01/06/2013 07:00
Gasto com cigarro é maior que com comida
Apesar da queda no número de fumantes desde 1989, 25 milhões de pessoas ainda consomem tabaco
Os gastos dos brasileiros com cigarros têm se mantido nos últimos anos e o peso dessas despesas no orçamento mensal dos consumidores “é relevante”, disse o economista do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, André Braz. O alerta foi feito no Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado ontem. Braz ressaltou as implicações do consumo de cigarro para o orçamento doméstico. Segundo ele, os consumidores gastam com o cigarro o dobro do que usam para comprar arroz e feijão. “Cerca de 1,20% da renda média é gasta com cigarro. É um número representativo se comparar o gasto com arroz e feijão, a metade disso, só 0,60%”, disse.
O valor médio em reais dos gastos dos consumidores, no entanto, não é calculado, segundo o economista da FVG, porque varia conforme a quantidade de fumo por família e o número de integrantes de cada uma. André Braz explicou que os gastos sempre tiveram peso relevante (acima de 1%), mas ficaram estáveis nos últimos dez anos porque quem gosta de fumar não abre mão do cigarro. “O governo implementou uma política de aumento de imposto do produto para desestimular, então ainda que o número de fumantes seja em menor grupo sustenta o vício a um preço maior”, explicou.
De acordo com dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), na população com mais de 15 anos, o consumo de cigarros no Brasil caiu de 32%, em 1989, para 17% em 2008. Os 17% correspondem a 25 milhões de fumantes. Para o pneumologista do Inca, Ricardo Meirelles, a queda é resultado de um conjunto de ações do Programa Nacional de Antitabagismo. “A conscientização da população sobre o tabagismo e as leis são importantes. A lei que proíbe o fumo em ambiente fechado é importante porque sensibiliza o fumante e o incentiva a parar de fumar. A gente nota que as pessoas querem parar de fumar por que não têm mais liberdade de fumar como antigamente.” Para o pneumologista, o aumento no preço do cigarro também influencia no combate ao vício, assim como a proibição de propaganda, as campanhas para que os jovens não comecem a fumar, o aumento da oferta de assistência ao fumante na rede pública e, por último, a proibição que as pessoas fumem em prédios públicos.