Um Código para valorizar as florestas e a produção sustentável da biodiversidade
Fonte: http://www.agrosoft.org.br/agropag/218593.htm
 Por Editor em 11/07/2011 
A reforma do Código Florestal deve apontar para o grande mercado que representa a exploração sustentável da biodiversidade do país. Esta é a avaliação do secretário de políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o climatologista Carlos Nobre. De acordo com o pesquisador, o grande desafio mundial da agricultura é produzir de maneira sustentável.
Um Código para valorizar as florestas e a produção sustentável da biodiversidade
"No Brasil não é diferente. Nossa trajetória tem de ser em direção à  sustentabilidade. O Código Florestal tem que olhar para o futuro, para a  exploração econômica racional de nossa inigualável biodiversidade",  disse o pesquisador, que participou no dia 6 de julho de 2011 de  audiência na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado Federal que discutiu a reforma do Código Florestal.
O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, senador Eduardo Braga  (PMDB-AM) lembrou que as florestas têm "imensa sinergia" com a produção  agropecuária, pelos serviços ambientais que prestam (produção de água, 
Nobre citou o exemplo do açaí, indústria que, segundo ele, já movimenta  5 bilhões de reais ao ano e é exportada para vários países. "Este é  apenas um produto, entre centenas ou milhares capazes de serem  explorados e proporcionarem ao Brasil uma posição de liderança na  economia do século 21", disse. O mercado do açaí, de acordo com o  pesquisador, deve ultrapassar em breve o de exportação de madeira da  Amazônia. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o mercado externo de açaí cresce 30% ao ano.
Claudio Maretti, líder da Iniciativa Amazônia Viva, lembra que o Brasil  se comprometeu, no ano passado, durante a conferência internacional em  Nagoya, no Japão, a cumprir as metas de conservação de biodiversidade  estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2020.
"O WWF defende uma meta mais ambiciosa, de acabar com a perda de  biodiversidade até o fim da década, pela importância que a  biodiversidade tem para a qualidade de vida da humanidade, como tem sido  provado em vários estudos científicos" destacou.
Carlos Nobre também disse que o Código Florestal precisa incorporar a  necessidade de preservar vidas humanas nas áreas urbanas. "Devem ser  estabelecidos parâmetros especificos para areas urbanas no que concerne  as áreas de preservação permanente ao longo dos corpos de água, em áreas  de declives acentuados e em topos de morro, para proteger a vida  humana. O código Florestal tem que incorporar o princípio da salvaguarda  da vida humana" disse o climatologista, lembrando desastres recentes  como o da Região Serrana do Rio de Janeiro, no começo do ano.
Estudo divulgado recentemente pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) - clique aqui para acessar - e produzido com o apoio do WWF-Brasil  mostrou que quase a totalidade (92%) dos deslizamentos na Região  Serrana do Rio de Janeiro foi ocasionada por ocupações indevidas das  áreas.
Também participaram da sessão a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, o diretor de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus Medeiros, o coordenador de acompanhamento de promoção de tecnologia agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Roberto Lorena, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Elibio Rech, e o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Ponchmann.
O diretor de Florestas do MMA divulgou resultados de estudo feito pelo  ministério que derrubam a afirmação de que o Código vigente inviabiliza  toda a produção de café em Minas Gerais e toda a produção de uva no Rio  Grande do Sul porque ocorrem em encostas com mais de 45 graus de  inclinação -- situação em que o Código determina que a vegetação natural  deve ser preservada.
"À luz do conhecimento, esta afirmação não passa de um mito. No Rio de  Janeiro, um dos estados com relevos mais acidentados do país, tem apenas  0,3% de sua área com inclinações superiores a 45 graus. No município de  São Joaquim, em Santa Catarina, tradicional produtor de maçã, não há  nenhuma área com esta inclinação. O mesmo ocorre no município de Três  Pontas, em Minas Gerais, onde se produz café, e em Bento Gonçalves, no  Rio Grande do Sul, região produtora de uva", disse João de Deus  Medeiros. "Portanto, não há incompatibilidade entre proteger estas áreas  e manter a produção destas culturas tradicionais", completou.
O presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, senador Eduardo Braga  (PMDB-AM) lembrou que as florestas têm "imensa sinergia" com a produção  agropecuária, pelos serviços ambientais que prestam (produção de água,  abrigo a polinizadores, regulação do clima). "Se hoje somos líderes no  mercado agrícola internacional, é também em função de nossos recursos  naturais", disse o senador.
De acordo com Braga, a discussão que se impõe agora no Congresso é qual  futuro se deseja construir para o país: "podemos escolher a construção  de um futuro inteligente, de desenvolvimento sustentável, ou escolher o  caminho feito por países que destruíram seus recursos naturais e  perderam sua capacidade de produção", disse.
No Senado Federal,  segundo ele, há a oportunidade de aprofundar o debate sobre a reforma  do código. "Temos que ouvir os agricultores, mas também temos que ouvir a  ciência. Não podemos nos aliar àqueles que acusam de vendidos os  brasileiros que querem contribuir para a construção de um futuro  inteligente para o país", disse.
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