quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Enfraquecimento do real ameaça Amazônia no Brasil

Enfraquecimento do real ameaça Amazônia no Brasil

Segundo ecologista, maior queda de uma moeda no mundo está ameaçando os ganhos do país no combate ao desmatamento

Blake Schmidt, da 
Amazonia Spress/Reuters
Desmatamento na Amazônia
Desmatamento na Amazônia: dados de julho mostraram que desmatamento na região cresceu 28 por cento em relação ao ano anterior
São Paulo - A maior queda de uma moeda no mundo está ameaçando os ganhos do Brasil no combate ao desmatamento da Amazônia, segundo um ecologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
A queda de 9,7 por cento do real nos últimos seis meses, para 2,3537 por dólar, o pior desempenho entre as 16 principais moedas monitoradas pela Bloomberg, significa que lucros maiores podem ser alcançados com a conversão da floresta em fazendas ou sítios para a exportação de commodities, disse Philip Fearnside, em entrevista concedida em 2 de dezembro, em seu escritório, em Manaus. Uma moeda mais fraca incha a receita para os exportadores, que vendem seus produtos em dólares.
Neste ano, o desmatamento da Amazônia aumentou em relação à sua maior baixa em 24 anos, segundo a Agência Especial Brasileira, que monitora os dados com fotografias de satélite. O real ganhou 55 por cento entre 2004 e 2011, o melhor desempenho entre as moedas principais, enquanto as taxas de juros em queda reforçaram o crescimento econômico.
“A maior parte da redução do desmatamento desde 2004 foi explicada pelos preços da soja e da carne bovina e deve-se à taxa de câmbio”, disse Fearnside, que possui um doutorado em ecologia pela Universidade de Michigan. “Se o exportador de soja teve despesas em reais e foi pago em dólares, ele recebeu metade do que antes devido ao fortalecimento do real. Agora, com o real a 2,30 por dólar, o negócio se tornou mais lucrativo do que quando o real estava a 1,50 por dólar”.
Os dados de satélite relativos aos 12 meses terminados em julho mostraram que desmatamento na região da Amazônia, que é do tamanho da Europa Ocidental, cresceu 28 por cento em relação ao ano anterior. O total de terras desmatadas atingiu 5.843 quilômetros quadrados, segundo dados da AEB publicados no mês passado.
Classificação de crédito
O real caiu neste ano em meio às previsões de crescimento reduzido e um corte, pela Standard Poor’s e pelo Moody’s Investors Service, da perspectiva em relação à classificação de investimento do país.
A Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse no mês passado que o aumento do desmatamento foi impulsionado pela derrubada ilegal de árvores nos estados do Pará e do Mato Grosso do Sul.
“O governo não aceitará nenhum aumento”, disse ela, em Brasília, em 14 de novembro, segundo um comunicado no site do ministério. “Não há a menor possibilidade de regularizar desmatamentos ilegais”.