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Em entrevista ao jornal francês Le Monde, primeiro-ministro admite que poderá se desfazer de regiões do país para arrecadar recursos
Por Fernando Ladeira
SÃO PAULO - Com dois pacotes de resgate no currículo e a exigência dos credores para cortar cada vez mais os custos, a Grécia tem à sua opção um caminho pouco comum para engordar os cofres públicos: o país está pronto para por suas ilhas que inabitadas à venda, declarou o primeiro-ministro Antonis Samaras, em entrevista nesta quinta-feira (22) ao jornal francês Le Monde.
Essa medida parece radical, mas não é nova. No início do ano o país já havia surpreendido ao revelar que iria alugar alguns de seus monumentos e sítios arqueológicos, como meio de angariar recursos contra a crise.
Curiosamente, essa ideia também já havia sido sugerida dois anos atrás, pela Alemanha. Na época, dois membros do parlamento alemão afirmaram em entrevista ao Bild que o país deveria vender ativos como empresas e ilhas inabitadas.
Segundo a organização de turismo da Grécia, existem cerca de 6 mil ilhas no arquipélago grego. Dessas, apenas 227 possuem habitantes, o que significa que a grande maioria deverá ir à venda - mas muitas delas são pequenas demais.
Ainda na entrevista ao jornal francês, Samaras pediu o fim das especulações de uma saída grega da Zona do Euro. "Como podemos privatizar, se todos os dias oficiais europeus especulam publicamente sobre 'uma potencial saída grega da moeda comum'? Isso deve parar. Se nós fizermos o nosso trabalho, a Grécia poderá ser salva", apelou.
Assim, enquanto o governo grego tenta conduzir as privatizações e colocar suas ilhas à venda, o país passa por negociações difíceis no campo político. Nesta semana o primeiro-ministro recebeu o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e pediu a ele mais dois anos para implantar as reformas fiscais que os credores exigem.
Ultimato grego
No entanto, Junker lembrou que essa decisão dependerá do relatório da Troika - grupo formado por Comissão Europeia, FMI (Fundo Monetário Internacional) e BCE (Banco Central Europeu) -, que retornará a Atenas em setembro e deverá concluir a avaliação sobre o progresso grego até o fim daquele mês. Se a avaliação for negativa, a próxima parcela do resgate poderá ser suspensa.
Em coletiva de imprensa na quarta-feira, Juncker elevou o tom em seu alerta. "A bola está do lado grego, na verdade, essa é a última chance e os cidadãos gregos precisam saber isso", disse.