terça-feira, 14 de agosto de 2012

"Os efeitos são os mesmos do cigarro"


14/08/2012-06h00

Aumento de queimadas ameaça Pantanal


NATÁLIA CANCIAN
REYNALDO TUROLLO JR.
DE SÃO PAULO


Há cerca de 50 dias sem chuvas, o Pantanal registra uma explosão de casos de queimadas. Apenas em agosto, foram 1.104 focos, metade do total deste ano (2.214).


Na cidade mais afetada, Corumbá (a 420 km de Campo Grande), o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) registrou 94 novos focos de incêndio no fim de semana.
Segundo o Inpe, as queimadas no Pantanal aumentaram 525% neste ano em relação a 2011 (até 13 de agosto).
Foi o maior aumento entre os seis biomas (principais tipos de vegetação) que costumam ter incêndios no país.
Em todo o Brasil, os focos cresceram 63,8% na comparação com o ano passado -foram 43.891 casos, ante 26.769.
Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Fogo, as queimadas já destruíram no país, neste ano, uma área de florestas equivalente a 67% do território de Sergipe.
Não há previsão de chuva no Pantanal para as próximas três semanas, segundo a Somar Meteorologia.
A umidade relativa do ar está abaixo de 20% em 15 municípios de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o que caracteriza estado de alerta.
Se a umidade cair abaixo de 12%, cidades como Aquidauana (MS) e Cuiabá (MT) entrarão em estado de emergência para a saúde.
O Prevfogo, centro do Ibama que combate e previne queimadas, enviou 40 brigadistas para apagar incêndios em Mato Grosso do Sul.
As queimadas têm causas humanas e também naturais. "Conforme passam os anos e há pouca queima, a matéria orgânica vai se acumulando e sobra para queimar no ano seguinte", diz Gabriel Zacharias, do Prevfogo.
Mas a maior parte dos incêndios, diz o Ibama, ocorre devido à agropecuária, para manutenção de pastagens e áreas de cultivo ou para abrir novos pastos -o que é crime.
O produtor Lucas Paludo, 32, de Sapezal (MT), teve mil hectares de terras atingidos. "Vai levar cinco anos para recompor tudo."

Editoria de arte/Folhapress
DANOS
Além de prejuízos econômicos, há danos à saúde. "Os efeitos são os mesmos do cigarro", diz Paulo Saldiva, especialista em poluição da USP.
Rogério Takaki Bento, diretor-técnico do Pronto Socorro de Corumbá, diz que os atendimentos por queixas de problemas respiratórios aumentaram 20% desde junho.