Apesar do forte apoio médico, a Comissão Europeia ainda está hesitante sobre como legislar este cigarro. A venda será proibida a menores de idade. A discussão também gira em torno dos impostos num produto que custa cerca de um quinto do preço dos cigarros normais. Apesar dos louvores, a Comissão Europeia, na sua diretiva relativa ao tabaco tem colocado restrições à comercialização e à venda deste cigarro. Como afirma Salvatore Adamo dono de uma loja de tabaco:“Estão um pouco intrigados com este produto, dizendo que não sabem o que contém. O famoso princípio da precaução. Nunca usamos este “princípio da precaução” em relação ao cigarro normal. Então porque o estamos a usar para este? Há uma preocupação, que se sente na opinião pública.”
Porquê desconfiar de um produto que muitos médicos afirmam ser muito mais seguro do que fumar tabaco normal? Para os apoiantes do cigarro eletrónico, deve-se à pressão do lobby vindo das grandes farmacêuticas e indústrias de tabaco, que querem por as mãos num produto em crescimento.
Para o diretor da Organização para a Prevenção do Tabagismo Francesa, Bertrand Dautzenberg, o problema da Comissão Europeia é a não existência de estudos aprofundados sobre os efeitos a longo prazo deste cigarro a vapor: “A diretiva da UE está obcecada com o nível de perigo deste produto quando esse é um problema microscópico. Resumindo: fumar é como ir para o lado errado da autoestrada. Usar o cigarro eletrónico é como conduzir a 140 km/h, quando o limite de velocidade é de 130. Se todos fizessem isso, haveria mais acidentes do que o podemos medir, mas comparado com andar no sentido contrário da autoestrada, verifica-se uma diminuição colossal dos riscos.”
Sebastien Bouniol é um dos fundadores da associação do cigarro eletrónico. Afirma que este cigarro não tem lugar na diretiva do tabaco da UE, uma vez que não contém tabaco. Apoia a legislação deste novo produto, mas preocupa-se que Bruxelas tente colocar demasiadas restrições.
A indústria do cigarro eletrónico da Europa ronda os 500 milhões de euros, muito longe dos 91 mil milhões do tabaco convencional. Mas em França, os donos de lojas de tabaco dizem que a nova diretiva do tabaco atingiu fortemente o negócio. Os preços dos cigarros subiram e nova legislação da UE fez diminuir a compra transfronteiriça de tabaco.
Embora haja poucos estudos até o momento, estima-se que cerca de um em cada vinte fumadores conseguiu deixar de fumar com o cigarro eletrónico. O Parlamento Europeu vota sobre a diretiva relativa ao tabaco, em março. Cada membro da UE vai ter dois anos para decidir como legislar o cigarro eletrónico. A esperança é que o cigarro eletrónico continue esta revolução que ajuda a Europa a deixar de fumar.