26/11/2011 - 11h43
Com alta de câncer, vizinhos de fábrica do RS querem indenização
Atualizado às 16h23.
Uma incidência anormal de casos de câncer entre vizinhos levou moradores de Triunfo (75 km de Porto Alegre) à Justiça contra as empresas de energia do Rio Grande do Sul.
A informação é de reportagem de Felipe Bächtold, publicada na edição deste sábado daFolha (íntegra
disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
As companhias CEEE e AES Sul mantiveram na cidade uma unidade de produção de postes de madeira que consumia pesados produtos químicos. A fábrica funcionou até 2005 e se transformou em uma espécie de depósito de resíduos industriais.
Os vizinhos contam que durante décadas não houve nenhum tipo de alerta sobre o risco do local, que só foi cercado recentemente. Até crianças brincavam no terreno.
A CEEE diz que não existe "comprovação direta" de que os produtos químicos tenham causado danos à saúde. Já a AES Sul disse que, em 2004, após saber da possibilidade de haver resíduos no solo "provenientes de antigos processos da usina", fez estudos técnicos que apontaram a necessidade de fechar a fábrica. No ano seguinte, a empresa isolou o local, sinalizou e comunicou as autoridades.
Felipe Bächtold/Folhapress | ||
Portão da fábrica desativada em Triunfo (75 km de Porto Alegre); vizinhos pedem indenização por danos à saúde |
Vizinhos de fábrica do RS querem indenização
Companhias de energia mantinham unidade de produção de postes na cidade de Triunfo; área virou depósito de resíduos
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/11293-vizinhos-de-fabrica-do-rs-querem-indenizacao.shtml
FELIPE BÄCHTOLD
ENVIADO ESPECIAL A TRIUNFO (RS)
Uma incidência anormal de casos de câncer entre vizinhos levou moradores no interior do Rio Grande do Sul à Justiça contra as empresas de energia do Estado.
As companhias CEEE e AES Sul mantiveram em Triunfo (75 km de Porto Alegre) uma unidade de produção de postes de madeira que consumia pesados produtos químicos.
A fábrica funcionou até 2005 e se transformou em uma espécie de depósito de resíduos industriais.
Nas proximidades, moram famílias de classe média baixa. Segundo os moradores, em quase todas há ao menos um caso de câncer.
"A maioria das viúvas é de marido que morreu de câncer", diz Carmen Silva da Rosa, 32. O pai dela também morreu devido à doença.
Os vizinhos contam que durante décadas não houve nenhum tipo de alerta sobre o risco do local, que só foi cercado recentemente. Até crianças brincavam no terreno.
Uma pesquisa que envolve várias instituições do Estado, com o apoio do CNPq, já apontou indícios de uma quantidade anormal de vítimas de câncer no local.
Um grupo da área de saúde foi montado para orientar a população a tomar medidas preventivas, como não consumir água de poços ou frutas das árvores.
INDENIZAÇÃO
Até agora, 69 famílias já ajuizaram pedidos de indenização contras as empresas.
O Ministério Público também foi à Justiça e pediu indenização de R$ 6 milhões. Há um mês, a Justiça concedeu liminar determinando que as empresas removam todo o material e o solo afetado. Segundo os promotores, houve dano também ao lençol freático. O prazo para que se comece o trabalho vence no final de dezembro.