4/1/2012 - 11h19
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por David Alire Garcia*
O nosso sistema de transporte da Cidade do México está atraindo recursos internacionais significativos com a venda de créditos de carbono, parte dos esforços atuais da capital para reduzir a poluição e limpar a sua imagem.
O governo desta metrópole enorme anunciou recentemente que a primeira fase do sistema de trânsito rápido chamado Metrobus gerou aproximadamente US$ 1,125 milhão em créditos de carbono através do corte das emissões de gases do efeito estufa.
O sistema, que abrange uma média de 390 mil passageiros por dia, pretende gerar cerca de US$ 4 milhões a mais em créditos de compensação de emissões ao longo dos próximos 15 anos, presumindo a estabilidade do mercado de carbono.
“Imagine se cada um destes passageiros fosse de carro”, disse o especialista em transporte de baixo carbono Stefan Bakker, do Centro de Pesquisas Energéticas da Holanda.
O dinheiro já recebido ajudou a balancear o investimento de US$ 65,2 milhões feito pela cidade há seis anos na construção da primeira linha do sistema, incluindo 36 paradas e pistas exclusivas.
O Metrobus tem três linhas com 112 paradas, mas os órgãos de planejamento querem que isto aumente dez vezes.
Operando lado a lado com um sistema tradicional de ônibus mais caótico, um agitado metrô e um novo programa de aluguel de bicicletas, os ônibus sanfonados podem levar muito mais passageiros do que os comuns. O custo por quilometro é muito menor do que a expansão do metrô subterrâneo.
O projeto foi incentivado por sucessivas prefeituras de esquerda, incluindo Marcelo Ebrard, conhecido por políticas ambientalmente ‘amigáveis’.
O Metrobus é um dos dez projetos de transporte registrados sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), o mercado de carbono criado sob o Protocolo de Quioto permitindo que países desenvolvidos comprem compensações de carbono ao investir em projetos de redução de emissões em países mais pobres.
Projeto Simbólico
“Muitas pessoas criticaram bastante o MDL por não financiar mais este tipo de projeto, então neste sentido, o Metrobus é muito importante”, comentou o especialista da Universidade de Sussex Peter Newell.
“A economia de emissões é enorme, mas de certa forma o que é mais importante é o fator simbólico”.
Autoridades estão cautelosamente otimistas sobre a possibilidade de atrair recursos para projetos futuros após analistas terem dito que as discussões climáticas, realizadas até semana passada na África do Sul, questionaram mudanças que a União Européia pretende fazer no seu mercado de carbono, o maior do mundo.
A partir de 2013, a UE anunciou que financiaria novos projetos de carbono apenas em países menos desenvolvidos, principalmente na África Subsaariana. Mas o acordo alcançado em Durban deixou incerta esta transição.
A potencial mudança europeia “seria um impedimento para novos projetos aqui no México”, comentou a vice-diretora de projetos de mudanças climáticas no ministério do Meio Ambiente Lucrecia Martin.
Os negociadores em Durban concordaram em desenvolver um novo mecanismo de mercado para atender às metas de redução de emissões, sendo que os detalhes serão discutidos em 2012. Especialistas dizem que ainda não está claro o significado do acordo para as compensações de países emergentes.
“A probabilidade é que países desenvolvidos ainda precisarão comprar créditos de carbono de partes do mundo em desenvolvimento”, comentou o consultor ambiental Roberto Frau, que trabalhou no planejamento inicial do Metrobus.
* Traduzido por Fernanda B. Mulle.
** Publicado originalmnte no site da Agência Reuters e retirado do site CarbonoBrasil.