26/10/2011 - 11h07
A intensa urbanização, o pouco planejamento na organização das cidades e a
redução da vegetação põem em xeque os países do Sudeste Asiático e do Pacífico,
que sofrem com os efeitos da mudança climática, indica uma análise divulgada
nesta quarta-feira pela imprensa.
Inundações como as da Tailândia, o paulatino afundamento da capital das
Filipinas e o desaparecimento de inúmeras ilhas do Pacífico pelo aumento do
nível do mar são algumas consequências da mudança climática, aponta o estudo da
empresa de consultoria Maplecroft.
Sakchai Lalit/Associated Press |
Garoto brinca em área inundada em Bangcoc, na Tailândia; país está em 37º lugar na lista dos países com maior risco |
"O crescimento da população combinado com governos pouco eficientes,
corrupção, pobreza e outros fatores socioeconômicos aumentam o risco para a
população e os negócios", afirma o comunicado.
O estudo analisa e mostra em um mapa os países mais vulneráveis às mudanças
climáticas, as cidades mais ameaçadas, as zonas econômicas e os perigos para a
população mundial.
"O impacto e as consequências de um desastre ambiental grave não só afetam a
população e economia locais, mas podem ser de importância mundial, especialmente
porque o peso destas economias está aumentando", explica o analista ambiental da
empresa, Charlie Beldon.
PROBLEMA MUNDIAL
A Tailândia, que ocupa o 37º lugar da lista entre os países com maior risco,
sofre atualmente as piores inundações dos últimos 50 anos que ameaçam inundar
Bangcoc, já causaram 366 mortes e afetam 9 milhões de pessoas.
Um vídeo da ONG tailandesa Roosuflood culpa a destruição do ambiente para a
construção de parques industriais e áreas residenciais como a causa das
inundações, e aponta que o volume das precipitações neste ano não foi muito
maior do que nos anos anteriores.
O relatório da Maplecroft afirma que a construção de infraestruturas para
expandir as cidades pode dificultar a resposta aos desastres, cada vez mais
frequentes.
Conforme o relatório, a capital Manila é "extremamente vulnerável" às
mudanças pelo rápido crescimento da população, que deve ganhar mais 2,2 milhões
de habitantes entre 2010 e 2020, e por seu elevado risco de sofrer inundações e
tempestades.
Pelas estimativas do Instituto de Vulcanologia e Sismologia filipino, algumas
áreas de Manila afundaram nos últimos três anos pela exploração exagerada dos
aquíferos, o que piora as enchentes que se repetem ao longo da estação das
monções.
No início de setembro, o Fórum das Ilhas do Pacífico realizado na Nova
Zelândia alertou sobre a situação de vários estados insulares, como Tuvalu,
Kiribati e as Ilhas Marshall, que submergem lentamente por causa do aumento do
nível do mar.
Os efeitos também podem aparecer em países desenvolvidos, como ocorreu este
ano na Austrália com as graves inundações em Brisbane, e na Nova Zelândia, com o
terremoto que devastou a cidade de Christchurch.
Outras áreas do planeta, como a África e América do Sul, também são
vulneráveis aos efeitos da mudança climática.
O relatório da Maplecroft aponta que os riscos também podem oferecer
oportunidades de investimento pela "mudança na demanda de bens e serviços" e
"modificar" os existentes diante das novas necessidades.