17 de setembro de 2012. | N° 1619Alerta
CIGARRO
Propagandeado em sites como alternativa ao tratamento do tabagismo, mas 
proibido no Brasil, o cigarro eletrônico – também conhecido como e-cigarro – 
ainda é questionado por órgãos de saúde.
A Organização Mundial da Saúde 
(OMS) desaconselha o uso desse produto a quem quer parar de fumar, orientação 
seguida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009 e 
apoiada por entidades como a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia 
(SBPT) e Aliança de Controle do Tabagismo (ACT).
A Food and Drug 
Administration (FDA), agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos, faz 
ressalvas aos e-cigarros em seu site, advertindo que eles podem conter 
ingredientes cuja toxicidade para humanos é desconhecida.
Não há 
comprovações científicas nem de que o cigarro eletrônico é eficiente no 
tratamento do tabagismo, nem da segurança de sua composição.
“A descrição 
desses produtos é insuficiente e as fórmulas não são patenteadas, o que não nos 
dá garantia de procedência”, argumenta o pneumologista Luiz Carlos Corrêa da 
Silva.
Em um reservatório, o cigarro eletrônico armazena uma solução de 
nicotina líquida, inalada pelo fumante no momento da tragada. Teria, portanto, 
função semelhante à de um adesivo ou goma de nicotina, com a vantagem de imitar 
o gesto de levar o cigarro até a boca e expelir fumaça, no caso, vapor d’água. A 
diferença é que os adesivos tiveram eficácia comprovada, o que não ocorre com o 
e-cigarro.
“A norma da Anvisa abre margem para que os fabricantes 
submetam produtos desse tipo à aprovação da agência, mediante apresentação de 
estudos toxicológicos e testes científicos específicos que comprovem as 
finalidades alegadas. Até hoje, nenhum estudo foi submetido a análise”, diz o 
chefe da unidade de controle de produtos da Anvisa, André Luiz Oliveira da 
Silva.
Sem efeitos contra o vício
A Anvisa categoriza esses 
produtos como derivados do tabaco, sujeitos, portanto, às mesmas restrições e 
obrigações do cigarro comum. Nesse caso, para obter autorização ao comércio, 
deveriam usar mensagens de advertência, em vez de divulgar benefícios à saúde. 
Como isso não interessa aos fabricantes, as cigarrilhas de nicotina continuam 
irregulares no Brasil.
“O que esses produtos fazem é propaganda enganosa, 
estão se aproveitando de um nicho para vender um produto com risco associado”, 
considera a diretora-executiva da ACT, Paula Johns.
Uma das fabricantes 
do e-cigarro, a americana Cigarti, alerta que “o produto contém nicotina, que é 
altamente viciante. Não é um dispositivo médico e não há nenhuma comprovação 
científica que o usuário possa deixar de fumar por causa dele”.
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Colaborou Lara Ely
 
