Supermercados desrespeitam acordo sobre sacolinhas plásticas
Lojas continuam vendendo sacolas biocompostáveis em vez de distribuí-las gratuitamente
07 de fevereiro de 2012 | 0h 02
Felipe Frazão e Alexandre Gonçalves, de O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - No primeiro dia útil de vigência do prazo de dois meses para os supermercados continuarem a distribuir embalagens aos clientes, lojas da capital desrespeitaram o acordo firmado na sexta-feira com o Ministério Público Estadual e o Procon-SP. Mercados continuaram vendendo a sacola biocompostável por R$ 0,19 e deixaram de oferecer como alternativa a sacola reutilizável - que deveria ser vendida por R$ 0,59.
Evelson de Freitas/AE
Uziel de Oliveira comprou sacolinha que logo rasgou
A reportagem flagrou atendentes tratando consumidores de formas distintas em três supermercados de grande porte nas zonas norte e oeste. Alguns receberam caixas de papelão. Outros saíram com as sacolas plásticas antes banidas. E houve quem reclamasse de falta de opção e fosse obrigado a levar cada um dos itens da compra nas mãos.
“Um absurdo. A atendente falou que eu tinha de procurar caixote de papelão pela loja”, reclamou o comerciante Sidney Elias, de 46 anos. “A medida é antipática e não resolve o problema. Precisa investir em coleta seletiva”, disse o aposentado Nelson Citro, de 62, com produtos jogados no fundo do carrinho.
Despreparadas, as lojas ainda se organizam para cumprir o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que as obriga a fornecer embalagens adequadas por mais 56 dias. Caixotes de papelão de diversos tamanhos estão sendo estocados nas caixas registradoras fora de funcionamento ou na entrada dos corredores.
Em geral, os atendentes só oferecem alguma embalagem a quem solicita. A despeito da preferência dos consumidores pelas sacolinhas, as lojas nesta segunda-feira, 6, distribuíam primeiro caixas de papelão. O servidor da Justiça Federal Uziel de Oliveira, de 44 anos, foi obrigado a pagar por cada uma das três sacolas biocompostáveis que levou - uma rasgou logo que ele embalou a mercadoria. “Eu sabia do acordo e pedi de graça, mas não deram”, disse.
O presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi, admite que muitos donos e funcionários de supermercados estavam confusos na segunda-feira. E atribui as dúvidas às mudanças trazidas pelo acordo com o MPE e o Procon-SP, na semana passada. “Ainda não houve tempo para instruir todo mundo. Até o fim da semana, tudo estará funcionando.”