domingo, 22 de julho de 2012

Skatistas têm 13 parques públicos, maioria na periferia


22/07/2012 - 05h30




DE NOVA YORK

RAUL JUSTE LORES

Skatistas adolescentes mergulhados em drogas e sexo casual causaram certo escândalo no filme "Kids", do diretor e fotógrafo norte-americano Larry Clark.
Em 1995, filmado na Washington Square, praça do Village, o filme reafirmou um certo clichê de marginalidade ligado ao skate.
Hoje, a violência em Nova York caiu tanto que se aproxima das estatísticas de pacatas capitais europeias e a Washington Square virou ponto nobre.
"O skate não enfrenta mais tanto preconceito, atinge todas as classes, mas começou na rua e era discriminado, como várias outras manifestações populares", diz Steve Rodriguez, presidente da Associação de Skatistas de Nova York e "pai" do "skate-park" do Lower East Side.
Nos conturbados anos 1970 e 1980, quando havia um toque de recolher informal em diversas áreas da cidade (época retratada nos violentos "Taxi Driver" e "After Hours", do cineasta Martin Scorsese), Nova York começou a abrir quadras de basquete públicas e ao ar livre nas áreas de maior violência, dando entretenimento e ocupação a milhares de adolescentes e jovens. Hoje, há cerca de 400 dessas quadras públicas.
O skate ainda está muito atrás. Há 13 parques públicos para skatistas em Nova York, a maioria (nove) nos distritos mais periféricos de Queens e Bronx. No verão, como agora, têm horário ampliado e ficam abertos até as 21h.
Em vários deles, os usuários ou seus responsáveis precisam assinar um termo de compromisso isentando a Prefeitura de Nova York de responsabilidade por acidentes causados pelas manobras mais radicais. (RAUL JUSTE LORES)


22/07/2012 - 05h30

Pista de skate assume lugar de lixão em Nova York


RAUL JUSTE LORES
DE NOVA YORK

Sob calor de 34ºC do verão nova-iorquino, cerca de 300 garotos e algumas poucas garotas fazem acrobacias com skates e até mesmo patins no mais novo "skate-park" da metrópole.
Com 2.000 metros quadrados, praticamente o vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), há obstáculos de concreto e rampas de metal demandando acrobacias dos mais corajosos.
Eles literalmente estão embaixo da ponte, a gigante Manhattan Bridge, que liga a ilha de Manhattan ao Brooklyn, por onde passam trens do metrô nas alturas.
HISPÂNICOS E NEGROS
O local já foi parecido com a base de qualquer viaduto paulistano. Além de sem-tetos e dependentes químicos, trombadinhas e um minilixão ocupavam a área.
Mas o piso de concreto também atraía os skatistas, muitos deles moradores dos conjuntos habitacionais vizinhos, no limite entre os bairros de Lower East Side e Chinatown.
Uma das poucas áreas de Manhattan que não foi transformada pela especulação imobiliária e pela chegada de moradores mais abonados. Apenas 28% da população da área é branca. A maioria é de imigrantes hispânicos, asiáticos e negros.
Além da ponte e do barulho dos trens, a apenas um quarteirão passa a via expressa Franklin Delano Roosevelt, uma das marginais de Manhattan, que deixou a cidade de costas para o rio.
REMODELAGEM
Uma parceria público-privada patrocinou o "skate-park". Um programa de bolsas da Nike premiou o líder da Associação de Skatistas de Nova York, Steve Rodriguez, com uma verba de US$ 250 mil para remodelar as pistas.
A ONG Architecture for Humanity (arquitetura para a humanidade) fez um concurso entre cinco escritórios locais de arquitetura para reinventar o espaço.
O Departamento de Parques e Recreação da Prefeitura de Nova York se responsabilizou pela manutenção, que ainda conta com doações de outras duas fundações.
Depois de 13 semanas de obras, o parque foi aberto oficialmente no início deste mês de julho, o que coincide com o período de férias escolares nos EUA --e do verão no hemisfério Norte.
O arquiteto Preeti Sodhi trabalhou com especialistas para equilibrar obstáculos mais ousados para os profissionais e outros, mais modestos, para quem quiser usar o parque só para brincar, ou para praticar.
Há uma pirâmide de concreto, bem no meio do parque, para aquelas acrobacias mais arriscadas.