5º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas mostra a urgência de medidas das nações para
frear os efeitos
POR AGÊNCIA BRASIL
A síntese do 5º Relatório do Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês), divulgado
neste domingo (2/11), em Copenhague, na Dinamarca, mostra que se não houver
ação imediata das nações para frear o aquecimento global, em pouco tempo, não
haverá muito o que fazer. “Se as taxas de emissão de gases de efeito estufa
continuarem aumentando, os meios de adaptação não serão suficientes”, aponta o
documento.
“Temos uma janela de oportunidade,
mas ela é muito curta. O relatório mostra isso. As mudanças climáticas não
deixarão nenhuma parte do globo intacta”, enfatizou o presidente do IPCC,
Rajendra Pachauri, durante a apresentação da síntese. Ele ressaltou que ainda
há meios para frear as mudanças climáticas e construir um futuro mais próspero
e sustentável, mas que a comunidade internacional precisa levar a questão a
sério.
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O relatório, elaborado com a
participação de mais de 800 cientistas de 80 países, mostra que a emissão de
gases de efeito estufa, responsável pelo aquecimento global, tem aumentado
desde a era pré-industrial, como consequência do crescimento econômico e da
população. De 2000 a 2010, indica o documento, as emissões foram as mais altas
da história. “A acumulação de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na
atmosfera alcançaram níveis sem precedentes nos últimos 800 anos”.
Entre 2000 e 2010, a produção de
energia por meio da queima de combustíveis fósseis foi responsável por 47% da
emissão globais de gases de efeito estufa. A indústria respondeu por 30%, o
transporte por 11% e as construções por 3%.
Pachauri enfatizou, ao longo da
apresentação, que emissões continuadas tem levado a um aquecimento global
contínuo, ao derretimento das geleiras e ao consequente aumento do nível do
mar. Nas últimas três décadas foram registrados sucessivos aquecimentos na
superfície da Terra, sem precedentes desde 1850. O período entre 1983 e 2012
foi o mais quente dos últimos 800 anos no Hemisfério Norte, de acordo com a
síntese. O aquecimento médio global combinado da Terra e dos oceanos no período
de 1880 a 2012 foi 0,85 grau Celsius (°C).
O derretimento das geleiras, em
especial na Groelândia e na Antártida, geraram o aumento do nível do mar em 19
centímetros de 1991 a 2010. O número é maior do que os registrados nos últimos
dois milênios. O relatório alerta, também, para a acidificação dos oceanos em
26% por causa da apreensão de gás carbônico da atmosfera, o que pode ter
impacto grave sobre os ecossistemas marítimos.
Ao fazer projeções para o futuro, os
cientistas preveem impactos severos e irreversíveis para a humanidade e para os
ecossistemas. “Se não frearmos as mudanças climáticas, elas ampliarão os riscos
já existentes e criarão novos riscos. Meios de vida serão interrompidos por
tempestades, por inundações decorrentes do aumento do nível do mar e por
períodos de seca e extremo calor. Eventos climáticos extremos podem levar a
desagregação das redes de infraestrutura e serviços. Há risco de insegurança
alimentar, de falta de água, de perda de produção agrícola e de meios de renda,
particularmente em populações mais pobres. Há também risco de perda da biodiversidade
dos ecossistemas”.
De acordo com a síntese, mesmo se
houver um esforço das nações para limitar o aquecimento da Terra a 2°C, ainda
assim, os efeitos continuarão a ser sentidos por um longo tempo. “Ondas de
calor vão ocorrer com mais frequência e durar mais, e precipitações extremas se
tornarão mais intensas e frequentes, em mais regiões. Os oceanos vão continuar
a se aquecer e acidificar e o nível do mar continuará a subir”.
O relatório enfatiza que, para frear
as mudanças climáticas e gerenciar os seus riscos, é preciso que as nações
promovam ações combinadas de mitigação e adaptação. “Reduções substanciais nas
emissões de gases de efeito estufa nas próximas décadas podem diminuir os
riscos das mudanças climáticas e melhorar a possibilidade de adaptação efetiva
às condições existentes”. Os cientistas reconhecem, entretanto, que essas
reduções demandarão mudanças tecnológicas, econômicas, sociais e institucionais
consideráveis.
Para o secretário-geral da
Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que participou da apresentação do
relatório, é preciso agir imediatamente. “O tempo não está a nosso favor. Vamos
trabalhar juntos para construir um mundo mais sustentável. Vamos preservar o
nosso planeta Terra e promover desenvolvimento de maneira sustentável”, disse.