terça-feira, 4 de dezembro de 2012

...e economicamente viável...


02/12/2012 - 05h15

Blogs ganham até R$ 80 mil por elogios


JULIANA CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ganhar brindes de marcas, ser convidado para participar de eventos e receber entre R$ 500 e R$ 15 mil por uma opinião favorável a um produto estão entre as regalias de ser um blogueiro famoso.




Segundo levantamento feito pela Folha com 12 agências de publicidade que trabalham com marketing digital, um blogueiro cujo site tenha a partir de 40 mil acessos diários ganha entre R$ 15 mil e R$ 80 mil por mês fazendo publieditoriais.

Também conhecidos como publiposts, post pagos e jabás, são textos financiados por marcas e veiculados em blogs. A maioria aparece com uma discreta identificação de que se trata de publicidade -apenas uma "tag" no pé do texto, com a palavra "publipost". Outros nem isso mostram. É comum que esses avisos apareçam só no fim do texto, em tamanho pequeno.
Publipost é todo material pago veiculado em blogs como se fosse um post normal. De certo modo, corresponde aos chamados "informes publicitários", textos com aparência jornalística feitos por empresas e publicados em jornais e revistas com identificação para que o leitor não o confunda com reportagem.
Por causa do post pago, é possível ver blogueiros elogiando marcas de absorvente, roupas, celulares, restaurantes e até dermatologistas.
A propaganda, que não tem cara de publicidade, nem sempre aparece identificada como tal. Escrita em primeira pessoa, assemelha-se a uma dica de amigo.
"O grande problema é a falta de regulamentação. Cada blogueiro identifica as propagandas como quer. Alguns com uma 'tag' minúscula no fim do post, outros com selos", diz o blogueiro e publicitário Alexandre Inagaki.
Para Inagaki, o correto seria identificar como propaganda logo no título.
Neste ano, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) investigouum caso de propaganda disfarçada em blogs pela primeira vez: três blogueiras publicaram textos idênticos elogiando produtos da loja de maquiagens Sephora.
Ao final, o conselho recomendou que elas evitassem gerar desconfianças nos consumidores.
Segundo as agências de publicidade, os melhores blogs para anunciar são os de humor e os de moda, que já ganharam até uma rede para organizar os publiposts, chamada F.Hits.
A plataforma criada pela empresária Alice Ferraz reúne 24 blogs de moda e chegou a receber o título de oitava companhia mais inovadora do Brasil no ranking da americana Fast Company.
Um dos blogs de humor mais rentáveis é o "Não Salvo", feito por Maurício Cid. Ele afirma identificar suas publicidades por meio de 'tags'.

"O que o blogueiro tem de mais importante é a sua credibilidade. Além disso, meus leitores acham justo que eu ganhe dinheiro com o blog."
Zé Carlos Barretta/Folhapress
Maurício Cid, criador do blog de humor "Não Salvo", tido como um dos mais rentáveis no uso de posts patrocinados
Maurício Cid, criador do blog de humor "Não Salvo", tido como um dos mais rentáveis no uso de posts patrocinados

AGÊNCIAS
O procedimento padrão do publipost é feito por uma agência de publicidade ou setor de marketing de uma empresa. A agência entra em contato com blogueiros cujos sites tenham a ver com o produto. São acertados valores e a exposição do texto.
Há quem peça, por exemplo, que o texto fique na página principal do blog por um número determinado de dias.
O blogueiro costuma escrever o texto para que o material não seja muito diferente dos textos normais do site.
Há, porém, redatores publicitários especializados em imitar o estilo dos blogueiros. A marca aprova o material antes de ele ser publicado.
Outras ações publicitárias como vídeos, mudança do "layout" do blog e participação dos blogueiros em eventos costumam ser mais caras.
Para Daniel Oliveira, do blog "Não Intendo", não há como blogs grandes se sustentarem sem publicidade. Ele a identifica com uma tag.
"Publico uma média de 25 textos toda semana, apenas 2 ou 3 são publicidade. Um site com muitos acessos como o meu precisa de um servidor elástico, o que pode custar US$ 2.000 por mês."
Entre seus clientes, Oliveira já teve marcas de bebida, carros e lojas de roupa.
Para Ian Black, da agência New Vegas, o mercado está inflacionado: "A demanda de marcas que se interessam por esses serviços cresceu e surgiram agenciadores que sabem cobrar como agência".
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress