19 de dezembro de 2011 • 14h26 • atualizado às 15h21
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Mineirão deve ser o primeiro estádio sustentável do Brasil
Foto: Sylvio Coutinho/Divulgação
Foto: Sylvio Coutinho/Divulgação
Com as mãos na massa para construir estádios monumentais, as 12 sedes  brasileiras que receberão a Copa do Mundo de futebol em 2014 têm como objetivo  dar um bom espetáculo em cenários esportivos respeitosos ao meio ambiente.
Por recomendações da Fifa, todos os estádios devem cumprir com exigências  mínimas de sustentabilidade ambiental, como reuso da água da chuva, emprego de  equipamentos que consumam menos eletricidade e limitar a geração de resíduos.  
"Já não se aceitam obras de engenharia sem levar em conta a sustentabilidade  ambiental", afirmou à José Roberto Bernasconi, presidente do Sindicato de  Arquitetura e Engenharia de São Paulo (Sinaenco-SP).  
Mas o Estádio Governador Magalhães Pinto, o Mineirão, em Belo Horizonte, quer  ir além das exigências da Fifa e pretende ser o primeiro estádio brasileiro a  receber a reconhecida certificação internacional "Leed" de edifício verde,  concedida pelo Conselho Americano de Edifícios Verdes (US Green Building  Council).  
O plano ambiental do estádio, construído em 1965 e que deve ser reinaugurado  no fim de 2012, inclui ações para controlar a emissão de gases causadores do  efeito estufa durante a obra, através da contratação de fornecedores com  instalações próximas para reduzir o transporte; a coleta de até seis milhões de  litros d'água da chuva para regar o gramado e para limpeza e uso sanitário, e o  reuso de resíduos.  
100% do concreto retirado do edifício original foi reutilizado na própria  reforma ou destinado a obras vizinhas; os 800.000 m³ de terra retirada foram  destinados à recuperação de áreas degradadas por mineradoras, e os 50.000  antigos assentos foram doados para ginásios e estádios do interior do estado de  Minas Gerais.  
"Tudo foi reutilizado, não teve desperdício o descarte de material que  poderia ser reaproveitado", afirmou Vinicius Lott, gerente do projeto Copa  Sustentável do governo do estado de Minas Gerais.  
Mas o carro-chefe do projeto é a geração de energia limpa com a instalação da  primeira usina elétrica solar no teto de um estádio brasileiro, que abastecerá a  rede elétrica local e fornecerá energia para 1500 residências.  
"Tem uma cobertura ociosa, parada, recebendo radiação solar grande. Nós  resolvemos colocar esse tipo de paneis fotovoltaicos, cobrir, e com isso fazer  uma usina solar", explicou o engenheiro elétrico Alexandre Heringer,  administrador do projeto Minas Solar 2014 da Companhia Elétrica de Minas Gerais  (Cemig).  
Os mais de 6.000 painéis de silício cristalino que serão instalados terão uma  potência de 1,5 megawatts (MW) por hora. Comparativamente, a hidrelétrica  brasileira-paraguaia de Itaipu tem 14.000 MW de potência instalada.  
A usina solar terá um custo de 12 milhões de reais (US$ 6,5 milhões),  investimento que deve ser recuperado durante os 25 anos de vida útil que os  painéis têm, explicou Heringer.  
Já os custos operacionais da usina são "muito baratos", já que não exige  manutenção e a limpeza é feita com água da chuva, acrescentou.  
Como o Brasil não dispõe de fábricas de painéis solares, no próximo ano será  feita uma licitação internacional para a compra das placas, um chamado que  atraiu empresas alemãs, chinesas, coreanas, espanholas e italianas, afirmou o  encarregado.  
Após a inauguração da usina no Mineirão, os engenheiros esperam "aproveitar o  máximo de tetos possíveis" de Belo Horizonte e para 2013 projetam que uma nova  usina esteja funcionando no ginásio Mineirinho, e em 2014 no aeroporto  internacional, afirmou Heringer.  
A cidade de Belo Horizonte, a sexta maior do Brasil, com 2,5 milhões de  habitantes, deve receber seis partidas do Mundial de 2014 e três da Copa das  Confederações de 2013.  
Durante a Copa, a capital mineira se prepara para receber mais de 100 mil  turistas e os torcedores em um grande complexo de atividades ao redor do  estádio, com capacidade total para 157.000 pessoas em três espaços: Mineirão,  Mineirinho e uma arena multiuso, explicou Sergio Barroso, encarregado da  Secretaria para a Copa (Secopa).  
O total de investimentos que Minas Gerais fará para os grandes eventos  esportivos seriam de pelo menos US$ 2,8 bilhões, incluindo capitais públicos e  privados, acrescentou. 
 
