terça-feira, 4 de janeiro de 2011

TURISMO SUSTENTÁVEL NOS PARQUES NACIONAIS DO IGUAÇU/IGUAZÚ: VISITAÇÃO RECORDE EM 2010

2010 é recorde histórico de visitação nas Cataratas
  
03/01/2011
O turismo cresce em todas as direções e os números do ano passado reafirmam. Mais de 1 milhão e 265 mil pessoas visitaram durante 2010 o Parque Nacional do Iguaçu, um dos principais destinos brasileiros, estabelecendo um novo recorde histórico na visitação da região das Cataratas. Um total 18,29% superior ao registrado em 2009.


Parque Nacional do Iguaçu - BR
Foto: Parques sustentáveis 23/11/10

“Foi a melhor visitação de todos os tempos”, afirmou Jorge Pegoraro, diretor do Parque Nacional do Iguaçu, unidade onde desde 1981 é feita a estatística anual de visitação turística, com origem dos visitantes.





Parque Nacional do Iguaçu - BR
Foto: Parques sustentáveis


A maior parte – 51% - é constituída de brasileiros, eles foram 646.861 em 2010. Dos paises vizinhos do Mercosul vieram 309.834 pessoas,



Parque Nacional do Iguaçu- BR
Foto: Parques sustentáveis



O balanço de 2010 foi divulgado na tarde desta segunda-feira (3) pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) mostrando que foram 1.265.765 turistas os responsáveis pelo novo recorde, 9,6% a mais em relação ao anterior, no ano de 2008, com 1.154.046 visitantes.



A marca histórica alcançada pelo atrativo teve a excelente vazão das Cataratas e o bom número de feriados como fatores determinantes. Também colaborou, e muito, a união de trabalho do trade da região, a divulgação do destino e mais vôos – incluindo rotas do exterior – que chegaram aos aeroportos internacionais da região.



Janeiro de 2010 foi o mês de maior participação - – total de 161.124. E na soma dos visitantes dos dois lados das Cataratas, o total de visitantes foi de 2.454.760. Com os indicativos de ascensão, em 2011 a tendência é superar 2,5 milhões.



Parque Nacional do Iguazú- AR
Foto: Parques sustentáveis 24/11/10


Do lado argentino, a visitação ao Parque Nacional do Iguazú também rompeu a barreira de 1 milhão de pessoas em 2010 –exatos 1.188.995 turistas, contra 952.185 no ano anterior, de 24,8%.



 Parque Nacional do Iguazú - AR
Foto: Parques sustentáveis

O presidente do Convention & Visitors Bureau de Foz, Camilo Rorato, destacou a união de forças da sociedade civil e poder público para impulsionar o setor de maneira consistente e sustentável, uma reunião que tem pilares na Itaipu Binacional, Secretaria de Turismo de Foz, ICMBio - Instituto Chico Mendes.

AE



Parque Nacional do Iguazú - AR
Foto: Parques sustentáveis




Parque do Iguaçu é única reserva de Mata Atlântica no oeste do Paraná




Por clipping

Elas foram formadas há 120 milhões de anos e hoje estão entre os principais destinos naturais do mundo. Distribuídas em dois parques de conservação da natureza, as Cataratas do Iguaçu são o coração da única reserva de mata atlântica remanescente no oeste do Paraná.



A reserva resiste mas não muda a realidade do bioma. A devastação da mata atlântica é o retrato da história do Brasil. Desde o descobrimento, a floresta vem sendo explorada e dizimada. Hoje restam apenas 7% da cobertura original no país.



“A maior parte da população brasileira vive na Mata Atlântica e depende dos seus recursos. Então um trabalho grandioso na Mata Atlântica é preservar o que resta”, diz Marcia Hirota, diretora da organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica.



Caminhando pelas trilhas do Parque Nacional do Iguaçu, as manchas vermelhas, nos troncos das árvores, atestam que o ar está puro. Os parques criados em 1939 no Brasil e em 1937 na Argentina estão muito bem preservados. A questão é o que está ao redor deles. Do lado brasileiro, os vizinhos são extensas plantações de soja e de milho.



“Os agrotóxicos estão presentes dentro da água do parque nacional. Nas cataratas também estão presentes, infelizmente”, diz o diretor do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Luiz Pegoraro. Além das áreas de agricultura, o parque tem contato com 14 municípios vizinhos. Os rios das cidades estão contaminados pelo esgoto e atingem a bacia do rio Iguaçu.



As Cataratas e a Mata Atlântica funcionam como um filtro. A poluição que alcança o parque é invisível, mas alguns sinais já aparecem no Rio Iguaçu. O jacaré de papo amarelo, um dos animais do bioma ameaçados de extinção, vai morrer e a garrafa de plástico que aparece ao seu lado vai sobreviver por pelo menos mais 200 anos.



Gavião real – Já a harpia, uma das maiores águias do mundo e conhecida como gavião real, também ameaçada de extinção, é quase uma lenda no local. “É área de ocorrência da espécie. Eu nunca vi. Existem alguns boatos, relatos que possam ter visto”, diz Marina Xavier da Silva, bióloga do projeto Carnívoros do Parque do Iguaçu.



O Parque das Aves, um zoológico particular em Foz do Iguaçu, expõe uma harpia que foi recebida do Ibama. “Quando a gente perde os grandes predadores, a floresta inteira sofre com isso”, explica Marina.



Perto dali, no zoológico mantido na hidrelétrica de Itaipu, uma jovem harpia de 6 meses, nascida em cativeiro, está crescendo toda branca. Especialista em visão, ela enxerga longe e é a mais vigorosa esperança para a perpetuação da espécie e a preservação da Mata Atlântica. (Fonte: Globo Natureza)





Você já visitou um Parque Nacional?


Por Livio Bruno

Artigo publicado no Correio Braziliense – Sábado, Seção Opinião – 20 de novembro de 2010.



Cesar Victor do Espírito Santo

Engenheiro Florestal

Superintendente Executivo da

FUNATURA – Fundação Pró-Natureza



Certamente a resposta para a maioria dos brasileiros será não. Mas, porque isso ocorre no País que tem o maior patrimônio natural do planeta Terra? Será que todo esse patrimônio não tem valor? Ou será que o povo brasileiro ignora esse valor?



Fico com a segunda opção, pois se o povo soubesse o valor desse patrimônio, não deixaria os parques nacionais e as demais unidades que compõem o sistema nacional de unidades de conservação no estado de descuido em que se encontram, com exceções, é claro. A forma mais eficaz de preservar o patrimônio natural de um país é através das unidades de conservação.



Aqui no DF, por exemplo, se perguntarmos quem já visitou o Parque Nacional de Brasília, excluindo a Água Mineral, vamos chegar a uma parcela ínfima da população. Isso considerando que esse Parque é uma exceção, ou seja, além de bem estruturado, possui um quadro de pessoal representativo e, dentre outras ações, desenvolve a longo tempo um trabalho de educação ambiental que possibilita que alunos da rede escolar visitem o Parque.



Alguém ajuda a proteger com amor aquilo que não conhece? Difícil. Em geral, as pessoas tendem a dar valor e a proteger somente aquilo que conhecem. Enquanto não houver políticas públicas que proporcionem que o povo tenha a oportunidade de visitar os parques nacionais e outras unidades, a sociedade brasileira não vai reconhecer o devido valor do patrimônio natural que possui.



Por não conhecer esse valor, a sociedade não pressiona o poder público a garantir recursos orçamentários muito mais representativos do que o que vem ocorrendo até hoje. Para receber visitantes, é imprescindível que a unidade esteja com a sua situação fundiária regularizada, ou seja, que tenham sido indenizadas as propriedades privadas (terras e benfeitorias) ou, pelo menos, a maior parte, especialmente as áreas previstas para visitação.



As mais de 300 unidades de conservação federais existentes no Brasil somam cerca de 74 milhões de hectares, área maior do que a superfície de 80% dos países do mundo. O problema é que as unidades são criadas, mas não implementadas e a posse efetiva dos territórios ainda está, na sua maior parte, com a iniciativa privada. Enquanto não forem indenizados, a atuação do ICMBio estará bastante limitada, não garantindo de fato a sua proteção e a possibilidade de proporcionar ao povo brasileiro um contato com a natureza.



Custa caro a implementação dessas unidades? As unidades que necessitam ser desapropriadas perfazem uma área aproximada de 64 milhões de hectares. Destes, parte já foi desapropriada, parte levará tempo para se definir legalmente os proprietários a fim de indenizá-los e, a maior parte, ainda precisa ser regularizada. Supondo que o governo federal necessite indenizar 34 milhões de hectares e que, na média, um hectare custe cerca de 600 reais, serão necessários pouco mais de 20 bilhões de reais.



Esta quantia é muito dinheiro? Depende. Para proteger o maior patrimônio natural do planeta, não, trata-se de uma quantia modesta. Sabe-se que o valor dos serviços ambientais (água, oxigênio, clima agradável, biodiversidade, controle biológico de pragas e doenças, dentre outros) prestados pelos ecossistemas naturais é muito elevado e, considerando o Brasil em sua totalidade, o valor é muitas vezes maior que os 20 bilhões citados. Esse valor é menor, por exemplo, que os 33 bilhões previstos para a construção de uma das obras do PAC, o trem–bala, que ligará o Rio a São Paulo. É questão de prioridade.



Além da questão fundiária, é recorrente a falta de pessoal e de estrutura física. Os poucos funcionários existentes em cada unidade responsabilizam-se por uma agenda muito além das suas possibilidades. A necessária integração com as comunidades locais, com as prefeituras municipais, com a iniciativa privada, com a sociedade civil acontece de maneira muito tímida.



As oportunidades de geração de emprego e renda se perdem. O ecoturismo seria uma importante fonte de ingresso para os municípios com unidades de conservação em seu território. Isso aliado à valorização da cultura tradicional dos povos que vivem nessas regiões, ao aproveitamento sustentável de produtos da biodiversidade, dentre outros aspectos.



Se investir cerca de 6 bilhões anuais (85 % para indenizações e 15% para o funcionamento da estrutura de gestão das unidades), o governo Dilma fará o que nunca foi feito antes na história desse País, ou seja, a proteção efetiva da biodiversidade mais rica do planeta em benefício das atuais e futuras gerações de brasileiros e, porque não dizer, de toda a humanidade.