A Rússia precisa mudar a sua abordagem política do assunto
O Greenpeace foi fundado na Rússia em 1991, num momento muito importante para o país. Exatamente naquela época, devido às grandes transformações pelas quais o país estava passando, muitos danos ao meio ambiente poderiam ter acontecido, o que só não ocorreu devido às ações determinantes do Greenpeace.
Nos últimos vinte anos, ou seja, o mesmo período que decorreu desde a Conferência Rio Eco-92, aconteceram várias mudanças na Rússia, relacionadas ao meio ambiente. Mas, infelizmente, nestas mudanças, a Rússia não conseguiu nada de positivo.
A Rússia tem muitos problemas nas questões ecológicas, tanto na emissão de gases estufa quanto no campo da poluição ambiental. O consumo de energia na Rússia ultrapassa cerca de duas vezes e meia o consumo médio de energia no mundo inteiro, e em três vezes e meia o consumo de energia nos países desenvolvidos.
É muito difícil falar da busca de petróleo na Rússia. Todos os anos, cerca de cinco milhões de toneladas de petróleo são jogadas para a superfície durante a sua extração, ou seja, cerca de sete vezes o volume do que foi derramado no golfo do México. Segundo informações oficiais, estão sendo transportados, da Rússia para o oceano Glacial Ártico, em torno de meio milhão de produtos petrolíferos. A mesma poluição se verifica em três rios da Sibéria que desembocam no Ártico: Lena, Ob e Enisey. Portanto, estamos enfrentando na Rússia os mesmos problemas que tivemos nos anos 90.
Analisando o relatório que está sendo preparado pelo governo russo para a Conferência Sobre Meio Ambiente Rio+20, podemos reparar que a Rússia está indo na direção errada. Diante dos problemas mundiais sérios, como mudanças climáticas, a Rússia prioriza a questão de recebimento de capital ao invés de modernizar os processos industriais e de extração de hidrocarbonetos. Os problemas ambientais sérios da Rússia começaram no período 2000-2001 com as grandes reformas relacionadas à chegada de Vladimir Putin ao poder.
Neste momento, o Greenpeace desempenha um papel muito importante na Rússia. Nós conseguimos chegar até os líderes do pais. Em março, conversei sobre esses problemas com o Presidente Dmitri Medvedev, e no mês de abril, com o Primeiro-Ministro Vladimir Putin. Disse a eles que a Rússia precisa mudar a sua abordagem política, porque, do contrário, só restará ao Greenpeace promover manifestações diante do governo, seja no Kremlin, do Presidente Medvedev, ou na Casa Branca, do Primeiro-Ministro Putin.