Enviado em 01/01/2014 às 18h43, última atualização: 02/01/2014 às 10h53.
Ricos fumam mais
DIÁRIO DA MANHÃ
ELPIDES CARVALHO
Pesquisa divulgada recentemente pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou crescimento no consumo de cigarros entre pessoas de melhor poder aquisitivo – a chamada classe A –. Nos últimos seis anos, a população mais rica do País elevou o uso de tabaco em 110%, contrariando a média nacional, com queda de 20% no consumo de cigarros no mesmo período, entre 2006 e 2012.
Foto: Divulgação
O estudo foi realizado em cerca de 150 municípios brasileiros, onde foram entrevistadas mais de três mil pessoas com mais de 14 anos em 2006, e 4,6 mil indivíduos no ano passado. Os dados fazem parte do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad).
Conforme a pesquisa, o percentual de fumantes da classe A, em 2006, era de apenas 5,2%. Já no ano passado, o consumo mais do que dobrou e subiu para 10,9%. Na contramão dos dados da população rica, maior consumidora de cigarros, segundo a mostra, outras camadas sociais apresentaram menor uso do tabaco. Na classe B, passou de 14,7%, em 2006, para 12,7%, em 2012. A mesma tendência é seguida pela faixa C, que diminuiu de 21,8% para 19,1%. No grupo D e E, os recuos passaram de 22,7% para 19%, e, 24,9% para 22,9% respectivamente.
“Embora a classe econômica mais privilegiada tenha mais conhecimento, o fato de ter dinheiro para consumir cigarros se torna mais relevante. Acredito que isso mostra a importância de se pensar em aumentar o imposto, porque é um fator que pode, muito provavelmente, ser mais eficaz que campanhas de conhecimento de que o cigarro faz mal”, salienta Ana Cecília Marques, uma das responsáveis pelo levantamento.
A pesquisadora ainda explica que, no momento da decisão sobre comprar ou não um maço de cigarros, o dinheiro no bolso pesa mais que alta escolaridade e maior esclarecimento sobre efeitos nocivos do fumo. Há dois anos, o Ministério da Saúde estipulou aumento gradativo da carga tributária sobre os cigarros e do preço mínimo para a venda do maço.
Regiões do País
O levantamento da Unifesp comparou o aumento do consumo de cigarros em diferentes lugares do Brasil. A região Sul, embora tenha apresentado queda, foi a que mais consumiu tabaco (20,2%) em 2012, contra 25,9% em 2006. O uso do fumo em outras regiões do País também ocorreu redução dentro do mesmo período: Norte (20%), Sudeste (19%), Nordeste (18%) e Centro-Oeste (15%).
Segundo o estudo, 50% dos pesquisados afirmaram já ter experimentado cigarro pelo menos uma vez na vida e, desses, 51% permanecem fumando. A grande maioria dos entrevistados (73%) admitiu que tentaria largar o cigarro se tivesse acesso a tratamento gratuito.
Outro aspecto investigado, de acordo com a pesquisa, foram os indicadores de dependência. Um deles é consumir o primeiro cigarro até cinco minutos após acordar. Neste contexto, 25,3% disseram, em 2012, ter essa necessidade, contra 17,9% que admitiram sofrer o problema em 2006.
Já no aspecto difícil ou bem difícil passar um dia sem fumar foi outro item investigado pelo estudo para avaliar a dependência. Na ocasião, 67,8% dos participantes assumiram essa dificuldade no ano passado, ante 59% em 2006. Entre fumantes que tentaram parar de fumar e não conseguiram houve queda de 9%, ou seja, de 72% em 2006 passou para 63% em 2012.