28/07/2012            às            22:30               -    Atualizado em            28/07/2012            às            22:32
Luiz de Carvalho
Luiz de Carvalho
Já está em vigor no Paraná a lei que estabelece normas de parcerias  entre o poder público e o setor privado para fazer a retirada,  transporte e dar a destinação adequada às bitucas de cigarros. Na  prática, a medida significa que deverão ser instalados coletores de  bitucas em locais com grande aglomeração de pessoas.
A Lei é resultado de um projeto apresentado pelo deputado estadual Rasca  Rodrigues (PV), que foi secretário de Meio Ambiente no governo anterior  e considera que o recolhimento de bitucas, para a devida reciclagem, é  mais um passo importante depois das leis que vêm restringindo os espaços  para fumantes.
Rafael Silva
Cena comum em frente a bares: bitucas jogadas no chão. Nova lei estabelece instalação de coletores
Por locais de grandes aglomerações o parlamentar entende ruas, praças,  praias, parques, estádios de futebol, estações rodoviárias, aeroportos e  principalmente as frentes de bares e locais onde estejam ocorrendo  algum evento público. Esses locais deverão oferecer recipientes próprios  para coleta das bitucas, evitando o descarte impróprio.
Quando era permitido fumar em qualquer lugar, dentro de bares e outros  estabelecimentos eram usados cinzeiros e assim as bitucas eram  descartadas diretamente no lixo comum, mas "a Lei Antifumo, sancionada  há três anos proibindo que se fume em ambientes públicos, contribuiu  para a melhoria da qualidade do ar, mas ela fez com que os fumantes  procurassem espaços abertos, principalmente as ruas, aumentando assim o  volume de bitucas de cigarros nas calçadas, sarjetas e nas pistas",  disse Rasca Rodrigues.
Segundo ele, essas bitucas se acumulam, acabam  levadas pelas enxurradas e vão gerar problemas para o meio ambiente por  conterem diversos produtos químicos.
Pela proposta aprovada pelos deputados e sancionada pelo governador Beto  Richa há menos de duas semanas, caberá ao Estado buscar parcerias com a  iniciativa privada para fazer a coleta, transporte e reciclagem das  bitucas.
PERIGO
4,7 mil
substâncias, como metais 
pesados, pesticidas e 
arsênico estão presentes
em bitucas.
Até este fim de semana, o Estado ainda não havia firmado nenhuma  parceria para o cumprimento desta nova Lei, mas em Curitiba já existe  uma empresa que faz a coleta e a reciclagem de bitucas.
Segundo Rasca  Rodrigues, o exemplo pode ser copiado nos demais municípios, com retorno  financeiro para as empresas que atuarem na área. 
Comércio
Para os proprietários de estabelecimentos onde geralmente há grande  consumo de cigarros "esta é mais uma lei, daqueles que eles vão criando,  vão criando e largando para a gente cumprir", como disse o empresário  Adilson José Riciopo, proprietário do bar e restaurante Spetinhos.
"Eu  faço minha obrigação varrendo a calçada e a sarjeta todos os dias,  recolho as bitucas para evitar que sejam levadas pelas enxurradas e  acabem poluindo os rios e córregos, mas se agora existe uma lei, o poder  público deverá assumir sua parte".
"Se essa lei vem para beneficiar o ambiente, o ar e a saúde das pessoas,  que seja bem vinda, mas o problema das bitucas já não é mais  responsabilidade dos bares e lanchonetes", diz Rodrigo Rezende, da  Lanchonete Vandão.
"Antes, quando todos os lugares eram liberados para o  fumo, os bares disponibilizavam cinzeiros nas mesas e assim todas as  bitucas eram recolhidas", lembra. "Com a Lei Antifumo, os fumantes são  obrigados a irem para a rua e aí não temos como recolher as bitucas  deixadas lá na rua".
Tanto Rezende quanto Riciopo estão de acordo que as bitucas sejam  recolhidas e recicladas, mas acham que essa deverá ser uma atribuição do  poder público.
"Assim como a prefeitura coloca cestinhas nas avenidas  para que as pessoas depositem lixo, pode disponibilizar também coletores  de bitucas nos locais de grande movimento de pessoas", diz o gerente do  bar e restaurante Vandão.
 
