O CAFÉ E A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL AGRÍCOLA
O agronegócio é a principal alavanca do desenvolvimento da economia brasileira. Pode também contribuir com a preservaçãoa ambiental.
Caso as cidades forem destruídas e os campos forem conservados, as cidades ressurgirão, mas se queimarem os campos e conservarem as cidades, estas não sobreviverão.Benjamin Franklin
A água é um recurso natural essencial à vida. O corpo humano detém em seu organismo a mesma proporção existente no planeta azul: cerca de 78 %. Diversos estudos apontam que a falta de água doce e limpa será o grande problema do século XIX. Apesar de ser um recurso renovável, do total de águas terrestres somente 3% é água doce, percentual que permanece constante ao longo do tempo, enquanto a população humana cresce exponencialmente. O maior problema que envolve a água é na verdade o acesso ao produto e não ainda sua falta, já que do total de água doce, 97 % estão nas geleiras e somente os restantes 3 % estão espalhados de forma disformes por rios, lagos , nascentes e lençóis.
A partir de 1860 iniciou-se o ciclo do café brasileiro. Muitos italianos deixaram seu país devido à guerra e vieram ao Brasil desbravar pedaços de terra, constituindo colônias, especialmente no interior paulista. Períodos de crises e euforia se sucederam ao longo da história da cultura cafeeira. Mas a crise dos últimos anos teve forte impacto negativo na vida econômica e social da imensa maioria dos produtores e trabalhadores, contribuindo para a degradação ambiental e a baixa qualidade do produto.
Várias iniciativas voltadas à implementação e viabilização da cafeicultura sustentável surgem após 2002, com atuação prioritária na redução dos custos do sistema de produção, na agregação de valor por meio de melhoria da qualidade do produto, e na gestão da comercialização e dos benefícios ambientais e sociais. Após anos de desenvolvimento, a agricultura cafeeira chega ao novo século com pujança econômica e avanços tecnológicos e científicos incontestáveis.
A agricultura é o setor que utiliza o maior volume de gastos com água retirada da natureza, em seu processo produtivo: estonteantes 69 %, ante 21 % da indústria. É uma atividade que está intrinsecamente relacionada com o meio ambiente, com incidências negativas e positivas. Como impactos negativos destacam-se: erosão física, química e biológica dos solos; perda da capacidade de retenção de água no solo; contaminação de solos, águas, ar e alimentos; produção de resíduos; consumo de água para a irrigação, com sistemas geralmente muito ineficientes; alterações de ecossistemas que afetam a flora e fauna locais.
A lavoura cafeeira também utiliza água em abundância no processamento do café por via úmida. Segundo estudos da Universidade Federal de Lavras (MG), para cada litro de fruto processado consome-se de 3 a 5 litros de água limpa na lavagem e separação dos frutos. Além de consumir muita água, o processamento do café por via úmida cria outro problema ambiental: a água residuária é altamente poluente, porque acumula matéria orgânica e nutrientes como nitrogênio, potássio e fósforo. O conceito de boas práticas agrícolas prega que se aplique o vasto conhecimento disponível no uso sustentável dos recursos naturais básicos para a produção agrícola, com foco na viabilidade econômica e social e na geração de produtos saudáveis e isentos de contaminação.
O lançamento dos efluentes da água utilizada no processamento do café por via úmida em corpos hídricos, sem tratamento adequado, é proibido pela legislação brasileira. Devem sofrer processo de limpeza para retornar limpos à natureza.
O ser humano inventivo e criativo já tem solução para minimizar o impacto do uso excessivo de água, por meio de uma técnica de manejo desenvolvida por pesquisadores da Embrapa que permite diminuir em muito o consumo de água limpa nesse processo. Trata-se de um sistema pesquisado já faz cinco anos, que baseia-se em caixas d'água, peneiras e tubos de PVC, que permite o reúso da água empregada na unidade de processamento por três vezes e não apenas uma, como ocorre atualmente.
O funcionamento é relativamente simples, custa de R$ 8 a R$ 20 mil e proporciona economia de 50 % a 75 % no consumo de água. Como a maioria das unidades pertence a pequenos e médios produtores, esse custo torna-se acessível e permite retorno em curto prazo. A implantação do sistema de reúso de águas tem outras vantagens. Após seu uso por três ciclos de lavagem, a água residuária pode ser utilizada na irrigação dos cafezais. O produto final é rico em nutrientes e, portanto, podem retornar à lavoura via fertiirrigação, proporcionando economia em adubação química.
O agronegócio é e será o grande responsável pela segurança alimentar mundial.
.............................................................................
Embrapa Café participa da Agrobrasília 2011 |
Qua, 18 de Maio de 2011 10:57 fonte: http://www.sapc.embrapa.br/index.php/principal/embrapa-cafe-participa-da-agrobrasilia-2011 |
A Embrapa Café participar da Agrobrasília 2011, evento que apresenta as inovações tecnológicas utilizadas nas lavouras do cerrado brasileiro e abre oportunidades de negócios na área. A unidade apresenta a tecnologia “Sistema para Limpeza de Águas Residuárias – SLAR”, desenvolvida pelo pesquisador da Embrapa Café, Sammy Fernandes Soares, com recursos do Consórcio Pesquisa Café, cujo Programa de Pesquisa em Café é coordenado pela Embrapa Café. A inovação consiste em um sistema de limpeza das águas residuárias resultantes do processamento, por via úmida, de frutos do cafeeiro. A água proveniente do processamento contém resíduos sólidos e alta carga orgânica com potencial de poluir o meio ambiente. O sistema remove esses resíduos da água e permite que ela seja reutilizada em novo processamento de frutos ou direcionada à fertirrigação da cultura. Além disso, os resíduos sólidos retirados podem ser empregados na produção de adubos orgânicos. O benefício direto da tecnologia para o produtor é a redução dos gastos com água na pós-colheita, que pode chegar a uma economia de 90% do consumo. A inovação também promove a preservação ambiental, dando um destino ambientalmente correto para as águas carregadas de resíduos orgânicos. Com baixo custo de instalação e manutenção, o SLAR pode ser utilizado por produtores de pequeno, médio e grande porte. O pesquisador da Embrapa Café, Anísio José Diniz, apresentará a tecnologia para um público esperado de 50 mil visitantes na quarta edição da Agrobrasília. Diniz ressalta que “oportunidades de divulgação como essa são importantes para a transferência da tecnologia que beneficiará a cafeicultura do cerrado”. O pesquisador destaca ainda que o caráter inovador das tecnologias é fundamental para a consolidação de sua adoção pelos produtores. Quem for à Agrobrasília 2011 poderá conhecer melhor esta inovação tecnológica visitando o espaço da Embrapa na feira, localizado no estande do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e aprender sobre o funcionamento do SLAR e sua aplicação no cerrado. Área de Comunicação & Negócios da Embrapa Café Texto: Cristiane Vasconcelos (MTb 1639/CE) Fone: (61) 3448-4566 Serviço de Atendimento ao Cidadão: http://sac.sapc.embrapa.br |
http://www.sapc.embrapa.br/index.php/em-destaque/uso-de-boas-praticas-agricolas