“O plano de ação divulgado pela Casa Branca anuncia um certo número de boas intenções que devem agora ser traduzidas em ações concretas”, declarou a comissária europeia para o Clima, Connie Hadegaard, por comunicado. “Nós esperamos, em 2015, um comprometimento firme dos Estados Unidos para reduzir as suas emissões nacionais de gases de efeito estufa.”
Hadegaard ainda pediu que a colaboração do governo americano para um acordo na Organização da Aviação Civil Internacional a fim de reduzir as emissões de gases feitas pelos aviões. A UE espera que Washington permita a assinatura de um acordo de diminuição de gases na próxima cúpula da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Paris, em 2015. A recusa dos Estados Unidos em 2009 contribuiu para o fracasso da cúpula de Copenhague.
Extraoficialmente, membros da Comissão Europeia comentaram hoje que “por enquanto, as posições americanas não mudaram”. Os Estados Unidos renovaram o comprometimento de reduzir as emissões em 17% em relação aos níveis de 2005, o que é “insuficiente” em comparação ao que os europeus têm realizado e “longe” do esforço pedido por cientistas para limitar o aquecimento do planeta. Os europeus se engajaram na redução de 20% da poluição em relação aos níveis de 1990. De acordo com a Agência Internacional de Energia, os Estados Unidos foram responsáveis por 16% das emissões de gases poluentes em 2012, contra 11% para a União Europeia.
Plano mira oleoduto
Obama lançou, na terça-feira, um novo plano de combate à mudança climática, propondo limitar as emissões de carbono em todas as usinas energéticas norte-americanas, e sinalizando que irá impedir a construção do oleoduto Keystone XL se ficar provado que ele contribuirá para o efeito estufa. O plano presidencial, há tempos aguardado, foi detalhado num discurso na Universidade Georgetown.
A organização ambiental Greenpeace pediu a Obama para “cumprir as promessas”, sobretudo em relação ao oleoduto. “Sabendo que o oleoduto Keystone XL levará a um forte aumento das emissões de gases de efeito estufa, é claro que o presidente Obama deve rejeitar este projeto”, declarou a ONG, por comunicado.
O setor do carvão, fortemente atingido pelos limites nas emissões, criticou o projeto, assim como a oposição republicana, que acusou o democrata Obama de promover políticas nocivas à economia. No primeiro mandato de Obama, uma tentativa de reduzir as emissões com um sistema de limites e créditos de carbono esbarrou na resistência do Congresso. Além disso, a demora do governo em autorizar a construção do oleoduto Keystone XL, ligando o Canadá ao sul dos EUA, irritou grupos empresariais e políticos republicanos.
"Nosso interesse nacional só será atendido se esse projeto não exacerbar significativamente o problema da poluição por carbono", disse Obama, sobre o oleoduto. "Os efeitos líquidos do impacto do oleoduto sobre o nosso clima serão absolutamente críticos para determinar se esse projeto será autorizado a seguirá adiante", acrescentou.
O governo deve anunciar sua decisão no final de 2013 ou no começo de 2014. Obama disse também que usará seus poderes executivos para orientar a Agência de Proteção Ambiental (EPA) a redigir novas regras sobre emissões, aplicáveis a milhares de usinas elétricas dos EUA, a maioria das quais queimam carvão, e que respondem por cerca de um terço das emissões de gases do efeito estufa dos EUA. O presidente ironizou críticos que questionam a ocorrência da mudança climática, descrevendo-os como a "sociedade da terra plana".