- 10 de março de 2012 |
- 23h44 |
LUÍSA ALCALDE
Uma polêmica divide moradores e frequentadores do Parque da  Aclimação, na zona sul da capital. É que depois que o lago passou por uma obra  do vertedouro, no ano passado, para impedir que transbordasse em dias de chuva  forte, a água baixou cerca de um metro, deixando aparentes algumas ilhotas no  meio da área. Alguns frequentadores do parque até gostam da nova composição, mas  outro grupo, bem incomodado com as ilhas “intrusas”, já começou a se mobilizar  e, na semana passada, distribuiu folhetos no parque para mobilizar a população  em torno da causa. Eles querem de volta a paisagem antiga.
“Não ficou bonito. Sou a favor de retirar essas ilhotas daí porque com esse  mato alto parece descuido”, afirma a enfermeira aposentada Marlene Maria Gomes,  de 61 anos. Com ela concorda o enxadrista Mauro Amaral, de 35 anos. “Ficou  horrível. Eu acho que está muito mal cuidado. Parece relaxo”, diz ele.
Roberto Casseb, diretor da Associação dos Moradores do Cambuci e Vila  Deodoro, diz que o projeto paisagístico do parque precisaria ser refeito porque,  também na opinião dele, as ilhas e a vegetação de taboa que cresceu por cima  desse pedaço de terra deixou a paisagem feia. “A aparência agora é de um parque  mal cuidado.”
Ninhos
Mas há quem defenda as ilhas. “Não me incomodam em nada. Vi que  aves fizeram ninhos lá em meio ao mato. Se fazem bem para as aves, o aspecto  ainda é mais natural”, considera o aposentado José Carlos Teixeira, de 64 anos.  Para ele, o importante é que o lago não extravase novamente.
De maneira parecida pensam a bailarina Patrícia Jaia, de 37 anos, e a atriz  Ana Paula Lopes, de 33. “Se é bom para a fauna e não prejudica o meio ambiente,  não dá para ficarmos pensando apenas em ter uma paisagem inglesa”, diz Ana  Paula. “Se fa\z bem para as aves, não tem por que tirá-las dali”, completa a  bailarina.
“Sabe que eu nem tinha reparado nisso? E olha que venho todos os dias correr  aqui”, diz o estudante de teatro Rafael Godinho, de 22 anos. “Se não deixarem o  mato assim tão alto, até que não fica feio. Dá até para andar nas ilhas próximas  das margens e ficar ainda mais perto do lago.”
A dona de casa Maria Celestina de Araújo, de 35 anos, não gostou da mudança.  Ela conta que preferia o lago sem interferências, como conheceu antes, pois  sempre morou ao lado do parque. Mas os dois filhos dela, Ygor e Yuri, de 4 anos,  têm se divertido nos montes de terra que ficaram colados às margens do lago.  “Eles acham bacana. Brincam que estão dentro do lago em uma ilha de verdade”,  afirma.
 
