sábado, 9 de abril de 2011

Cada US$1 investido na construção de edificios sustentáveis retorna US$15 em 20 anos

Arquitetura Bioecológica




O Consumo e a Construção Civil


Conforme dados da Comunidade Européia, a enorme importância do impacto das atividades da construção civil no meio ambiente e, consequentemente, na qualidade de vida do indivíduo é claramente demonstrada:



•Na ocupação territorial e a conseqüente poluição urbana;

•Numa forte periculosidade das técnicas construtivas e dos materiais utilizados há algumas décadas na construção: milhares de produtos cada vez mais sintéticos a base de substâncias petroquímicas de reconhecida toxicidade que tornam o canteiro de obras uma instalação produtiva de alto risco.

•Num consumo descontrolado de recursos não renováveis, em particular petróleo e água (cerca de 50% dos recursos extraídos da natureza são destinados à indústria da construção civil).

•Num maciço consumo de energia de origem fóssil (cerca de 45% da energia produzida na Europa é utilizada no setor construtivo).

•Na produção de poluição atmosférica crescente e responsável pelos fenômenos de poluição global como o efeito estufa e o buraco na camada de ozônio (cerca de 50% da poluição atmosférica é produzida na Europa pelo setor construtivo).

•Na produção maciça de escórias e refugos (cerca de 50% dos refugos produzidos anualmente em Europa provêm do setor construtivo, na Alemanha chega a 70%).

No Brasil, estes números não são muito diferentes.



A construção civil consome:



•40% dos recursos naturais e da energia produzida

•34% do consumo de água

•55% do consumo de madeira não certificada

•67% da massa total de resíduos sólidos urbanos e 50% do volume total de resíduos



Em face desses dados, torna-se evidente que as escolhas que cada dia a administração pública e o mercado da Construção Civil realizam por meio da atividade profissional de milhares de técnicos e operários tornam-se fundamentais. Estas escolhas exigem uma postura diferente de responsabilidade ética nos setores que determinam a qualidade do meio-ambiente.



Construir de maneira sustentável impõe a todos os envolvidos, do projetista ao usuário, do administrador público ao empresário, do produtor ao varejista, um forte empenho ético e um profissionalismo adequado.





Novas Obrigações Legais

Internacionais

Segundo a Diretiva Européia, todos os Estados se comprometem:



•A adotar metodologia que indique a eficiência energética dos edifícios.

•Com a adoção de requisitos mínimos revisados cada 5 anos.

•Edifícios novos > 1000m2:

•sistema de energia renovável

•calefação ou refrigeração central.

•Obrigatoriedade de apresentação de certificação energética dos edifícios para comercialização.

Em alguns paises, decretos regionais definem os parâmetros de ecoeficiência para novas obras e reformas, como:



•Máximo de consumo de água por instalação e o uso obrigatório de dispositivo economizador

•Limitação para a perda térmica das aberturas com vidro.

•Estabelece contribuição mínima de energia solar para aquecimento de água.

•Isolamento acústico mínimo 48 dB para as paredes.

•Criação de um sistema de pontos com referencia a uso de pré-fabricados, reciclagem, reuso de água, energias renováveis, ventilação natural, sendo que todas as obras devem atingir um mínimo de pontos.

Nacionais



A Resolução nº. 307, de 05/07/2002 CONAMA tornou obrigatória em todos os municípios do País a implantação de Planos Integrados de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil e determinou, também, aos geradores, adoção de medidas que minimizem a quantidade gerada, sua reutilização ou reciclagem e, quando inviável, que os resíduos sejam reservados, segregados, para posterior utilização.



Em 2004, foram publicadas as Normas

NBR:15112 a 15116 para regulamentação da gestão de Resíduos sólidos.



No estado de São Paulo, através da

Lei Estadual 12.300/2006 foi estabelecida a Política Estadual de Resíduos Sólidos que define

as responsabilidades e os procedimentos para incentivar e controlar o reaproveitamento de resíduos da construção de maneira a promover a redução de consumo dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente, além da geração de empregos e da promoção da consciência ambiental.



Em algumas cidades brasileiras já é obrigatório a preparação para futura instalação

ou mesmo o uso de energia solar para aquecimento de água e em outras esta previsto um beneficio fiscal para sua utilização.



A Valorização do Edifício Bioecológico

Segundo estudos desenvolvidos pelo Green Building Council, realizado com os edifícios certificados, vários são os benefícios econômicos obtidos com os edifícios sustentáveis:

. Os ocupantes de escritórios em edifícios verdes têm grande diferencial de qualidade de vida e saúde e se tornam de 2 a 16% mais produtivos.



. As vendas em locais com iluminação natural são até 40% maiores que os locais fechados. (Source: California Board for Energy Efficiency Third Party Program).



. Estudantes de escolas que priorizam a iluminação natural foram 20% mais rápidos em provas de matemática e 26% em testes de leitura. (According to a Heschong Mahone Group study, “Day lighting in Schools,” conducted on behalf of the CA Board for Energy Efficiency).



. Cada US$1 investido na construção de edificios sustentáveis retorna US$15 em 20 anos:

74% – Saude e produtividade dos ocupantes

14% - Operação e manutenção

09% - Energia

02% - Emissões

01% - Água

. Um investimento de 2% no projeto, em média, resulta em economia de até 20% no custo total da construção. (Fonte: The Costs and Financial Benefits of Green Buildings: A Report to California's Sustainable Building Task Force, October 2003)



A Percepção do Mercado

Além do evidente aumento dos custos dos insumos necessários para a construção e para a utilização dos edifícios, devido à redução acelerada de nossas reservas e do uso indiscriminado de recursos não renováveis, os benefícios serão evidentes para aqueles que estiverem adaptados às novas necessidades do mercado.



O mercado europeu já se comprometeu a obter significativas reduções de consumo através de

Licitações sustentáveis para contratos públicos ecológicos, financiamento e



pesquisa para renovações nas construções antigas e i

ncentivo a educação ambiental.





O Mercado no Brasil

Já é grande o interesse do mercado no tema da sustentabilidade com participação de importantes empresas pioneiras.





Construtoras

Existe um crescimento do numero de lançamentos de condomínios e empreendimentos residenciais de baixo impacto ou eco-amigáveis, com grandes áreas preservadas atingindo índices de 70% até 95% da área do empreendimento, reflorestamentos, captação e reuso de água e uso de energias renováveis.





Fornecedores

Varias empresas buscam produzir equipamentos que consomem menos água ou energia. Muitas outras desenvolvem e oferecem produtos de aplicação flexível, capacidade de reaproveitamento ou reutilização.





Indústrias

Obras industriais já apontam com reformas para redução de consumo de água e de energia nas instalações prediais, além de novas unidades com previsão para utilização de dispositivos e equipamentos para economia de água, iluminação inteligente, captação de água e uso de materiais de produção regional.





Mercado Financeiro

No sistema financeiro já existem linhas de financiamento especiais para produção e comercialização de equipamentos de aquecimento solar.



Desde 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da BOVESPA – ISE, faz a

avaliação de empresas para fins de investimentos, levando em conta tanto aspectos financeiros tradicionais quanto a performance ambiental e social das empresas. Tal qual o Índice da Dow Jones DJSI, reflete o reconhecimento do potencial financeiro relativo às questões de sustentabilidade nas grandes empresas.



De modo semelhante ao esforço desenvolvido por grandes empresas para ingressarem e permanecerem na relação daquele índice americano, muitas empresas neste momento desenvolvem esforço equivalente para configurar no ISE.



Grandes empresas do mercado brasileiro já buscam a certificação de seus edifícios e suas instalações para participarem do DJSI e este movimento deve se acentuar para a participação do ISE que, na sua revisão anual, inclui o percentual de unidades que possuem programa de ecoeficiência em suas instalações e as metas de redução de consumo de recursos com água, energia, papeis e combustíveis fósseis como questões na avaliação das empresas participantes.









A Arquitetura Bioecológica - o modelo de Construção Civil com responsabilidade ambiental - segue 10 princípios básicos:



1. Minimizar o impacto ambiental das construções.

2. Promover comunidades sustentáveis.



3. Promover a saúde e o bem-estar do homem.



4. Priorizar a longevidade da construção, durabilidade e adaptabilidade.



5. Utilizar materiais de baixo impacto ambiental.



6. Promover a conservação e uso racional da água.



7. Promover a eficiência energética, o uso racional de energia e as fontes de energia renovável.



8. Minimizar a produção de resíduos e promover a reciclagem.



9. Não utilizar produtos tóxicos. Usar preferencialmente ecoprodutos.



10. Promover a educação ambiental, o consumo consciente e a preservação da cultura