sexta-feira, 3 de abril de 2015

Fotos mostram cotidiano de limpadores de latrina na Índia

22/03/2015 10h22 - Atualizado em 22/03/2015 10h22

Fotos mostram cotidiano de limpadores de latrina na Índia

A ONG Human Rights Watch pede que a Índia acabe com a remoção manual de fezes feita por comunidades das castas mais baixas.

Da BBC
 Mulheres das castas mais baixas da Índia, como Gangashree (foto), limpam baneiros de casas sem sistema de descarga moderno: na imagem, ela leva as fezes em seu cesto para os arredores do vilarejo (Foto: Digvijay Singh/BBC)Mulheres das castas mais baixas da Índia, como Gangashree (foto), limpam baneiros de casas sem sistema de descarga moderno: na imagem, ela leva as fezes em seu cesto para os arredores do vilarejo (Foto: Digvijay Singh/BBC)
Milhares de famílias nas castas mais baixas da Índia sobrevivem aceitando comida ou pagamento intermitente pela limpeza de latrinas e pela remoção de excrementos humanos em seus vilarejos.
Em diversos Estados indianos a prática antiga ainda é comum. Os homens, mulheres e crianças que a realizam, no entanto, ainda são considerados "intocáveis".
Eles também costumam ser vítimas de ameaças e de maus tratos caso se recusem a fazer o trabalho.
No vilarejo de Kasela, em Uttar Pradesh, limpadores de latrina ainda são considerados intocáveis; na foto, mulher netra em casa do vilarejo pela porto dos fundos para remover excrementos do banheiro  (Foto: Digvijay Singh/BBC)No vilarejo de Kasela, em Uttar Pradesh, limpadores de latrina ainda são considerados intocáveis; na foto, mulher netra em casa do vilarejo pela porto dos fundos para remover excrementos do banheiro (Foto: Digvijay Singh/BBC)
A ONG indiana Jan Sahas lançou uma campanha que libertou 11 mil limpadores de latrinas no Estado de Madhya Pradesh.
"A limpeza manual de fezes humanas não é um emprego, mas uma injustiça semelhante à escravidão. É uma das formas mais proeminentes de discriminação contra os dálits (conhecidos antes como intocáveis), e é central para a violação dos seus direitos humanos", diz Ashif Shaikh, criador da campanha.
Marisha, de Uttar Pradesh, limpa banheiros de 20 casas todos os dias: "Eu uso um prato de lata e uma vassoura pra remover as fezes que acumulam no vaso, coloco os excrementos no cesto, levo e jogo fora. É um trabalho tão ruim que eu nem tenho vontade de comer". (Foto: Digvijay Singh/BBC)Marisha, de Uttar Pradesh, limpa banheiros de 20 casas todos os dias: "Eu uso um prato de lata e uma vassoura pra remover as fezes que acumulam no vaso, coloco os excrementos no cesto, levo e jogo fora. É um trabalho tão ruim que eu nem tenho vontade de comer". (Foto: Digvijay Singh/BBC)
Munnidevi diz que não é paga pelo trabalho. "Às vezes eles nos dão dois rotis (pães caseiros), às vezes só um. Uma das casas não me pagou nada por dois ou tês dias, então eu parei de ir lá. Se eles não me dão nada, por que devo ir? Mas eles vieram me ameaçar. Disseram: 'se você não vier, não vamos deixar você entrar em nossas terras. Onde você vai conseguir comida para seus animais?'. Nós temos quatro búfalos. Aí eu voltei para limpar. Eu tinha que fazer isso." (Foto: Digvijay Singh/BBC)Munnidevi diz que não é paga pelo trabalho. "Às vezes eles nos dão dois rotis (pães caseiros), às vezes só um. Uma das casas não me pagou nada por dois ou tês dias, então eu parei de ir lá. Se eles não me dão nada, por que devo ir? Mas eles vieram me ameaçar. Disseram: 'se você não vier, não vamos deixar você entrar em nossas terras. Onde você vai conseguir comida para seus animais?'. Nós temos quatro búfalos. Aí eu voltei para limpar. Eu tinha que fazer isso." (Foto: Digvijay Singh/BBC)
"Se você é da casta Mehatar, você precisa fazer esse trabalho. Não dizem isso diretamente, mas é o que você é contratado pra fazer e o que é esperado, até dos moradores. Se há fezes para limpar, eles vem nos chamar para fazê-lo", diz Anil, do distrito de Dhule, no Estado de Maharashtra (Foto: Digvijay Singh/BBC)"Se você é da casta Mehatar, você precisa fazer esse trabalho. Não dizem isso diretamente, mas é o que você é contratado pra fazer e o que é esperado, até dos moradores. Se há fezes para limpar, eles vem nos chamar para fazê-lo", diz Anil, do distrito de Dhule, no Estado de Maharashtra (Foto: Digvijay Singh/BBC)
Sevanti, do distrito de Dewas, foi ajudada pela campanha da ONG Jan Sahas, que a informou de que o trabalho a que era submetida era contra a lei e que ela poderia ir embora (Foto: Digvijay Singh/BBC)Sevanti, do distrito de Dewas, foi ajudada pela campanha da ONG Jan Sahas, que a informou de que o trabalho a que era submetida era contra a lei e que ela poderia ir embora (Foto: Digvijay Singh/BBC)
"O conselho do vilarejo trouxe nossa família para cá para limpar os banheiros secos, os banheiros com água e os locais onde se defeca ao ar livre. Eu recolho todo o excremento e jogo em outro lugar. Na verdade, nós queremos ir pra casa. Não gostamos daqui", diz Rajubai, na foto (Foto: Digvijay Singh/BBC)"O conselho do vilarejo trouxe nossa família para cá para limpar os banheiros secos, os banheiros com água e os locais onde se defeca ao ar livre. Eu recolho todo o excremento e jogo em outro lugar. Na verdade, nós queremos ir pra casa. Não gostamos daqui", diz Rajubai, na foto (Foto: Digvijay Singh/BBC)

Como perpetuar um ente querido após cremação de forma sustentável!

Spíritree: Urna biodegradável transforma cinzas da cremação em uma árvore!

Spíritree: Biodegradable burial urn turns cremation ashes into a living tree


The Spíritree Forest Co.
© The Spíritree Forest Co.
Death is life's only inescapable truth, and the significance of its impact often has people trying to create meaning out of it. So it's no surprise that "green" funerals are gaining ground; in keeping an ecological consciousness in meaning-making, many are turning to alternative ways to commemorate their loved ones' remains.
One concept we've seen is the plantable urn, which holds the ashes of someone deceased and will eventually turn into a tree. While we've seen commercially unavailable designs, it's good to come across some that are actually manufactured, like the Spíritree, a biodegradable urn and tree planter made by San Juan, Puerto Rico-based Spíritree Forest Company.
© The Spíritree Forest Co.
Designed by architect José Fernando Vázquez Pérez of Hacedor Maker, the Spíritree was inspired by the passing of Vázquez Pérez's great-grandmother, which prompted Vázquez Pérez back in 2001 to begin conceptualizing a "device to make land sacred" -- which would not only serve as a "remembrance of the past, [but also] a renewal of life that restores the environment for everyone’s future."
© The Spíritree Forest Co.
A few years and a couple of patents later, Vázquez Pérez and his business partner Enrique Vila-Biaggi formally launched the Spíritree in 2005. So how does it work? Well, it's simple, but there's a lot of profound thoughtfulness in this beautiful design. The bottom shell is made out of a proprietary, biodegradable materials that aids in neutralizing the alkalinity of the cremated ashes, while the top cover is a hollow, ceramic shell with small holes that allow rainwater to be collected inside, and released slowly. This moisture helps the bottom shell decompose naturally, and as the shell breaks down, the cremated remains are gently recomposed with the soil underneath, ultimately transforming into nutrients for a growing sapling, which will someday shatter the ceramic top in the process. The result is a living tree, grown from what was once a product of death.
© The Spíritree Forest Co.
Spíritrees are handmade by local artisans in Puerto Rico, and during the last decade, have been shipped throughout the U.S. and far-off places like Canada, Mexico, UK, The Netherlands, Germany, Spain, France, Slovenia, Japan, Australia, New Zeeland, and South Africa.
There's a distinct advantage to this method of memorialization: as Vázquez Pérez also tells us, Spíritrees enabled one family -- whose members lived all over the world -- to collectively commemorate a deceased, elderly mother. The family purchased five Spíritrees, and each grown child took a portion of their mother's ashes and grew a tree in their respective backyards that the children and grandchildren could "visit." (Now that is one way to be in five places at once...!)
© The Spíritree Forest Co.
The Spíritree is a lovely, elegant design with a lighter environmental impact, and pricedat USD $225, is one affordable option for people looking for alternatives to the conventional but resource-intensive casket burial, while propagating forests at the same time. To find out more or purchase one, visit Spíritree Forest Company.

domingo, 29 de março de 2015

sexta-feira, 27 de março de 2015

Irrigação com moderação

ECOLOGIA

Ato público no Rio chama atenção para reuso da água na agricultura

Evento promovido por ambientalistas e pelo deputado estadual e ex-ministro do Ambiente Carlos Minc (PT) ressaltou a importância da agricultura familiar e orgânica


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PUBLICADO EM 21/03/15 - 17h04

Na véspera do Dia Mundial da Água, que será comemorado amanhã (22), um ato público realizado na manhã de hoje (21), na Feira Orgânica e Cultural do bairro da Glória, zona sul do Rio, chamou atenção sobre os benefícios da reutilização da água.

Promovido por ambientalistas e pelo deputado estadual e ex-ministro do Ambiente Carlos Minc (PT), a manifestação foi realizada na feira para ressaltar a importância de uma parceria ecológica com a agricultura familiar e orgânica.
Com um kit ecológico, formado por uma mangueira com furinhos acoplada a um galão de água, os ambientalistas irrigaram canteiros de hortaliças pelo sistema de gotejamento de água, demonstrando, na prática, a simplicidade do método para economizar água na agricultura.
Segundo Minc, 70% da água no Brasil destinam-se aos setores de agricultura e pecuária. Do restante, 20% são para indústria e 10% para consumo humano. "Se usássemos sistemas de reuso de água de chuva e de gotejamento em irrigação, por exemplo, poderíamos economizar 80% da água hoje utilizada na agricultura."
“Quando usa muito mais água do que é necessário, você 'lava o fundo de fertilidade' da terra, tirando dela muitos elementos importantes para a própria agricultura”, ressaltou.
Para o ex-ministro, neste momento de carência de água, particularmente no Sudeste brasileiro, o emprego de tecnologia simples e barata de gotejamento pode contribuir para o país conservar melhor “esse bem maior da vida”.
Ele lembrou que não se pode igualar, em matéria de consumo de água, o agronegócio com a agricultura familiar e orgânica, “responsável por apenas 10% do montante de água utilizado anualmente pela agropecuária no Brasil”.
Minc, que também já foi secretário do Ambiente do Rio, durante o governo de Sergio Cabral, elogiou o acordo de gestão compartilhada da Bacia do Rio Paraíba do Sul, firmado pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais com a Agência Nacional de Águas (ANA).
“Foi o acordo possível. Na verdade, os três estados têm culpa no cartório. Todos desmatam as margens dos rios, jogam neles esgotos sem tratamento, desperdiçam água, mas não se pode transformar a questão ambiental em guerra de torcidas, estado contra estado. Você tem de aproveitar um momento como esse e fazer projetos comuns de tratamento de esgoto, reflorestamento das margens, além de evitar jogar lixo químico nos rios”, acrescentou.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Sem fiação elétrica para atrapalhar as árvores...mas...

Prefeitura de SP planta árvores no asfalto e levanta polêmica
http://ciclovivo.com.br/noticia/prefeitura-de-sp-planta-arvores-no-asfalto-e-levanta-polemica
12 de Março de 2015 • Atualizado às 10h45


Nesta semana, a prefeitura de São Paulo iniciou testes para buscar novas alternativas que ampliem o plantio de árvores na capital. Um projeto piloto, batizado de “Árvore no Asfalto”, em Cidade Patriarca, bairro localizado na zona leste, já plantou 70 mudas no asfalto, entre as duas mãos de circulação de veículos e em ilhas, no cruzamento das vias.
“Nós estamos desenvolvendo novas metodologias de plantio, levando em consideração as características da cidade: as calçadas são estreitas, então a árvore ocupa um espaço precioso na calçada, necessário para o cadeirante ou para a pessoa com deficiência, e a fiação, com o que as árvores convivem mal”, afirmou Haddad. Segundo o prefeito, os testes são supervisionados por agrônomos e engenheiros da CET.
Novas alternativas serão testadas ainda neste primeiro semestre de 2015. O objetivo é ampliar a quantidade de verde na cidade, que conta com menos de um milhão árvores em vias públicas. As árvores no ambiente urbano oferecem mais qualidade de vida à população, pois reduzem as ilhas de calor, atenuam a poluição atmosférica e sonora e oferecem mais conforto para os pedestres.

Foto: Fabio Arantes/SECOM
De acordo com levantamentos realizados pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, a região leste é a que apresenta maior déficit de árvores por habitante.
“A árvore na cidade tem adversidades: tem o solo, a qualidade do ar, a fiação. Ao longo da história o planejamento urbano não contemplou o pedestre, então tem muitos lugares onde ou tem espaço para o pedestre ou para a árvore. Então o plantio no asfalto é uma alternativa para deixar a cidade mais verde. Na Europa e no Canadá há projetos de plantio muito semelhantes”, explicou o secretário Wanderley Meira do Nascimento (Verde e Meio Ambiente).

Foto: Fabio Arantes/SECOM
Nesta primeira etapa do projeto, sete espécies de árvores foram escolhidas, entre eles ipê, caroba, carobinha e cássia. As espécies plantadas são de médio e grande porte, com raiz pivotante, que não se espalha lateralmente. A medida visa justamente evitar a deformação do pavimento no futuro. No plantio, são também utilizados anéis de concreto que direcionam as raízes para camadas mais profundas do solo.
Outros cuidados foram de verificar se no local de plantio existem redes subterrâneas de concessionárias, como água, esgoto ou gás, ou fiação elétrica. Em seis meses, os ipês plantados começarão a ter flores.

Foto: Fabio Arantes/SECOM
Critérios técnicos
O projeto piloto estabelece que as árvores podem ser plantadas em vias pavimentadas que apresentam um volume diário médio de tráfego abaixo de 2.500 veículos, leito carroçável com 12 metros ou mais de largura, e que não sejam corredores de carga ou de ônibus.
O plantio sobre o asfalto possui baixo custo de implantação e uma única equipe consegue plantar cerca de 30 árvores por dia. Para delimitar a faixa de plantio, a CET implementou sinalização horizontal, com duas faixas contínuas e zebradas. Além disso, o plantio é interrompido com pelo menos sete metros de distância das esquinas transversais, de modo a garantir a visibilidade de motoristas e pedestres.

Foto: Fabio Arantes/SECOM
Iniciativa divide opiniões
Apesar da boa intenção, as árvores não estão sendo bem vistas por todos os olhos. O projeto acendeu um debate nas redes sociais aos favoráveis e contrários à decisão.
“É um protótipo para corrigir imperfeições, erros, estudos. No fundo, percebemos que todos são favoráveis e querem mudanças simples. Prototipar é isso mesmo tem que testar, ouvir, estudar, pesquisar e aprimorar”, afirma o especialista em mobilidade urbana Lincoln Paiva. Ele que assessora os projetos de ocupação urbana da prefeitura de São Paulo está entusiasmado com a quantidade de pessoas debatendo - seja  contra ou a favor do projeto.
Já para a jornalista e agricultora urbana Claudia Visoni, é importante dar mais espaço para planta se desenvolver. “Sou a favor e acho importantíssimo trazer mais verde e sombra para as ruas. É preciso, no entanto, aumentar a caixa para não sufocar as árvores (tornar maior o buraco no cimento, o manual de arborização da prefeitura tem as medidas necessárias). Acho que seria legal colocar árvores também próximas à calçada, no local de estacionamento de carros. Perde-se uma vaga (ou menos), mas ganha-se sombra”, defende.
Outra questão que tem rendido bastante discussão é a ausência de canteiro central, que para uns pode causar acidentes ou, pelo contrário, obrigar os condutores a dirigirem com mais atenção, reduzindo a velocidade nas avenidas. Ainda em fase de testes, a prefeitura afirma que os resultados serão avaliados junto com a população para definir a possibilidade de expansão do projeto.

Foto: Fabio Arantes/SECOM

domingo, 22 de março de 2015

Se economizar, não vai faltar...

Dinamarca reduziu consumo per capita de água nos últimos 20 anos

Até a década de 80, cada cidadão dinamarquês consumia, em média, 60 mil litros de água por ano, cerca de 164 litros por dia


http://www.otempo.com.br/capa/mundo/dinamarca-reduziu-consumo-per-capita-de-%C3%A1gua-nos-%C3%BAltimos-20-anos-1.1012345
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Agência Brasil
Desperdício de água
PUBLICADO EM 20/03/15 - 16h26
A falta de água já foi um problema para a Dinamarca, que hoje, com a Alemanha, encabeça a lista das nações consideradas referência na Europa no que diz respeito ao sistema de abastecimento. Depois de enfrentar um período de escassez do recurso, na década de 70, o país nórdico vivenciou uma ampla reforma no setor, que gerou melhorias na qualidade da água e na eficiência do sistema, a queda no percentual de perda por vazamentos e uma redução de 35% no consumo per capita de água por ano.

Até a década de 80, cada cidadão dinamarquês consumia, em média, 60 mil litros de água por ano, cerca de 164 litros por dia. Atualmente, o consumo médio é 39 mil litros de água por ano, 107 litros por pessoa/dia. No Brasil, o consumo médio atual chega a 166,3 litros per capita/dia.
Para o especialista em políticas ambientais da Universidade de Aarhus, Mikael Skou Andersen, o ponto central da reforma conduzida pelo governo foi o repasse do custo real da água para os consumidores, o que, na Europa, é chamado de “preço cheio da água”. Além de pagar pelo que consome, o cidadão, na Dinamarca, paga taxas ambientais e de serviços. “Com a elevação no preço, pudemos observar uma redução considerável no consumo”, enfatiza o pesquisador que acompanhou o processo de mudança no país.
A diretiva-quadro sobre água da União Europeia (principal instrumento do bloco em relação à gestão da água), lançada em 2000, estipula a introdução do chamado “preço cheio da água” em todos os países-membros, como forma de estimular o uso racional do recurso. Entretanto, muitos deles ainda não conseguiram cumprir o estabelecido. Na Irlanda, por exemplo, onde a água era fornecida gratuitamente aos cidadãos até outubro do ano passado, a escassez de água levou à implementação de um sistema de cobrança, o que tem gerado amplos protestos populares.
“A água é um recurso limitado e a implementação gradual do preço cheio é um incentivo ao uso consciente e à melhoria das instalações. Países com sistema de preço adequado, como a Dinamarca, conseguiram reduzir o consumo para algo em torno de 100 litros por pessoa, por dia, sem perda de conforto para o consumidor”, garante Skou. Para um consumo de 50 mil litros por ano, um cidadão dinamarquês que vive sozinho paga hoje mais de dez vezes o que pagaria em 1980: em torno de 3,5 mil coroas por ano (R$ 1,5 mil por ano, ou R$ 125 por mês).
O pesquisador acredita que o modelo aplicado na Dinamarca poderia ser seguido por países maiores, como o Brasil. “Para balancear, o governo poderia optar pela redução de outras taxas, ou mesmo oferecer um subsídio, o que chamamos de cheque verde, para famílias de baixa renda.”
Para ampliar a eficiência do sistema, a legislação prevê que as companhias de abastecimento mantenham o percentual de perda de água por vazamentos abaixo de 10%, do contrário, não são autorizadas a repassar a taxa ambiental aos consumidores, tendo, assim, que pagá-la ao Estado. A perda, que era de 15% na década de 80, hoje é de 6%, uma das menores do mundo. No Brasil, essa taxa varia de 30% a 40%, dependendo do município.
A reportagem da Agência Brasil visitou a Companhia de Água de Aarhus, segunda maior cidade da Dinamarca, com cerca de 330 mil habitantes. A diretora de produção do Departamento de Água Potável, Pia Jacobsen, conta que o percentual de perda de água por causa de vazamentos em Aarhus, hoje, chega a 6%, e que a meta é reduzir para 5% até 2030. “O aumento desse percentual para acima de 10% é inadmissível, pois representaria um custo muito alto para a companhia”, observa ela, em referência ao que prevê a legislação.
A companhia de Aarhus conta com 1,5 mil quilômetros de rede, a maior da Dinamarca. Todos os anos, em média, 15 quilômetros de redes velhas ou com defeito são trocadas ou renovadas. O chefe de operações do Departamento de Água, Michael Rosenberg Pedersen, diz que o segredo da eficiência é investimento em manutenção e monitoramento 24 horas. “Dividimos a cidade em zonas e fazemos um monitoramento especial, com equipamentos modernos. Quando um problema é detectado, enviamos uma equipe imediatamente ao local para checagem”, explica. Ele enfatizou que, para a empresa, “perder água é perder dinheiro”. “É o nosso produto que estamos jogando fora”, diz.
Desde a seca enfrentada na década de 70, a Dinamarca passou a retirar toda a água que consome dos lençóis freáticos, e não da superfície. Nas estações de tratamento, ela passa por processos de filtragem e aeração (adição de oxigênio) e, de lá, vai direto para as torneiras. No país nórdico, é proibido fazer o tratamento da água potável com cloro ou outros aditivos, como se faz no Brasil. O governo prefere trabalhar para combater a contaminação, por meio de um monitoramento rigoroso da qualidade e da pureza de sua água subterrânea.
O resultado é uma água de alta qualidade, que sai da torneira direto para o copo dos dinamarqueses. A estudante mineira Fernanda Bartels, que mora em Aarhus há seis meses, conta que levou um tempo para tomar, com naturalidade, água da torneira. “Eu desconfiava, achava que não era pura de verdade e que iria me fazer algum mal”, lembra.
A água de torneira é servida em restaurantes e hotéis dinamarqueses. O país tem ainda um concurso anual, o Danish Water Grand Prix, em que provadores de vinho, os sommeliers, provam a água de 30 companhias de abastecimento localizadas em diferentes regiões do país e indicam qual é a mais saborosa. Os organizadores do concurso garantem que o sabor da água varia bastante de região para região, de acordo com os minerais presentes em sua composição.
Para o especialista em políticas ambientais da Universidade de Aarhus, apesar do sucesso das reformas na Dinamarca, ainda há desafios a serem enfrentados. “Os mais significativos são o controle dos níveis dos lençóis freáticos, o combate à contaminação por pesticidas, à poluição, e o controle das consequências das mudanças climáticas”, aponta.
Ele destaca, entretanto, que a população dinamarquesa aprendeu a valorizar a água e avalia que esse é o caminho para os demais países. “A água é um recurso escasso e não dá mais para adotar medidas paliativas. As nações precisam encontrar um melhor balanço entre a oferta e a demanda”, acredita.