, que abrigam as áreas, serão sinalizadas.
A expectativa é de praias ainda mais cheias nos dias ensolarados e lucro para o comércio local. "[A oficialização das praias] ajuda a atrair mais gente", afirma Simas.
"Será ainda mais difícil encontrar lugar para estender a canga e montar o guarda-sol. O pessoal vai descobrir como isso aqui é bom", brinca a dona de casa Josélia Soares, 45, que no domingo passado (6) aproveitava a praia de Guarujapiranga com seus dois filhos.
TIPOS DE USO
Entre as 18 praias, 12 são de uso exclusivo para banhistas, duas de uso misto -em que embarcações são permitidas- e quatro voltadas para atividades náuticas, explica o capitão-de-fragata André Luiz Pereira, do Comando do 8º Distrito Naval da Marinha. "Identificamos as áreas e estabelecemos pontos para reduzir os acidentes na represa."
No ano passado, três acidentes envolvendo embarcações e banhistas foram registrados na Guarapiranga. "A meta é zerar esse número", afirma Pereira. Após a publicação do decreto, um convênio foi assinado entre a prefeitura e a Marinha.
O documento determina a fiscalização compartilhada entre a Força e a GCM (Guarda Civil Metropolitana) das águas, das embarcações e dos motoristas náuticos no local.
O controle também ficará mais rígido em relação à qualidade da água. "O número de pontos de avaliação poderá aumentar de acordo com o interesse público", explica Uladyr Nayme, engenheiro do setor de águas superficiais da Cetesb.
"Já chegamos a avaliar 13 pontos, mas os custos acabaram diminuindo o serviço", justifica Nayme as atuais seis áreas que têm a balneabilidade verificada -o órgão testa a presença de algas, esgoto e substâncias nocivas à saúde.

#arsao guarapiranga