Desenterramento de córrego é a primeira etapa para o parque, de 1,6 km, sair do papel; previsão é de que obra leve 12 meses
03 de agosto de 2012 | 22h 30
Rodrigo Burgarelli - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - A Prefeitura de São Paulo pretende, ainda nesta gestão, começar as obras de um parque linear na Vila Madalena, na zona oeste. O Parque Córrego Verde terá 65,4 mil metros quadrados e será construído com tecnologia para aumentar a absorção de água na região, que sofre constantemente com as enchentes na temporada de chuvas. A primeira parte das obras deve começar já nos próximos meses.
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José Patrício/AE
Nascente do Córrego Verde está enterrado no fim da Rua Beatriz Galvão
O início dos trabalhos só será possível porque o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) cassou uma liminar que proibia a construção de um piscinão na Rua Abegoária, na parte de cima do bairro. Essa obra já estava contratada desde 2009, ao custo de R$ 14 milhões aos cofres públicos, mas não podia começar por decisão judicial. Perto do piscinão estão previstas a construção das duas primeiras fases do parque, mais próximas da Avenida Heitor Penteado.
Agora, sem a liminar, a única etapa burocrática que falta para o começo das obras é a concessão da Licença Ambiental de Instalação (LAI), que deverá ser votada nas próximas sessões do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Cades). O prazo previsto no contrato para o término dos trabalhos é de 12 meses após a ordem de início.
Nessa primeira fase, está previsto o desenterramento da nascente do Córrego Verde, uma pequena queda d’água perto da Estação Vila Madalena do metrô, em um beco na Rua Beatriz Galvão. Também está prevista nessa fase a construção da Praça das Águas, que ficará sobre o reservatório. Nela, estão previstas a construção de quadras de basquete, terraço de esculturas, playground infantil e um mirante com vista para o bairro.
Impacto. O parque terá 1,6 quilômetro de extensão e não vai causar desapropriações - a ideia é utilizar os vários becos e praças do bairro, interligar praças e fechar pequenas ruas com pouco movimento de veículos. O piso será feito de um material permeável.
"Ele funcionará como um minipiscinão já que, além de deixar a água entrar no lençol freático, ele próprio conseguirá reter a chuva e diminuir as enchentes", afirma Anna Dietszch, arquiteta do escritório DBBA, responsável pelo projeto.
Segundo ela, a ideia do parque é resgatar o córrego canalizado de volta à superfície - em outra fase do parque, ele também estará a céu aberto. "O problema das enchentes ali, porém, só vai ser resolvido com uma obra extra de aumento das galerias pluviais", explica Anna.
Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, a criação do parque só será possível após a execução do reservatório. "O futuro parque linear deve acompanhar o leito do rio e ajudar na drenagem das águas pluviais, contenção de enchentes, além de favorecer a circulação de pedestres e ciclistas, fortalecendo assim a expressão cultural, de recreação e lazer", afirmou a pasta, em nota.
Ampliação. As outras quatro fases do parque devem ser contratadas por meio de uma nova licitação. Ela estava prevista como compensação ambiental exigida ao Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da Linha 4-Amarela do Metrô. O dinheiro foi repassado à secretaria, que será responsável pela obra. O parque deve terminar perto do Cemitério São Paulo, e o resto do percurso do córrego, até o Rio Pinheiros, deve continuar subterrâneo.