segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

MIT elabora sistema para cooperativa de catadores



São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2011Cotidiano

Projeto usa web para marcar hora de coleta


MARA GAMA


COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Dois pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) dos Estados Unidos desenvolveram um sistema sob medida para a mais antiga cooperativa de catadores de material reciclável do Brasil, a Coopamare, criada em 1989.
A Coopamare funciona embaixo do viaduto Paulo 5º, em Pinheiros, zona oeste de SP.
O sistema deve ampliar o acesso dos moradores da região à coleta e aumentar o volume de material recolhido. O projeto é piloto, feito com software livre, e deve começar a funcionar no segundo semestre de 2012.
Aumentar a coleta de recicláveis é fundamental para preservar o meio ambiente. Desonerar os lixões abertos é economia de recursos e ganho em saúde pública.
O país aprovou, no ano passado, uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que indica que os municípios devem banir os lixões e implantar sistemas de coleta de recicláveis em domicílios até 2014.
Estima-se que só 2,4% da quantidade total de resíduos domiciliares e públicos sejam destinados a coleta seletiva no Brasil, segundo o estudo Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos 2009, do Ministério das Cidades.
O plano exige ainda a logística reversa, que é retornar embalagens e outros materiais à produção industrial após consumo e descarte.
AGENDAMENTO
Com o aplicativo bolado pelos pesquisadores do MIT, por celular, tablet ou pelo site na web, os moradores da área de atuação da cooperativa poderão indicar que tipo de material querem doar e a data da retirada.
Na outra ponta, os catadores da cooperativa -hoje 23 cooperados- verão mapas com doações agendadas.
A Coopamare recebe e coleta papel, vidro, plástico, lata e eletrônicos. Seus dois caminhões e carroças percorrem a região de Pinheiros das 8h às 16h e passam por três supermercados, empresas, escolas e condomínios.
Depois de recolher o material, acontece o trabalho de separação, prensagem e pesagem. Saem do pátio da cooperativa mensalmente de 50 a 70 toneladas de residuos sólidos, de acordo com Walison Borges Silva, 26, tesoureiro e cooperado há oito anos.
Os maiores compradores são empresas como Suzano (papel e papelão), Santa Marina (vidros), já no sistema de logística reversa. Outras empresas processam e reciclam PETs e plásticos.
USABILIDADE
Para criar o programa, os pesquisadores Dietmar Offenhube e David Lee, do MIT, forneceram aos catadores aparelhos GPS e gravaram os percursos dos veículos da cooperativa. Com as informações, elaboraram um mapa e um banco de dados para armazenar pedidos de coleta e criaram as interfaces para celular, web e para a administração do sistema.
O próximo passo será testar a usabilidade do programa, com ajuda de alunos de mestrado e doutorado do Programa de Ciência Ambiental da USP, orientados pelas professoras Maria Cecilia dos Santos, Sylmara Gonçalves-Dias, Sônia Mercedes, e a pesquisadora da Universidade de Sheffield, Reino Unido, Ana Paula Bortoleto.