Guarda é agredido em 'rolezinho' de jovens em parque de Guarulhos
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/01/guarda-e-espancado-em-rolezinho-de-jovens-em-parque-de-guarulhos.html
Segundo a prefeitura, adolescentes consumiam bebida alcoólica.
Guarda teve ferimentos leves; quatro pessoas foram detidas.
Um guarda municipal foi agredido durante um 'rolezinho' de jovens no Bosque Maia, em Guarulhos, na tarde de domingo (12). Ele estava acompanhado de outro guarda quando encontrou os jovens consumindo bebida alcoólica.
Os "rolezinhos" são como ficaram conhecidos os encontros de adolescentes marcado pela internet, que ocorrem em shoppings, parques ou outros espaços.
Segundo a Prefeitura de Guarulhos, os dois guardas foram agredidos com lixeiras e pedras quando abordaram os jovens, que consumiam bebida alcoólica. Uma lixeira acertou um dos guardas no rosto, e depois ele foi espancado. Os ferimentos foram leves.
A Secretaria da Segurança Pública informou que 3 mil jovens participavam do "rolezinho". Quatro foram detidos e levados para a delegacia, entre eles três adolescentes.
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Shopping JK
Também no final de semana, um "rolezinho" ocorreu no Shopping Itaquera, na Zona Leste de São Paulo no sábado (11). A Polícia Militar reagiu com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Três pessoas foram detidas e depois liberadas, entre elas dois adolescentes.
Houve relatos de furtos a uma loja de jogos. Já o shopping disse, em nota, que não houve registro de furto ou roubo. "Jovens se exaltaram e ouve um princípio de tumulto", afirmou o texto.
Durante a confusão, ocorreu ainda um roubo na estação Itaquera do metrô, que fica junto do shopping. Uma pessoa foi presa.
Foi o sexto "rolezinho" em shoppings desde dezembro. Encontros semelhantes também foram marcados pelas redes sociais no Shopping Campo Limpo e Shopping JK Iguatemi para este mesmo sábado, dia 11. Ambos obtiveram liminares na Justiça que limitavam a entrada de jovens no centro de compras. Não foi registrada confusão nos locais.
Jovens se encontraram no Shopping Campo Limpo no início da tarde, mas não houve confusão. No Shopping JK Iguatemi, adolescentes desacompanhados foram impedidos de entrar no estabelecimento ou questionados sobre o motivo da visita. O "rolezinho" marcado para a tarde deste sábado não aconteceu. O cartaz colocado na entrada dizia: "O Shopping Center JK Iguatemi esclarece que obteve liminar no sentido de proibir a realização do movimento ROLEZAUM NO SHOPPIM nos limites do empreendimento, quer em sua parte interna ou externa, sob pena de incorrer cada manifestante identificado na multa de R$ 10 mil por dia".
NO SHOPPING JK IGUATEMI
Uneafro organiza rolezinho em repúdio a repressão a jovens no próximo sábado em SP
Pelo menos outros nove eventos estão marcados em shoppings da cidade e região metropolitana até 15 de fevereiro. Parques e clubes também terão rolês. Cariocas marcam ato em solidariedade para domingo
por Gisele Brito, da RBA publicado 13/01/2014 18:06, última modificação 13/01/2014 19:02
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ADRIANO LIMA/BRAZIL PHOTO PRESS/FOLHAPRESS
No fim de semana, jovens foram impedidos de realizar evento no Shopping Iguatemi, no Itaim
São Paulo – A Uneafro, Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora, vai coordenar um rolezinho no Shopping JK Iguatemi, na zona sul de São Paulo, sábado (18), às 12h, em repúdio à reação violenta e racista aos encontros organizados por jovens na cidade. A concentração dos manifestantes será no Parque do Povo, ao lado do centro de compras.
Pelo menos outros nove rolezinhos estão agendados em shoppings na cidade e na região metropolitana até 15 de fevereiro. Também há eventos marcados no Parque do Ibirapuera e nas unidades Itaquera e Interlagos do Sesc. Em solidariedade aos paulistanos, cariocas marcaram um rolezinho no Shopping Leblon, no domingo (19).
O shopping JK é um dos seis que obtiveram liminar na justiça paulista para que os eventos não ocorressem, com multa de R$ 10 mil para descumprimento da decisão. Em sua decisão, o juiz Alberto Gibin Villela argumenta que "grupos se infiltram nestas reuniões com finalidades ilícitas e transformam movimento pacífico em ato de depredação, subtração, violando o direito do dono da propriedade, do comerciante e do cliente do shopping" e que o direito de livre manifestação não pode se sobrepor a outros.
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“É uma reação do movimento negro à forma como têm reagido, não só os shoppings, mas a própria justiça que, de maneira deliberada, institucionaliza uma segregação. O controle desses rolês é uma face do racismo mascarado pelo discurso da segurança e proteção. O que não é novidade, porque esse discurso sempre foi usado para praticar violência contra a juventude pobre em geral e a negra em especial”, afirma o coordenador da Uneafro, Douglas Belchior.
No último sábado (11), dois rolezinhos foram reprimidos na cidade. No Shopping Itaquera, zona leste, a PM chegou a usar bombas de gás e balas de borracha contra os garotos na rampa que liga o metrô ao centro de compras. No Shopping Campo Limpo, zona sul, jovens foram agredidos com cassetetes por policiais. Os dois estabelecimentos também tinham liminares que impediam os rolês.
Os eventos estão sendo organizados por meio da rede social Facebook. Nos textos de descrição dos eventos, os organizadores afirmam que se trata de uma “oportunidade de tirar um lazer” e pedem para que ninguém “arraste”, ou seja, prejudique o evento. Adolescentes de ambos os sexos publicam fotos e falam em beijar na boca. Há também posts mencionando ações criminosas, a maioria deles repudiada por outros convidados, que acusam os incitadores de serem policiais, ou X9 (dedos-duros).
Para Belchior, a reação revela uma postura contraditória inclusive por parte dos shoppings. “Nos últimos anos muitas pessoas tiveram acesso ao consumo e esses centros comerciais se espalharam, inclusive pelas periferias, justamente atrás desse poder aquisitivo. A presença dessas pessoas acaba gerando um impasse, que é justamente o impasse racial nesses lugares que eram 'monocolor'”, desabafa.
O coordenador da Uneafro afirma que é fundamental combater esse tipo de ação porque ela torna natural o racismo. “O jovem que é impedido de entrar no shopping hoje é o mesmo que é visto com muita naturalidade como vítima de assassinato, como preso ou decapitado. O racismo trabalha essa lógica”, pontua.