O AVC (Acidente Vascular Cerebral), popularmente conhecido como derrame, já não é um mal que atinge exclusivamente pessoas mais velhas. De acordo com informações do Datasus (banco de dado do Ministério da Saúde), o número de internações em todo o país causadas por esse problema aumentou 21% na faixa etária de 15 a 34 anos, no período entre 2007 e 2011. No último ano analisado, foram registradas 4.933 internações por esse motivo no Brasil e, de janeiro a outubro de 2012, o número de pessoas internadas foi de 3.927.
A doença ocorre pela alteração na circulação cerebral e pode causar desde falta de sensibilidade em algum membro até a paralisia completa de todo o corpo. E os registros do Ministério da Saúde indicam que, ao menos quando se trata de jovens, as mulheres são as mais atingidas.
Esse foi o caso da corretora de imóveis Vanessa de Faria Nogueira, de 30 anos. Moradora da cidade de Rio Claro, a 175 quilômetros da capital, ela teve um AVC hemorrágico aos 28 anos e perdeu completamente os movimentos do lado esquerdo do corpo. “Trabalhava demais, fumava e cuidava pouco da saúde, mas nunca pensei que algo assim pudesse acontecer comigo tão jovem” revela Vanessa.
Após vários meses de fisioterapia, ela conseguiu recuperar 90% da capacidade de movimentar-se. Na entrevista que segue, ela diz ter encontrado o equilíbrio entre o lazer e as obrigações e conta sobre a comunidade Jovens Que Tiveram AVC, do Facebook, criada por Vanessa para dar apoio e trocar experiências com outros jovens na mesma situação dela.
EXEMPLO DE SUPERAÇÃO
A corretora de imóveis Vanessa de faria Nogueira, hoje com 30 anos, teve um derrame quando tinha 28. Hoje ela já recuperou 90% dos movimentos
DIÁRIO_ Que fatores, na sua opinião, causaram o AVC?
VANESSA NOGUEIRA_ Eu era gerente de uma agência de veículos. Trabalhava de segunda a sábado umas 12 horas por dia. Quase não tinha tempo para almoçar. Era um estresse muito grande, mas pensava que jovem aguentava tudo e deveria trabalhar bastante até os 40 anos para depois pegar mais leve.
VANESSA NOGUEIRA_ Eu era gerente de uma agência de veículos. Trabalhava de segunda a sábado umas 12 horas por dia. Quase não tinha tempo para almoçar. Era um estresse muito grande, mas pensava que jovem aguentava tudo e deveria trabalhar bastante até os 40 anos para depois pegar mais leve.
Como foi dia do derrame?
Era julho de 2010 e estava assistindo à final da Copa do Mundo. A partida nem era do Brasil, então não estava nervosa. De repente, comecei a sentir uma dor de cabeça muito forte, uma pressão na cabeça e nenhum remédio resolvia. Então, lembrei de um e-mail que tinha recebido de como ver se você estava tendo um AVC e vi que o meu braço esquerdo não estava respondendo. Aí, pedi para o meu namorado me lavar para o hospital.
Era julho de 2010 e estava assistindo à final da Copa do Mundo. A partida nem era do Brasil, então não estava nervosa. De repente, comecei a sentir uma dor de cabeça muito forte, uma pressão na cabeça e nenhum remédio resolvia. Então, lembrei de um e-mail que tinha recebido de como ver se você estava tendo um AVC e vi que o meu braço esquerdo não estava respondendo. Aí, pedi para o meu namorado me lavar para o hospital.
E a recuperação?
Assim que pude, comecei a fazer fisioterapia. Também tinha perdido a visão do olho esquerdo e, após três meses, ela acabou voltando. Cada parte do corpo que conseguia movimentar era uma grande vitória. Hoje, tenho praticamente todos os movimentos, menos o do pé esquerdo. Atualmente, a única coisa diferente é que passei a dirigir um carro automático.
Assim que pude, comecei a fazer fisioterapia. Também tinha perdido a visão do olho esquerdo e, após três meses, ela acabou voltando. Cada parte do corpo que conseguia movimentar era uma grande vitória. Hoje, tenho praticamente todos os movimentos, menos o do pé esquerdo. Atualmente, a única coisa diferente é que passei a dirigir um carro automático.
Além do estresse excessivo, como era sua vida?
Eu tinha uma série de hábitos que contribuíram para o AVC: era sedentária, fumava e tinha problemas de colesterol que não controlava muito bem. Além disso, tinha a predisposição genética a ter diabetes.
Eu tinha uma série de hábitos que contribuíram para o AVC: era sedentária, fumava e tinha problemas de colesterol que não controlava muito bem. Além disso, tinha a predisposição genética a ter diabetes.
Por que criou a comunidade no Facebook?
Porque eu achei que era exceção, mas depois vi que derrame em jovens é mais comum do que se pensa. É sempre uma forma de estímulo para quem já passou por isso.
Porque eu achei que era exceção, mas depois vi que derrame em jovens é mais comum do que se pensa. É sempre uma forma de estímulo para quem já passou por isso.
DOIS TIPOS DE DERRAME
Existem dois tipos de AVC. No isquêmico há a obstrução de um vaso sanguíneo cerebral, levando à diminuição da circulação em determinada região do cérebro. E no hemorrágico acontece a ruptura de um vaso sanguíneo com sangramento dentro do cérebro.
Os sintomas mais comuns para identificar a doença são a perda de força muscular de um lado do corpo, fala enrolada, desvio da boca para um lado do rosto, sensação de formigamento no braço, dor de cabeça súbita ou intensa, tontura, náusea e vômito.
Os principais fatores de risco são idade avançada, pressão alta, tabagismo, colesterol elevado, diabetes, arritmia ou problemas com as válvulas cardíacas, histórico familiar de derrames e reincidência (quem já teve o problema anteriormente).
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, com dados de 2011, em média, quatro pessoas são internadas em hospitais públicos após terem sofrido AVC. Foram 39 mil internações de pacientes paulistas vítimas da doença, via SUS (Sistema Único de Saúde).
27/01/2013 16:36