terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Tecnologia sustentável: Cinza da queima do bagaço de cana substitui areia na fabricação de concreto

Cinza da queima do bagaço de cana substitui areia na fabricação de concreto



Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0502201126.htm


Autor: VENCESLAU BORLINA FILHO

DE RIBEIRÃO PRETO



A substituição da areia por cinzas da queima do bagaço da cana gerou um concreto 15% mais resistente do que o comum -feito com a mistura de pedra, cimento e areia.

A conclusão faz parte de uma pesquisa do departamento de engenharia civil da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

Segundo o professor responsável pelo estudo, Almir Sales, a mistura pode chegar a 50% do total da areia.

O maior ganho é ambiental, pela conservação dos rios, de onde se extrai a areia, e do solo das usinas.

Sales afirmou que a degradação dos rios com a extração da areia é imensa e que a falta de licenças ambientais para exploração têm deixado o produto mais caro.

"Atualmente, até 120 milhões de toneladas de areia de rio são consumidas por ano no Brasil", disse.

Já no caso das usinas, as cinzas se acumulam nos pátios e podem impermeabilizar o solo, além de gerar contaminação ou assoreamento de rios com a chuva.

De acordo com o professor, as usinas produzem cerca de 4 milhões de toneladas de cinzas por ano provenientes da queima do bagaço da cana. Cada tonelada de bagaço, segundo ele, gera cerca de 25 quilos de cinza.

"O trabalho com a queima do bagaço é fantástico na geração de energia, mas e as cinzas que restam? O que fazer com elas? Essa pode ser uma destinação", disse.



PROCESSO

A cinza é processada e peneirada até ficar idêntica a um grão de areia.

A mistura com cimento gera um concreto "levemente escurecido", diz Sales, e pode ser utilizada para obras de calçadas, guias e sarjetas.

"Para a construção predial, precisa ter regulamentação da ABNT [Associação Brasileira de Normas Técnicas], o que já está sendo tratado", disse o professor.

A pesquisa está em andamento há quatro anos.

O financiamento é da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).