Vias atendem ciclistas apenas nos domingos e feriados. Do total, 115 km de vias não são interligados e só metade é de uso exclusivo
20 de agosto de 2012 | 22h 30
Camilla Haddad e Tiago Dantas - Jornal da 
Tarde
SÃO PAULO - Um terço dos 182,7 km de vias para bicicletas em funcionamento na 
capital só pode ser usado nos domingos e feriados - e durante nove horas. As 
chamadas ciclofaixas de lazer, como a que deve ser aberta na Avenida Paulista no 
fim de semana, não ajudam a resolver os problemas de mobilidade da metrópole, 
segundo especialistas. 
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Obra de ciclovia na zona norte: ativista 
diz que nenhuma delas está completa
Além disso, mesmo os caminhos que podem ser utilizados para ir ao trabalho ou 
à escola de bicicleta durante a semana apresentam problemas. Os 115 km de faixas 
não são interligados e apenas metade das pistas é exclusiva para as bikes, o que 
torna difícil que mais paulistanos deixem o carro em casa. "Muita gente não usa 
porque não sente segurança de andar do lado dos carros", diz o cicloativista 
Willian Cruz, criador do site Vá de Bike, que oferece dicas e sugestões de 
caminhos para os ciclistas. "E as ciclofaixas de lazer são para o lazer mesmo. 
Não podem ser consideradas parte da malha cicloviária da cidade."
Para Thiago Benicchio, diretor da Associação dos Ciclistas Urbanos de São 
Paulo, os projetos precisam ser integrados. "A gente não tem nenhuma ciclovia 
completa em São Paulo, que ligue pontos de interesse, esteja bem feita e sirva 
para conectar alguma coisa", reclama.
Pouquinhos. "Falta um planejamento mais amplo para a cidade, 
que ele seja feito de forma contínua e não um pouquinho aqui e um pouquinho ali, 
A gente vê esses muitos pouquinhos que, somados, dão uma quantidade de 
quilômetros, mas isso não significada nada para o ciclista porque ele vai andar 
dois quilômetros e de repente cai em uma via normal", diz Benicchio.
A Prefeitura argumenta que o incentivo ao uso da bicicleta na cidade é 
discutido em reuniões periódicas por um grupo que envolve seis secretarias e 
organizações de cicloativistas. O governo também diz que apertou a fiscalização 
nas vias compartilhadas e que as ciclofaixas de lazer são fundamentais para o 
processo educativo dos motoristas.
Em nota, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) informou que o plano 
cicloviário prevê "além da expansão da infraestrutura cicloviária, a adoção de 
medidas de educação para o compartilhamento seguro do espaço viário entre 
veículos motorizados e bicicletas, e de ações de fiscalização para garantir o 
respeito à circulação de ciclistas".
Problemas. Nem sempre onde é planejado o trânsito 
compartilhado acontece. Comerciantes e moradores da Lapa, zona oeste, dizem que 
a ciclorrota do bairro é subutilizada. "Isso aqui é só para inglês ver. É raro 
ver alguém passando. Muita gente no bairro nem sabe que aqui tem uma rota de 
bicicleta", afirma o taxista Roberto Pereira de Jesus, de 41 anos, que trabalha 
no ponto da Rua Dona Germaine Burchard.
Na Avenida Brás Leme, Santana, zona norte, a esperança é que os problemas do 
compartilhamento da via diminuam com as obras de uma ciclovia, prevista para 
abrir nos próximos meses.
 
