AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL
RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 482, DE 17 DE ABRIL DE 2012
Estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica, e dá outras providências.
(*) Vide alterações e inclusões no final do texto.
Módulos do PRODIST
Voto
O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA -
ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, de acordo com deliberação da Diretoria, tendo em
vista o disposto na Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, no art. 4º, inciso XX, Anexo I, do
Decreto nº 2.335, de 6 de outubro de 1997, na Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, na Lei nº
10.848, de 15 de março de 2004, no Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004, o que consta no
Processo nº 48500.004924/2010-51 e considerando:
as contribuições recebidas na Consulta Pública nº 15/2010, realizada por intercâmbio
documental no período de 10 de setembro a 9 de novembro de 2010 e
as contribuições recebidas na Audiência Pública nº 42/2011, realizadas no período de 11
de agosto a 14 de outubro de 2011, resolve:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Estabelecer as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração
distribuídas aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação de energia
elétrica. .
Art. 2º Para efeitos desta Resolução, ficam adotadas as seguintes definições:
I - microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada
menor ou igual a 100 kW e que utilize fontes com base em energia hidráulica, solar, eólica,
biomassa ou cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras;
II - minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com potência instalada
superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW para fontes com base em energia hidráulica, solar,
eólica, biomassa ou cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede
de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras;III - sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual a energia ativa gerada
por unidade consumidora com microgeração distribuída ou minigeração distribuída compense o
consumo de energia elétrica ativa.
CAPÍTULO II
DO ACESSO AOS SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO
Art. 3º As distribuidoras deverão adequar seus sistemas comerciais e elaborar ou revisar
normas técnicas para tratar do acesso de microgeração e minigeração distribuída, utilizando como
referência os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –
PRODIST, as normas técnicas brasileiras e, de forma complementar, as normas internacionais.
§1º O prazo para a distribuidora efetuar as alterações de que trata o caput e publicar as
referidas normas técnicas em seu endereço eletrônico é de 240 (duzentos e quarenta) dias, contados
da publicação desta Resolução.
§2º Após o prazo do § 1º, a distribuidora deverá atender às solicitações de acesso para
microgeradores e minigeradores distribuídos nos termos da Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST.
Art.4º Fica dispensada a assinatura de contratos de uso e conexão para a central geradora
que participe do sistema de compensação de energia elétrica da distribuidora, nos termos do
Capítulo III, sendo suficiente a celebração de Acordo Operativo para os minigeradores ou do
Relacionamento Operacional para os microgeradores.
Art. 5º Caso seja necessário realizar ampliações ou reforços no sistema de distribuição
em função da conexão de centrais geradoras participantes do sistema de compensação de energia
elétrica, a distribuidora deverá observar o disposto no Módulo 3 do PRODIST.
CAPÍTULO III
DO SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
Art. 6º O consumidor poderá aderir ao sistema de compensação de energia elétrica,
observadas as disposições desta Resolução.
Art. 7º No faturamento de unidade consumidora integrante do sistema de compensação
de energia elétrica deverão ser observados os seguintes procedimentos:
I - deverá ser cobrado, no mínimo, o valor referente ao custo de disponibilidade para o
consumidor do grupo B, ou da demanda contratada para o consumidor do grupo A, conforme o
caso.
II - o consumo a ser faturado, referente à energia elétrica ativa, é a diferença entre a
energia consumida e a injetada, por posto horário, quando for o caso, devendo a distribuidora
utilizar o excedente que não tenha sido compensado no ciclo de faturamento corrente para abater o
consumo medido em meses subsequentes.
III - caso a energia ativa injetada em um determinado posto horário seja superior à
energia ativa consumida, a diferença deverá ser utilizada, preferencialmente, para compensação em
outros postos horários dentro do mesmo ciclo de faturamento, devendo, ainda, ser observada a
relação entre os valores das tarifas de energia, se houver. IV - os montantes de energia ativa injetada que não tenham sido compensados na
própria unidade consumidora poderão ser utilizados para compensar o consumo de outras unidades
previamente cadastradas para este fim e atendidas pela mesma distribuidora, cujo titular seja o
mesmo da unidade com sistema de compensação de energia elétrica, ou cujas unidades
consumidoras forem reunidas por comunhão de interesses de fato ou de direito.
V - o consumidor deverá definir a ordem de prioridade das unidades consumidoras
participantes do sistema de compensação de energia elétrica.
VI - os créditos de energia ativa gerada por meio do sistema de compensação de energia
elétrica expirarão 36 (trinta e seis) meses após a data do faturamento, não fazendo jus o consumidor
a qualquer forma de compensação após o seu vencimento, e serão revertidos em prol da modicidade
tarifária.
VII - a fatura deverá conter a informação de eventual saldo positivo de energia ativa para
o ciclo subsequente, em quilowatt-hora (kWh), por posto horário, quando for o caso, e também o
total de créditos que expirarão no próximo ciclo.
VIII - os montantes líquidos apurados no sistema de compensação de energia serão
considerados no cálculo da sobrecontratação de energia para efeitos tarifários, sem reflexos na
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, devendo ser registrados contabilmente,
pela distribuidora, conforme disposto no Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia
Elétrica.
Parágrafo único. Aplica-se de forma complementar as disposições da Resolução
Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2010, relativas aos procedimentos para faturamento.
CAPÍTULO IV
DA MEDIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
Art. 8º Os custos referentes à adequação do sistema de medição, necessário para
implantar o sistema de compensação de energia elétrica, são de responsabilidade do interessado.
§1º O custo de adequação a que se refere o caput é a diferença entre o custo dos
componentes do sistema de medição requerido para o sistema de compensação de energia elétrica e
o custo do medidor convencional utilizado em unidades consumidoras do mesmo nível de tensão.
§2º Os equipamentos de medição instalados nos termos do caput deverão atender às
especificações técnicas do PRODIST e da distribuidora.
§3º Os equipamentos de que trata o caput deverão ser cedidos sem ônus às respectivas
Concessionárias e Permissionárias de Distribuição, as quais farão o registro contábil no Ativo
Imobilizado, tendo como contrapartida Obrigações Vinculadas à Concessão de Serviço Público de
Energia Elétrica.
Art. 9º Após a adequação do sistema de medição, a distribuidora será responsável pela
sua operação e manutenção, incluindo os custos de eventual substituição ou adequação.
Art. 10. A distribuidora deverá adequar o sistema de medição dentro do prazo para
realização da vistoria e ligação das instalações e iniciar o sistema de compensação de energia
elétrica assim que for aprovado o ponto de conexão, conforme procedimentos e prazos
estabelecidos na seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST.CAPÍTULO V
DAS RESPONSABILIDADES POR DANO AO SISTEMA ELÉTRICO
Art. 11. Aplica-se o estabelecido no caput e no inciso II do art. 164 da Resolução
Normativa nº 414 de 9 de setembro de 2010, no caso de dano ao sistema elétrico de distribuição
comprovadamente ocasionado por microgeração ou minigeração distribuída incentivada.
Art.12. Aplica-se o estabelecido no art. 170 da Resolução Normativa nº 414, de 2010,
no caso de o consumidor gerar energia elétrica na sua unidade consumidora sem observar as normas
e padrões da distribuidora local.
Parágrafo único. Caso seja comprovado que houve irregularidade na unidade
consumidora, nos termos do caput, os créditos de energia ativa gerados no respectivo período não
poderão ser utilizados no sistema de compensação de energia elétrica.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art.13. Compete à distribuidora a responsabilidade pela coleta das informações das
unidades geradoras junto aos microgeradores e minigeradores distribuídos e envio dos dados
constantes nos Anexos das Resoluções Normativas n
os
390 e 391, ambas de 15 de dezembro de
2009, para a ANEEL.
Art.14. Ficam aprovadas as revisões 4 do Módulo 1 – Introdução, e 4 do Módulo 3 –
Acesso ao Sistema de Distribuição, do PRODIST, de forma a contemplar a inclusão da Seção 3.7 –
Acesso de Micro e Minigeração Distribuída com as adequações necessárias nesse Módulo.
Art. 15. A ANEEL irá revisar esta Resolução em até cinco anos após sua publicação.
Art. 16. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
NELSON JOSÉ HÜBNER MOREIRA
Este texto não substitui o publicado no D.O. de 19.04.2012, seção 1, p. 53, v. 149, n. 76.
(*) Retificação publicada no D.O. de 08.05.2012, seção 1, p. 44, v. 149, n. 88, referente ao item
6.2, a Etapa 3 da Tabela 3 e os itens 3 e 4 do Anexo I, todos da Seção 3.7 do Módulo 3 do
PRODIST.
(*) Retificação publicada no D.O. de 19.09.2012, seção 1, p. 83, v. 149, n. 182, referente Nota
da Tabela 1, na Tabela 2 e no item 7.1.1 da Seção 3.7 do Módulo 3 do PRODIST.