01/04/2012 - 09h41
Os movimentos paulistanos que predominavam no Facebook e Twitter começam a usar estratégias criativas de mobilização em defesa da qualidade de vida nos bairros. E, para isso, vale fazer uso de tudo: música, artes plásticas, cartum.
A informação é da reportagem de Vanessa Correa publicada na edição deste domingo da Folha. A reportagem completa está disponível a assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.
Movimentos assim passaram a pipocar na Nova York dos anos 1970, quando a cidade foi reurbanizada. Depois disso, conquistaram o mundo.
A ação mais recente, em São Paulo, ocorre em Pinheiros. Com medo de que a chegada de mais e mais edifícios acabem com o lugar, o morador Eduardo Abramovay decidiu se mexer para mobilizar os vizinhos: depois de criar uma página no Facebook, reuniu colaboradores e espalhou panfletos por bares, padarias e outros estabelecimentos.
Nos cartazes, um "prédio-monstro" gigante "ataca" as casinhas. Moradores foram convidados para uma "passeada" pelo bairro, com atrações como apresentação de maracatu.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Arte e humor promovem mobilizações antiprédio
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/34674-arte-e-humor-promovem-mobilizacoes-antipredio.shtml
São Paulo, domingo, 01 de abril de 2012
Música, artes plásticas e cartum 'turbinam' movimentos sociais em área nobre
Uma das estratégias desses grupos é tornar mais palatáveis temas áridos como a lei de zoneamento urbano
VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO
Nem só de Facebook e Twitter se faz uma grande manifestação social. Agora, movimentos paulistanos começam a sair da web e usar estratégias criativas de mobilização em defesa da qualidade de vida nos bairros.
Vale fazer uso de tudo: música, artes plásticas, cartum. Com um único propósito, mobilizar os moradores em prol de uma grande causa.
Movimentos assim passaram a pipocar na Nova York dos anos 1970, quando a cidade foi reurbanizada.
Depois disso, conquistaram o mundo: as ações acontecem até hoje em cidades como Sydney e Berlim. Em São Paulo, surgiram nos anos 1980, mas ganharam mais força recentemente como reação ao boom imobiliário.
A ação mais recente ocorre em Pinheiros. Com medo de que a chegada de mais e mais edifícios acabem com o lugar, o morador Eduardo Abramovay decidiu se mexer: depois de criar uma página no Facebook, reuniu colaboradores e espalhou panfletos por bares, padarias e outros estabelecimentos.
Nos cartazes, um "prédio-monstro" gigante "ataca" as casinhas. Moradores foram convidados para uma "passeada" pelo bairro, com atrações como apresentação de maracatu. O evento, previsto para ontem, ia partir da praça Benedito Calixto, reduto de intelectuais, "hipongas" e modernetes da cidade.
"A ideia é fazer com que as pessoas conversem sobre o que está acontecendo no bairro", explica Eduardo.
Essas "conversas" surtem efeito. É o caso da mobilização dos moradores do Morro do Querosene, no Butantã.
Na última terça, eles conseguiram na prefeitura o tombamento de uma área verde de mais de 30 mil m², chamada Chácara da Fonte, que estava na mira da especulação imobiliária há tempos.
Os moradores tiveram uma sacada. Aproveitaram o cenário cultural que rola na região para convidar músicos locais para se apresentar.
Assim, conseguiram chamar a atenção para a importância ambiental e histórica do lugar -há indícios de que faça parte de um antigo caminho usado por índios e bandeirantes, o Peabiru.
Ponto para eles, que conseguiram tratar de temas "áridos", como plano diretor e lei de zoneamento, com bastante humor e diversão.
Outra estratégia criativa foi a do advogado Ricardo Fraga: atiçar a curiosidade de quem passa por uma rua na Vila Mariana, um dos bairros que ainda preservam um belo casario com quintal em São Paulo. O que há por trás daquele muro? Basta subir no banquinho para descobrir.