Casa de bambu eficiente inspirada nos conceitos do Feng Shui
21/09/2017 por Redação SustentArqui
O Studio Cardenas, com sede em Milão, projetou uma casa de bambu eficiente em energia, localizada na China, inspirada nos conceitos do Feng Shui.
A proposta da casa inaugurada em 2016, explora a potencialidade de minimizar as emissões de carbono, maximizar a proteção ambiental e o desenvolvimento ecológico, através do uso dos elementos naturais disponíveis na área de Baoxi, como sol, água, plantas, vento e materiais naturais para alcançar uma casa inovadora.
Os tópicos considerados para o projeto da Casa de bambu eficiente em energia foram:
– Estrutura de bambu;
– Modularidade e industrialização;
– Feng Shui
– Refrigeração geotérmica
Estrutura de Bambu
O bambu é a planta que absorve a maior quantidade de dióxido de carbono durante seu ciclo de vida, está pronto para ser usado na construção em cerca de 3 anos e cresce muito mais rápido do que qualquer espécie de árvore. l
A China é o pais com maior emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global. O uso do bambu neste contexto é muito conveniente, especialmente porque a casa está perto do Mar da Floresta de Zhejiang, portanto, o bambu é um recurso natural do local.
Para isso, os arquitetos desenvolveram um sistema modular de construção de bambu industrializado com geometria precisa e conexões de alumínio leve para facilitar a expansão a desmontagem e o transporte.
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– Modularidade e industrialização
Foram projetadas conexões a seco em alumínio, para não enfraquecer o bambu através das perfurações, nem preenchê-lo com concreto, e também para permitir a substituição das peças de bambu, se necessário.
Foram combinados o bambu (aço vegetal) e o aço para criar um sistema de construção industrializado; aplicando uma geometria precisa, baseada na proporção Áurea.
A estrutura é fácil de montar para que a construção possa ser feita por trabalhadores locais;
Usando o mesmo comprimento das peças de bambu para alcançar a padronização e o melhor controle de qualidade.
Feng Shui
Com base no contexto chinês do edifício, os arquitetos aplicaram os princípios do Feng Shui ao layout, que inclui nove praças em cada andar.
A partir do Baguá os arquitetos organizaram os espaços da casa para oferecer a melhor orientação e melhorar a vida dos moradores ao receberem a energia positiva (Qi), segundo a técnica milenar.
O pátio interno é um espaço importante onde a energia flui e entra pela casa. Os espaços interiores possuem poucas paredes de divisão para permitir que a energia positiva (Qi) e a ventilação natural possa fluir livremente, de modo que o Qi entre devagar, se mova pela casa trazendo benefícios a todas as áreas da casa sem estagnar por dentro, e depois saia.
– Refrigeração geotérmica
Para minimizar o uso de energia, a casa de bambu eficiente usa água subterrânea acoplada a uma bomba de calor geotérmica para aquecimento e resfriamento internos.
Uma vez que este sistema aproveita as temperaturas naturalmente estabilizadas da Terra, é pelo menos 25% mais eficiente em termos de energia do que os sistemas convencionais e estima-se que consuma 15% menos energia do que as tradicionais.
“Para nós, a sustentabilidade não é apenas o uso de materiais naturais, como o bambu, mas também o projeto de soluções de construções apropriadas”, disseram os arquitetos
Fonte e fotos: Studio Cardenas
Uma casa de bambu em Parque Estadual de Niterói
05/03/2015 por Cristiane Nunes
Esta casa localizada no Parque Estadual da Serra da Tiririca, em Niterói – RJ, foi construída em bambu, como o principal material construtivo.
O projeto é assinado pela a arquiteta Celina Llerena, diretora da Ebiobambu (Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia Experimental em Bambu), que escolheu o bambu por ser um material ecologicamente correto. Após três anos de vida, o material permite em média dois cortes anuais e possui um dos mais rápidos crescimentos no reino vegetal.
“O bambu é autorrenovável e autossustentável, quanto mais se corta, mais fortalece a moita, que cresce sem parar, sem esquecer os critérios de corte e manejo” diz a arquiteta.
Além de ser sustentável, o projeto é versátil e de baixo custo. A fundação da casa foi feita com manilhas, preenchidas com concreto ciclópico (ou fundo de pedra amassada) e vigas pré-moldadas, que sustentam a laje de piso. Utilizou, ainda, outros materiais, como as pedras para revestimento de uma das fachadas laterais, e o eucalipto para a rampa de acesso – material especificado por ser mais resistente a intempéries.
O bambu utilizado nesse projeto foi o Phyllostachys pubecens, diferente da madeira, essa planta não possui cerne, por isso em bambus usam-se parafusos, e não pregos. É preciso deixar a base do bambu de 40 cm a 50 cm acima do nível do solo, evitando o contato com a umidade que sobe por capilaridade, além de evitar a incidência direta de sol e chuva com estrutura como beirais.
As estruturas com bambus são leves e resistentes, possuem feixes fibrovasculares mais concentrados que formam uma fração fibrosa, conferindo à planta elevada resistência mecânica como tração, compressão e flexão dependendo da espécie e idade do tipo de caule, chamados de colmos.
A casa com 255 m² possui estrutura que segue um princípio básico de pilares e soleiras. São dois tipos de pilares: os de fechamento que são os suportes para a sustentação das paredes, portas e janelas; e os pilares estruturais, que vão até o telhado, criando uma espécie de esqueleto da casa, tudo de bambu.
As paredes receberam quadros de madeira grampeados com chapas de ferro laminado, nas quais foram aplicadas argamassa com simples desempenadeiras. O resultado é uma parede comum, sem o uso de tijolos.
Para o telhado jardim foram instaladas na cobertura, as mesmas chapas de ferro, aparafusadas no próprio bambu, com uma camada de argamassa de 4 cm. O material foi coberto com uma manta com geotêxtil que, por sua vez, foi sobreposta com uma camada de 6 cm a 7 cm de terra. Já com a terra, foram colocados os rolos de gramas e arranjos com bromélias e outras flores de raízes rasas.