15/07/2012 - 03h00
"São Paulo precisa de calçadão", diz pesquisador
ITALO NOGUEIRA
DO RIO
DO RIO
As ruas de São Paulo não deveriam ser usadas exclusivamente para carros, mas também dar acesso seguro a pedestres e ciclistas. O excesso de estacionamentos e a falta de área para pedestres tornam a cidade inviável.
Essa é a análise de Michael Kodransky, 31, gerente de política urbanas do ITDP (sigla de Instituto de Políticas de Transportes e Desenvolvimento, em inglês). Kodransky defende medidas como o fechamento da Times Square, em Nova York, para carros.
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Folha - Como era a Times Square antes das mudanças?
Michael Kodransky - Pesquisas mostravam que a maioria dos que usavam o espaço era pedestre, mas a área era ocupada desproporcionalmente por veículos. A percepção é a de que a Times Square nunca tinha sido uma praça. Era um lugar pelo qual os carros passavam. Agora há um espaço público que reflete melhor o seu nome.
Qual papel os veículos privados deveriam ter na cidade?
Eles são necessários, já que permitem, por exemplo, a entrega de bens. Mas não é preciso permitir que caminhões circulem pela cidade por qualquer motivo. As ruas não têm o mesmo uso o dia inteiro, e eles podem ser equilibrados.
Aqui, o governo diminuiu impostos para carros para aquecer a economia. Como vê isso?
A cidade precisa analisar suas políticas e se há contradições. Se a melhor política é limitar o espaço para estacionamentos, não permitir que a locomoção por carro seja a mais fácil, mas se diminuem os impostos dos carros, há uma contradição.
Como avalia o sistema de transporte de São Paulo?
O espaço para pedestres poderia ser melhor. Há muitas áreas onde não se pode caminhar. É necessário um plano para que haja mais calçadões. As cidades mais bem-sucedidas dão prioridade aos pedestres. São Paulo tem também políticas muito liberais para estacionamentos, o que cria uso ineficiente do espaço. É impossível esse volume de pessoas dirigindo.
A vida do motorista deve ser dificultada?
O real custo em usar carro não é revelado. A diminuição do imposto incentiva seu uso. Mas o verdadeiro custo em dirigir é o congestionamento, o barulho, a poluição... As pessoas tomam decisões com base no que afeta diretamente seu bolso. Quando você sai de casa, pensa no que é mais conveniente. Se você tem um estacionamento no prédio onde trabalha, você provavelmente vai de carro. Especialmente se é barato dirigir.
Cecilia Acioli/Folhapress | ||
Kodransky, 31, gerente de políticas urbanas, para quem ruas devem ser seguras para pedestres e ciclistas |