quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cigarro é fator de risco para câncer de bexiga em mais de 50% dos casos

Fique longe da fumaça24/10/2013 | 11h12

Cigarro é fator de risco para câncer de bexiga em mais de 50% dos casos


Pacientes tabagistas são mais propensos a ter tumores de grau superior e aumento do risco de tumor invasivo

Cigarro é fator de risco para câncer de bexiga em mais de 50% dos casos stock.xchng/stock.xchng
Pesquisa foi realizada com 740 pacientesFoto: stock.xchng / stock.xchng
Segundo um estudo americano publicado no The Journal of Urology, os fumantes têm maior possibilidade de desenvolver câncer de bexiga na sua forma mais agressiva.

A pesquisa, realizada com 740 pacientes, entre homens e mulheres, identificou que os pacientes tabagistas, quando comparados aos não fumantes, são mais propensos a ter tumores de grau superior e aumento do risco de tumor invasivo desde o diagnóstico da doença.

Para o urologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Daher Chade, o tabagismo é um fator de risco primordial para câncer de bexiga, presente em mais de 50% dos casos diagnosticados atualmente. E, para piorar, o diagnóstico da doença é, na maioria das vezes, realizado de forma tardia.

— Isso ocorre porque a doença pode ser confundida com outras, como infecção urinária, pedra na bexiga ou problemas na próstata — explica o urologista.

Segundo o especialista, além da dor e ardência, esse tipo de câncer provoca também sangue na urina em mais de 80% dos casos. Porém, frequentemente este sangramento só pode ser detectado através do exame de urina.

Embora o especialista afirme que ainda é cedo para confirmar o quanto o tabagismo intensifica o estágio do câncer, ele alerta que o mais importante é que as pessoas percebam o quanto o cigarro está diretamente ligado ao câncer de bexiga, e o quanto ele faz mal a saúde de um modo geral.

Negócio da China...consumo sustentável?

Maior fazenda de criação de baratas do mundo tem dez milhões de insetos

Produção de baratas vira atividade lucrativa na China para abastecer indústrias de cosméticos e de medicamentos

18 de outubro de 2013 | 12h 25

Thiago Mattos
SÃO PAULO - Um tipo de criação inusitada se espalha silenciosamente na China. Milhões de baratas estão tomando o lugar de outros animais nas fazendas do país.
Dentro de uma construção que antes abrigava galinhas, agora há uma imensa quantidade de insetos marrom-avemelhados entre placas de metal e caixa de ovos, amarrados de modo a fornecer o tipo de escuridão necessária.
Este novo ramo de atividade econômica que se espalha pela China foi mostrado em uma reportagem do jornal Los Angeles Times. O jornal entrevistou Wang Fuming, de 43 anos, o maior fazendeiro de baratas do mundo.
O fazendeiro não tem nenhuma restrição aos insetos. Mostra com orgulho a sua criação em gaiolas. Desacostumadas à luz, as baratas correm por todos os lados, algumas subindo pelo seu braço. "Não há nada a temer", diz o empresário.
Embora provoquem um pavor visceral para muitas pessoas, o fazendeiro afetuosamente vê as baratas como uma sorte e um futuro para si. Dono de seis fazendas com cerca de 10 milhões de insetos, Wang é o maior produtor de baratas da China e, portanto, do mundo. 


Cosméticos e remédios. Ele as vende aos produtores de remédios e cosméticos da Ásia, que usam as baratas como fonte de proteína.

Pelo menos cinco empresas farmacêuticas usam baratas na tradicional medicina chinesa. Na China e na Coreia do Sul, pesquisas sobre o uso de baratas para tratar calvície, AIDS e câncer estão a caminho.
O Instituto de Pesquisa de Agricultura da Coreia do Sul e o Departamento de Farmácia da Dali University da China publicaram trabalhos sobre as propriedades anti-cancerígenas da barata.
A espécie criada é a Periplaneta Americana, ou Barata Americana, um inseto marrom-avemelhado que chega a crescer quatro centímetros e pode voar quando adulta.
Desde que Wang entrou no negócio em 2010, o preço das baratas secas cresceu dez vezes, de US$ 4 para US$ 40 o quilo. Os produtores de medicina tradicional estocam o pó da barata como garantia contra a inflação da barata, que já preocupa.
"Pensei em criar porcos, mas com uma fazenda tradicional a margem de lucro seria muito baixa. Com as baratas, é possível investir 20 yuans e receber 150 yuans", disse Wang ao Los Angeles Times. Em outras palavras, para cada US$ 3,35 que ele investe o faturamento é de US$ 11.

Indústria. A China possui cerca de 100 fazendas de baratas e novas criações surgem com a mesma rapidez de multiplicação das criaturas, segundo o jornal americano.
Mesmo entre os chineses, a indústria era desconhecida até agosto, quando um milhão de baratas fugiu de uma fazenda na província de Jiangsu. A grande fuga ganhou as manchetes dentro e fora do país, evocando imagens bíblicas como o enxame de gafanhotos.
Apenas a ideia de todo o ganho perdido perturba Wang, um chinês que cursou até o ensino médio e foi trabalhar em uma fábrica de pneus após sair da escola. "Lá eu senti que nunca seria ninguém e quis começar um negócio", contou ele.
Quando garoto ele já gostava de colecionar insetos como escorpiões e besouros, ambos usados na medicina tradicionais e servidos como uma iguaria.
Um parte de seus ovos de besouro acabaram se contaminando com ovos de baratas. "Eu estava acidentalmente criando baratas e então percebi que elas eram mais fáceis e mais lucrativas", disse.
Os custos para o empreendimento são mínimos. Wang apenas comprou ovos, um viveiro de galinha abandonado e telhas. As baratas não são suscetíveis às mesmas doenças que outros animais de fazenda.
Com relação aos hábitos alimentares, baratas são onívoras, embora prefiram legumes podres, como batata e cascas de abóbora, que podem ser conseguidos em restaurantes próximos gratuitamente.
Para matá-las, basta tirá-las dos ninhos e jogá-las em um grande tanque de água fervente. Depois, elas são secas no sol.
Segredo. O negócio das baratas é uma indústria secreta. A fazenda de Wang, por exemplo, funciona em um parque industrial abaixo de uma rodovia elevada.
Algumas empresas que usam os insetos não gostam de anunciar o "ingrediente secreto", para não assustar os consumidores. Quem iria querer usar um cosmético se soubesse que um dos ingredientes é uma barata?
Os criadores temem que vizinhos possam causar problemas por não gostar da presença de uma fazenda de baratas tão perto.
"Queremos manter uma discrição", afirmou Liu Yusheng, chefe da Indústria de Insetos Shandong. "O governo está tacitamente nos permitindo fazer o que fazemos, mas se houver muita atenção ou se as fazendas de baratas forem para áreas residenciais, podemos ter problemas", disse ele ao jornal americano.
A preocupação de Liu é com relação ao rápido crescimento de uma indústria com muitos competidores inexperientes e pouco fiscalizada. Em 2007, um milhão de chineses perderam US$ 1,2 bilhões quando uma firma que promovia cultivo de formigas se revelou como um esquema fraudulento e faliu.
"Isso aqui não é como criar animais normais ou plantar verduras, em que o Ministério de Agricultura sabe quem deve regular o negócio. Ninguém sabe quem é responsável aqui", disse.


Sucesso. O pequeno custo do empreendimento faz com que a criação de baratas seja um negócio interessante para os aspirantes a empresários, que podem comprar ovos de baratas.

"As pessoas riram de mim quando comecei, mas eu sempre pensei que as baratas que trariam riqueza", disse Zou Hui, 40, que largou o emprego em uma fábrica de malhas em 2008 após ver um programa de TV sobre a criação de baratas.
Não é exatamente o que podemos chamar de fortuna, mas os US$ 10 mil anuais que ela ganha vendendo baratas é um bom dinheiro para os padrões de sua cidade natal na província rural de Sichuan e lhe rendeu em 2012 um prêmio do governo local como uma "Expert em conseguir riqueza".
"Agora estou ensinando a quatro famílias. Eles querem ficar ricos como eu", disse Zou.

Saúde. Li Shunan, um professor de medicina tradicional de 78 anos que é considerado o pai das pesquisas com baratas, disse ao Los Angeles Times que nos anos 60 descobriu que minorias étnicas perto da fronteira com o Vietnã estavam usando uma pasta de barata para tratar turberculose.

"Baratas são sobreviventes", afirmou Li. "Queremos saber o que as faz tão fortes, porque elas conseguem resistir até mesmo aos efeitos nucleares."
Li apresenta uma impressionante lista de benefícios que as baratas podem trazer à saúde. "Eu perdi meu cabelo há alguns anos. Fiz um spray de baratas, apliquei em meu couro cabeludo e ele voltou a crescer. Usei uma mascara facial e as pessoas dizem que eu não envelheci ao longo dos anos. E as baratas também são uma delícia."
Nojo. Muitos criadores esperam impulsionar a demanda promovendo os insetos como alimento animal e também como uma iguaria para os humanos.
Os chineses não têm tanto nojo em relação aos insetos como os ocidentais - lá as pessoas ainda guardam grilos como animais de estimação.
Em Jinan, Wang Fuming e sua mulher tocam juntos a fazenda e parecem genuinamente afeiçoados às suas baratas e até um pouco desapontados que outras pessoas não sintam o mesmo carinho.
"O que tem de nojento nelas?", perguntou Li Wanrong, mulher de Wang, enquanto uma barata corria em volta dos seus sapatos. "Olhe como são lindas. Tão brilhantes!"
No almoço, em um restaurante perto de sua fazenda, Wang colocou um prato de baratas fritas com sal, pegou seu hashi e começou a comer algumas. Diante da recusa de jornalistas visitantes à iguaria, ele os reprovou: "Vocês vão se arrepender a vida inteira por não experimentá-las".

Estado do Mundo

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Nós Podemos

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

IPTU do Parque do Carmo com deflação de 12,1%! IPTU verde?

Veja como ficou o reajuste médio do IPTU em cada distrito de SP


Do UOL, em São Paulo
aumento médio do IPTU, aprovado na noite desta terça-feira (29) na Câmara de São Paulo, vai ser de 14,1% em 2014, de acordo com a Prefeitura de São Paulo.
O projeto de lei vai agora para a sanção do prefeito Fernando Haddad (PT), que tem até 30 dias para sancioná-lo. Os carnês com os novos valores devem chegar à casa dos paulistanos em janeiro.
O maior impacto será sentido nos distritos de Alto de Pinheiros, Sé e Vila Mariana onde o reajuste vai ser de 19,8%, em média. No entanto, há locais que terão as tarifas reduzidas, como o Parque do Carmo, com - 12,10%, Cidade Líder (-11,50%) e Anhanguera (-10%). Veja na tabela abaixo o reajuste em cada distrito:

O outro lado...

29/10/2013 - 03h30

'Royal não maltrata bichos', afirma ambientalista que resgata cachorros



RAFAEL GARCIA
DE SÃO PAULO

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Há mais de seis anos, a ambientalista Deise Mara do Nascimento, 50, representa a sociedade civil na comissão de ética do Instituto Royal.
Dona de dez cachorros e dois gatos, ela coordena uma organização de proteção ambiental e animal na região de Campinas. Seu parecer: "Não existe dentro do Instituto Royal o uso indiscriminado de cobaias".
Criadora do Instituto Árvore da Vida, ONG de proteção à fauna e flora silvestres no entorno de Campinas, Deise começou a trabalhar com assistência a animais domésticos alguns anos após ter fundar a entidade em 2005. A organização é baseada no município de Barão Geraldo, que possui grande população de bichos de estimação.
"Aqui tem mais cachorro do que gente", diz. "Tem morador que mantém 20 ou 30 na mesma casa."
O dinheiro da ONG, que antes era todo voltado a programas de proteção de nascentes e de matas ciliares, passou a ser usado também para resgate de animais em situação de risco.
"A gente se sensibilizou com os casos de enchentes e deslizamentos em que as pessoas eram socorridas, mas os animais eram deixados para trás", conta. Sua meta é construir um abrigo de animais, mas ainda não há dinheiro.
Gabo Morales/Folhapress
A ambientalista Deise Mara do Nascimento, 50, com alguns de seus dez cães; ela diz que instituto não maltrata aniamais
A ambientalista Deise Mara do Nascimento, 50, com alguns de seus dez cães; ela diz que instituto não maltrata aniamais

ÉTICA EM PESQUISA
Após dois anos de existência, o Árvore da Vida incluiu uma missão a mais em seu estatuto: "Acompanhamento e monitoração de atividades científicas e de estudo, pesquisa e testes com seres vivos, com objetivo de manutenção da ética e respeito pela vida".
Desde então, Deise é voluntaria nas comissões de ética da Uninove e do Instituto Royal --sem salário.
Aprovada para a posição, ela passou a ter acesso a detalhes de todos os projetos de pesquisa da entidade, incluindo a composição dos medicamentos em teste, que não são divulgados ao público geral por questão de sigilo de patente.
Mensalmente, ela se reúne com outros integrantes da comissão para avaliar propostas de pesquisa no Royal. Diz que entrou nos laboratórios e biotérios ("ambientes limpos e com conforto") sempre que quis e nunca viu evidência que sugerisse maus tratos.
"Temos acesso às substâncias que estão sendo pesquisadas, ao número de cobaias que estão sendo usadas, a detalhes do procedimento e ao método de análise dos resultados", afirma. "Uma discussão que sempre ocorre lá é a de como reduzir ao mínimo o número de animais testados."
Ela diz não ver incoerência em gostar de bichos e ao mesmo tempo defender o uso de animais em pesquisas para desenvolver drogas, pois é preciso considerar que há vidas humanas em jogo. "Faço todas as perguntas que eu quero lá, porque não sou cientista e preciso entender quais substâncias vão ser testadas", conta. "Sempre recebi explicações coerentes."
Deise afirma que o problema por trás da invasão do instituto é de desinformação. "Existe um mau entendimento por parte das ONGs voltadas exclusivamente à proteção animal sobre o que são as pesquisas", afirma. "Tem gente que simplesmente não quer receber informação."


28/10/2013 - 12h39

Maioria reprova cães como cobaia, mas apoia ratos, diz Datafolha




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Apesar de 66% dos paulistanos apoiarem a utilização de ratos como cobaias, apenas 29% são favoráveis ao uso de cães em pesquisas científicas para o desenvolvimento de medicamentos e tratamentos para seres humanos. Esse foi o resultado de pesquisa do Datafolha conduzida na última sexta-feira (25).
A opinião dos entrevistados foi dada uma semana após a invasão do instituto Royal, um centro de estudos farmacológicos em São Roque, do qual ativistas retiraram 178 cães da raça beagle.
O levantamento também perguntou aos entrevistados se eles acreditam que a ação foi correta. Uma parcela de 56% afirmou que os ativistas agiram bem ao entrar na instituição para retirar os cães, enquanto 33% reprovaram a invasão (os outros 11% se declararam indiferentes ou não souberam opinar).
Editoria de Arte/Folhapress
A pesquisa revelou uma escala de preferência na aceitação de cobaias que reflete, em parte, o quão comuns os animais são adotados como bichos de estimação no Brasil.
Enquanto o emprego de cães em pesquisas foi reprovado por 66% dos entrevistados, 59% reprovaram o uso de macacos, 57% rejeitam o uso de coelhos, e apenas 29% condenaram o uso de ratos.
O ANSEIO E A LEI
A aceitação do uso de roedores vai ao encontro da maior demanda de animais de laboratório para testes de pré-clínicos (antes de drogas poderem ser administrados a humanos pela primeira vez). O guia da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para estudos sobre segurança de medicamentos exige o uso de ratos ou camundongos em praticamente todos os testes.
O uso de cães é especificamente indicado apenas em um número pequeno de testes, mas é obrigatório em alguns casos, como os de toxicidade para o coração e para o sistema nervoso. Muitos testes de segurança exigem que o procedimento seja feito em duas espécies de mamíferos, sendo que uma delas não pode ser um roedor.
Sem os resultados positivos na fase animal, nenhum estudo farmacológico ganha permissão para progredir para testes em seres humanos.
Estudos de eficácia de drogas e de biologia básica (para compreender um determinado mecanismo biológico) não têm uma padronização tão rígida. Todos, porém, também precisam passar por comitês de ética das suas instituições de pesquisa e por avaliação no Concea (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal).

Ativistas resgatam cães em São Roque (SP)


Avener Prado/Folhapress




Sala é encontrada com objetos revirados no Instituto Royal, em São Roque (SP) Leia mais

Ciência ainda depende dos testes em animais

Em todo o mundo se buscam alternativas, mas ainda não é possível fazer o desenvolvimento de uma nova droga sem usar bichos


27 de outubro de 2013 | 2h 04

Giovana Girardi - O Estado de S.Paulo
No final da década de 1950, quando bebês começaram a nascer com malformações congênitas após as mães terem tomado talidomida para combater enjoos matinais, médicos e pesquisadores ficaram em choque. Como isso podia estar acontecendo se em camundongos o sedativo tinha se mostrado seguro? Tão seguro, pensavam, que poderia ser usado até por gestantes.

O caso poderia ser hoje uma excelente justificativa para grupos de direitos dos animais – que pregam que testes em cobaias são inúteis porque as reações das drogas no organismos delas são muito diferentes do que no nosso – não fosse um detalhe. Essa falha acabou se tornando um dos marcos para que os estudos com animais se tornassem ainda mais rigorosos.
Diante do cenário de tragédia, com mais de 10 mil casos em cinco anos os cientistas voltaram aos testes com animais, dessa vez com coelhos e macacos, e viram que neles também havia malformação fetal, apesar de isso não ocorrer em roedores. 

A conclusão foi simples: o problema teria sido evitado com o teste em mais de uma espécie. Daí que surgiu o protocolo internacional, seguido por atualmente agências reguladoras de Estados Unidos, Europa e do Brasil, de que antes de uma nova droga chegar a humanos, é preciso fazer testes de segurança em pelo menos duas espécies, sendo uma de não roedores.

Essa história foi lembrada por alguns pesquisadores na semana passada por conta da invasão ao Instituto Royal e do subsequente bombardeio que as pesquisas com uso de animais sofreram – que levaram também a uma manifestação em peso da comunidade científica. 

Necessidade. Paixões e defesas de classe à parte, a mensagem que todas as entidades passaram é: em todo mundo se buscam alternativas para substituir o uso de animais e alguns métodos já eliminaram sua necessidade em algumas etapas, mas ainda não há o desenvolvimento completo de uma nova droga sem testá-la em bichos. 

E isso em todo o mundo. Mesmo a Europa, que é mais rigorosa nos cuidados com os animais e já proibiu seu uso em testes de cosméticos, utiliza por ano cerca de 12 milhões de animais em estudos farmacológicos, segundo o último relatório de estatísticas da União Europeia. Apenas chimpanzés são proibidos. Os EUA também estão encerrando estudos com esses grandes primatas.

Por outro lado, assim como evoluíram as pesquisas de fármacos, também se desenvolveu toda uma linha de estudos para melhorar os cuidados com os animais de laboratório, centrada principalmente em três pontos: buscar alternativas, reduzir o número de animais usados e aprimorar os métodos a fim de reduzir a dor e o sofrimento.

Foram essas diretrizes que, no Brasil, balizaram a criação da Lei Arouca, que regulamenta o uso de animais em pesquisa e entrou em vigor em julho de 2009. Ela criou, por exemplo, o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que credencia instituições que fazem estudos com cobaias e é responsável por zelar pelo bom tratamento delas.
Segundo Marcelo Morales, que coordena o Concea, desde sua criação várias denúncias de maus-tratos foram apuradas. 
“Chegamos a suspender as pesquisas em uma universidade inteira, que depois se regularizou.”

Entrave. De acordo com especialistas ouvidos pelo Estado, o maior entrave para eliminar o uso de animais é não se conseguir ainda simular por outros meios, com precisão, o complexo funcionamento do organismo. “É bem verdade que podemos minimizar o uso dos animais, mas eliminá-lo ainda não dá, porque não temos como ainda avaliar impactos do uso de longo prazo ou reprodutivos”, afirma Eliezer Barreiro, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos, do qual o Instituto Royal faz parte.

Alternativas em algumas etapas já conseguem reduzir o número de cobaias. Na Fiocruz, por exemplo, pesquisadores do grupo de estudos de Métodos Alternativos aos Ensaios Toxicológicos, ligado ao Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, buscam saídas para testes de irritação ocular de colírios e pomadas oftalmológicas. 

No processo-padrão, os primeiros testes seriam em coelhos. Cientistas descobriram que, usando córneas de bois abatidos, é possível saber se o produto promove irritação severa ou corrosiva. “Se der positivo, descartamos o produto e os coelhos são poupados. Se der negativo, os estudos seguem e testamos em animal”, diz o biólogo Octávio Presgrave.

Segundo o pesquisador, pela experiência do grupo, corroborada por dados da literatura médica, o uso de métodos alternativos pode levar a redução de 70% dos custo da pesquisa.

Células-tronco. Além de poupar os bichos, outras técnicas se mostraram até mais eficientes, como o modelo desenvolvido pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, em São Diego. Ele estuda autismo e diz que, apesar dos vários anos de estudos feitos por vários grupos em roedores, ainda não se chegou a um bom medicamento. A principal dificuldade é que não dá para realmente recriar o autismo nos animais.

Ele então teve a ideia de aproveitar células-tronco dos próprios pacientes para transformá-las em neurônios e testar drogas candidatas diretamente neles. “Nos pacientes, os neurônios fazem um número menor de sinapses do que em pessoas normais. Os neurônios que desenvolvemos mostraram o mesmo problema”, explica. Com essa mudança, disse, está sendo possível evitar o uso de milhares de cobaias por ano.

Parte das drogas que o pesquisador está testando para autismo está no mercado para outras doenças. Como elas já passaram por testes de segurança, Muotri espera que se elas se mostrarem efetivas nos neurônios criados, talvez seja possível mudar no futuro os protocolos. “Passaríamos direto para os testes em humanos.”

Este modelo pioneiro já foi adotado para outras doenças, como arritmias cardíacas. As células do coração desenvolvidas a partir das células-tronco agem como o próprio órgão, inclusive mostrando batimento cardíaco. Nesse caso, inclusive, elas apresentam a mesma arritmia. “É realmente uma cópia do que ocorre no indivíduo. Dá para checar direito nela diferentes remédios e ver como ela reage a cada um. É o futuro da medicina”, diz.