ALEXANDRE SECCO APONTA TENDÊNCIAS FUTURAS DA ADVOCACIA BRASILEIRA
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05/12/2011
Os setores mais promissores para a Advocacia no futuro são: ambiental (54%), Infraestrutura (41%), Arbitragem (23%), Petróleo e gás (15%) e Digital (13%). Este foi um dos dados apresentados pelo jornalista e diretor de conteúdo da Análise Editorial, Alexandre Secco, em palestra realizada no Plenário dos Conselheiros da OAB SP, nesta sexta-feira (2/12), sobre “As transformações e o futuro da advocacia no Brasil – Uma análise segundo pesquisa com 200 entre os mais admirados escritórios do Brasil”.
A palestra foi aberta pelo presidente da OAB SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, que ressaltou que o futuro da advocacia brasileira é extremamente promissor por um conjunto de fatores, entre eles os novos ramos do Direito, como consumidor, bioética, franchising, internet, meio ambiente, Direito Internacional; o bom desempenho da economia brasileira e a expansão do mercado jurídico. D´Urso também destacou que a pesquisa realizada por Secco para a publicação “ Análise Advocacia 500” é um trabalho sério e competente que busca levantar elementos sobre as bancas brasileiras, alicerçados na opinião de diretores jurídicos das principais empresas brasileiras.
Inicialmente, Secco esclareceu os critérios metodológicos, apontando que a pesquisa - que vem sendo feita desde 2006 - teve por base entrevistas declaratórias de diretores jurídicos das principais empresas brasileiras sobre os três escritórios que mais admiram em 12 ramos diferentes do Direito, fazendo uma ressalva: “Pelé todo mundo admira, mas não joga mais. Neymar também é admirado, mas está na ativa. O foco buscou esse escritório com o qual a empresa faz negócios”, esclareceu.
Foram realizadas 4 mil entrevistas de meia hora e o resultado é a percepção dos diretores jurídicos, sendo que 95% deles afirmam contratar escritórios que admiram. Secco lembrou que a pesquisa não entra no mérito da atividade fim da advocacia. Para ser claro, citou o exemplo do livro de Roberto Parker, “Melhores Vinhos” para explicar que a pesquisa não pretende abranger toda a advocacia; assim como o livro de Parker que, na verdade, trata apenas dos vinhos da Califórnia.
A pesquisa dividiu os escritórios em dois grandes blocos, os sempre citados ao longo dos 5 anos de pesquisa, que totalizam 45. E aqueles que saíram do ranking de 2.875 escritórios, a partir de uma linha de corte que resultou em uma amostra de 212. Desses, a maioria foi fundada na década de 1990. E o perfil de atuação se divide em 55% especializado, 17% full service e 28% abrangente (não é especializado, porque atua em algumas áreas). Entre os 45 temos: especializado (40%) full service (33%) e abrangente (27%).
Mas trabalho
A maior banca brasileira reúne atualmente 641 advogados. Em 2006, a banca com maior número de profissionais tinha 392 . Houve um aumento de seis vezes o número de advogados. A pesquisa também aponta que os advogados estão trabalhando mais, o número de causas subiu de 66 (em 2006) para 121 (em 2010) entre os 212 mais admirados e de 31 (2006) para 204 (2010) entre os 45. Os escritórios de criminalistas só passaram a fazer parte da pesquisa em 2008, porque não era inicialmente foco da área da pesquisa.
Segundo Secco, a pesquisa não retrata a advocacia brasileira, mas uma fatia que ajuda a prever o que vai acontecer com os escritórios médios e pequenos. “Quando era criança tinha um amigo que o pai tinha uma padaria e íamos à feira da Associação Paulista de Supermercados e quis saber o porquê e me explicaram que o que acontecia na feira teria impacto sobre as padarias no futuro. Da mesma forma, podemos tirar lições e inspirações com esses serviços de excelência prestados por esses escritórios mais admirados”, exemplificou Secco.
Outro ponto que a pesquisa apontou foi que o sucesso na advocacia não é imediato, leva cerca de 30 anos de trabalho. “Os escritórios precisam ter história e experiência”, pontuou o palestrante. Na pesquisa 48% dos escritórios tem mais de 30 anos de atuação. Com menos de 10 anos de atuação, o registro foi de somente 4% dos citados. Outra curiosidade: o nome do fundador da banca é mantido em 88% dos casos.
Quanto à percepção dos escritórios estrangeiros, entre os 45 escritórios mais admirados: 51% não tem interesse em fazer uma associação, 43% avaliariam uma proposta e 6% buscam efetivamente essa associação. Entre os 212, 30% não tem interesse, 50% avaliaram uma proposta e 10% buscariam uma associação. O presidente D’Urso esclareceu que o advogado estrangeiro pode atuar no Brasil desde que preste o Exame de Ordem e que os critérios para exercer a profissão tem de ser iguais para brasileiros e estrangeiros. “Mas o estrangeiro pode ser consultor na legislação de seu país de origem”, declarou.
Durante a palestra, Secco também abordou outros tópicos da pesquisa, como faturamento, cisão e fusão de escritórios, investimento em TI, RH, Marketing e Comunicação e educação e treinamento.
Participaram da palestra o vice-presidente da OAB SP, Marcos da Costa; o presidente da CAASP, Fábio Romeu Canton Filho; o presidente da Subsecção de Nossa Senhora do Ó, Rodolfo Ramer e o presidente da Comissão de Visita e Recepção da OAB SP, Alessandro Brecailo, dentre outros.